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Capítulo 56

Texto Original

Caput LVI

Quomodo cuidam dedit mantellum, ne dominum suum odiret.

 

89 
1 Quodam tempore apud Collem comitatus Perusii reperit sanctus Franciscus pauperculum quemdam, quem prius in saeculo noverat. 
2 Dixitque ad eum: “Frater, qualiter te habes?”. 
3 At ille malo animo coepit in dominum suum maledicta congerere (cfr. Num 5,19.23), qui abstulerat sibi omnia sua: 
4 “Gratia domini mei”, inquit, “cui omnipotens Dominus maledicat (cfr. Apoc 1,8; Gen 5,29), nonnisi male me habeo (cfr. Mat 4,24)”. 
5 Miseratus animam illius magis quam corpus, cum in odio mortali persisteret, dixit ei beatus Franciscus: “Frater, indulgeas domino tuo amore Dei, ut liberes animam tuam (cfr. Est 4,13), et esse poterit quod ipse ablata tibi restituet (cfr. Ex 22,12). 
6 Sin autem res tuas perdidisti et animam perdes (cfr. Luc 9,24)”. 
7 Et ille: “Non possum”, ait, “penitus indulgere, nisi prius reddat ille quod abstulit”. 
8 Beatus Franciscus cum haberet quemdam mantellum ad dorsum, dixit ei: “Ecce, do tibi mantellum istum precorque, ut indulgeas domino tuo amore Domini Dei (cfr. Is 42,5)”. 
9 Dulcoratus ille ac beneficio provocatus, munere sumpto, remisit iniurias.

Texto Traduzido

Caput LVI

Como deu a alguém uma capa para que não odiasse a seu senhor.

 

89 
1 Certa vez, em Colle, no condado de Perusa, São Francisco encontrou um pobrezinho que já conhecera quando estava no século. 
2 Perguntou-lhe: “Como vais, irmão?” 
3 E ele, mal humorado, começou a amontoar maldições contra seu patrão, que lhe tinha tirado tudo que era seu: 
4 “Por causa de meu patrão - que Deus todo-poderoso o amaldiçoe! - só estou passando mal”. 
5 O bem-aventurado Francisco, com mais pena de sua alma que de seu corpo, por causa desse ódio mortal, disse-lhe: “Irmão, perdoa o teu patrão por amor de Deus, para libertares tua alma, e para haver possibilidade de ele devolver o que tirou. 
6 Senão, além de perderes tuas coisas, perderás tua alma f também”. 
7 Ele respondeu: “Não posso perdoar de maneira alguma se ele não devolver primeiro o que me pertence”. 
8 Como estava com uma pequena capa nas costas, São Francisco disse: “Eu te dou esta capa e te peço que perdoes teu patrão em nome do Senhor Deus”. 
9 Acalmado, e comovido com o presente, o homem recebeu a capa e perdoou as injúrias.