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Sobre a verdadeira alegria do espírito

Texto Original

De vera laetitia spiritus

Caput LXXXVIII - De spirituali laetitia et laus eius, et de malo acediae.

 

125 
1 Tutissimum remedium contra mille inimici insidias vel astutias (cfr. Eph 6,11; 2Cor 11,3) laetitiam spiritualem sanctus iste firmabat. 
2 Dicebat enim: “Tunc potissimum exsultat diabolus, cum gaudium spiritus (cfr. Gal 5,22) servo Dei potest subripere. 
3 Pulverem portat, quem quantumlibet parvis aditibus conscientiae possit inicere, mentisque candorem et vitae munditiam sordidare. 
4 Sed laetitia”, inquit, “spirituali corda replente, in vanum effundit serpens letale venenum (cfr. Prov 23,32). 
5 Non possunt daemones offendere Christi famulum, ubi eum viderint sancta iucunditate repletum (cfr. Act 2,28). 
6 Quando vero flebilis est animus, desolatus et moerens, facile vel absorbetur tristitia (cfr. 2Cor 2,7), vel ad gaudia vana transmittitur”. 
7 Studebat proinde sanctus in iubilo cordis semper exsistere, servare unctionem spiritus oleumque laetitiae (cfr. Ps 44,8). 
8 Morbum acediae pessimum summa cura vitabat, ita ut cum vel parum menti illapsum sentiret, ad orationem citissime curreret. 
9 Dicebat autem: “Servus Dei (cfr. Dan 6,20) pro aliquo, ut assolet, conturbatus, illico surgere ad orationem debet, et tamdiu coram summo Patre persistere, donec reddat ei sui salutaris laetitiam (cfr. Ps 50,14). 
10 Si enim in moestitia fecerit moram (cfr. Hab 2,3), adolescet babylonicum illud, quod tandem, nisi per lacrimas expergetur, mansuram generabit in corde rubiginem”.

Texto Traduzido

De vera laetitia spiritus

Capítulo 88 - Sobre a alegria do espírito e seu louvor, e sobre o mal da acédia.

 

125 
1 O santo garantia que o remédio mais seguro contra as mil armadilhas ou astúcias do inimigo era a alegria espiritual. 
2 Costumava dizer: “A maior alegria do diabo é quando pode roubar ao servo de Deus o gozo do espírito. 
3 Carrega um pó para jogar nos menores meandros da consciência, para emporcalhar a candura da mente e a pureza de vida. 
4 Mas quando os corações estão cheios de alegria espiritual, a serpente derrama à toa o seu veneno mortal. 
5 Os demônios não conseguem fazer mal ao servidor de Cristo quando o vêem transbordante de santa alegria. 
6 Mas quando o ânimo está abatido, desolado e melancólico é facilmente absorvido pela tristeza ou então é dominado pelos falsos prazeres”. 
7 Por isso o santo se esforçava por viver sempre no júbilo do coração, conservando a unção do espírito e o óleo da alegria. 
8 Evitava com muito cuidado a horrível doença da acédia, a tal ponto que, era só sentir fraquejar um pouco, ele já corria a rezar. 
9 Dizia: “O servo de Deus perturbado por alguma coisa, como acontece, deve levantar-se quanto antes para rezar, e ficar firme diante do Pai supremo até que lhe devolva sua alegria salutar. 
10 Porque, se demorar na tristeza, fará desenvolver-se esse mal babilônico que, no fim, se não for lavado pelas lágrimas, acabará deixando no coração uma ferrugem permanente”.