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Capítulo 31

Texto Original

Caput XXXI

Exemplum de mensa in die Paschae apud Graecium praeparata, et quomodo se Christi exemplo sicut peregrinum exhibuit.

 

61 
1 Factum est quodam die Paschae (cfr. Luc 2,41), ut fratres in eremo Graecii mensam accuratius solito albis et vitreis praepararent. 
2 Descendens autem pater de cella, venit ad mensam, conspicit alto sitam, vaneque ornatam; sed ridenti mensae nequaquam arridet. 
3 Furtim et pedetentim retrahit gressum, capellum cuiusdam pauperis, qui tunc aderat, capiti suo imponit, et baculum manu gestans egreditur foras (cfr. Ps 40,7).
4 Exspectat foris ad ostium (cfr. Ioa 18,16), donec incipiant fratres comedere; siquidem soliti erant non exspectare ipsum, quando non veniret ad signum. 
5 Illis incipientibus manducare, clamat verus pauper (cfr. Ps 33,7) ad ostium: “Amore Domini Dei, facite”, inquit, “eleemosynam (cfr. Mat 6,2) isti peregrino pauperi et infirmo”. 
6 Respondent fratres: “Intra huc, homo, illius amore quem invocasti”. 
7 Repente igitur ingreditur, et sese comedentibus offert. 
8 Sed quantum stuporem credis peregrinum civibus intulisse? 
9 Datur petenti scutella, et solo solus recumbens, discum ponit in cinere. 
10 “Modo sedeo”, ait, “ut frater Minor”; et ad fratres: “Magis nos exempla paupertatis Filii Dei (cfr. Ioa 5,25) quam caeteros religiosos cogere debent. 
11 Mensam vidi paratam et ornatam, et pauperum ostiatim euntium non esse cognovi”. 
12 Similem hunc fuisse peregrino illi, qui solus erat in Ierusalem (cfr. Luc 24,18) eodem die, facti series probat. 
13 Cor nihilominus ardens in discipulis, dum loqueretur (cfr. Luc 24,32), effecit.

Texto Traduzido

Caput XXXI

Exemplo da mesa que foi preparada em Grécio no dia da Páscoa e como a exemplo de Cristo se apresentou como um peregrino.

 

61 
1 Aconteceu que num dia de Páscoa, os frades prepararam no eremitério de Grécio uma mesa mais bonita, com objetos brancos e de vidro. 
2 Quando o santo pai desceu de sua cela e foi para a mesa, viu-a arrumada em lugar elevado e ostentosamente enfeitada: toda ela ria, mas ele não sorriu. 
3 Voltou às escondidas e devagarinho, pôs na cabeça o chapéu de um pobre que lá estava, tomou um bordão e foi para fora. 
4 Esperou lá fora à porta até que os frades começaram a comer, porque estavam acostumados a não esperá-lo quando não vinha ao sinal. 
5 Quando iniciaram o almoço, clamou à porta como um pobre d de verdade: “Dai uma esmola, por amor de Deus, para um peregrino pobre e doente”. 
6 Os frades responderam: “Entra, homem, pelo amor daquele que invocaste”. 
7 Entrou logo e se apresentou aos comensais. 
8 Que espanto provocou esse peregrino! 
9 Deram-lhe uma escudela, e ele se sentou à parte, pondo o prato na cinza. E disse: 
10 “Agora estou sentado como um frade menor”. Dirigindo-se aos irmãos, disse: “Mais do que os outros religiosos, devemos deixar-nos levar pela pobreza do Filho de Deus. 
11 Vi a mesa preparada e enfeitada, e vi que não era de pobres que pedem esmola de porta em porta”. 
12 O fato demonstra que ele era semelhante àquele outro peregrino que ficou sozinho em Jerusalém nesse mesmo dia de Páscoa. 
13 Mas, quando falou, deixou abrasado o coração de seus discípulos.