Selecione

Conversação III

Texto Original

Collatio III

De receptione Novitiorum.

 

14. Igitur cum se divisissent fratres qui primo venerant in Angliam, et ad diversa loca profecti fuissent, venerunt quidam, quos Spiritus Iesu in hoc ipsum adduxit, petentes Ordinem.

Quorum primus, qui reciperetur, fuit bonae indolis adolescens et elegantia corporis admodum clarus frater Salomon; qui mihi referre solitus erat, quod cum adhuc novitius esset, factus est procurator venitque ad domum sororis suae, ut eleemosynam peteret. Ipsa vero portans ei panem avertit vultum dicens: “Maledicta sit hora qua te unquam vidi”; et ipse quidem cum gaudio recepit panem et recessit. Tam stricte vero tenuit praefixam sibi formam purissimae paupertatis, ut nonnunquam in caparone suo portaret farinam et sal seu ficus pauculas propter fratrem quendam infirmum et ligna ad ignem sub axilla sua; diligentissime cavit, ne extra metas exquisitissimae necessitatis aliquid reciperet vel retineret.

Unde contigit aliquando, ut tantum frigus pateretur, quod illico moriturum se crederet. Non habentibus autem fratribus unde ipsum calefacere possent, pium sibi suffragium sancta caritas mostravit. Convenerunt siquidem omnes fratres circa eum et suis sinibus, sicut porcis mos est, eum comprimendo foverunt.

Cum autem ad ordinem acolitatus promoveri deberet, missus est ad venerabilem patrem sanctae memoriae archiepiscopum Stephanum et sibi a quodam fratre seniore praesentatus: qui gratissime suscepit eum et sub hoc titulo promovit ad ordinem optatum, dicens: “accedat frater Salomon de ordine apostolorum”.

Texto Traduzido

Collatio III

A recepção de noviços

 

14. Quando os irmãos que vieram no início para a Inglaterra e se dividiram indo para os diversos lugares, houve alguns que, trazidos pelo espírito de Jesus, pediram para entrar na Ordem.

O primeiro a ser recebido foi Frei Salomão, um adolescente de boa índole e bem conhecido por sua beleza corporal. Ele costumava contar-me que, quando era noviço, foi feito procurador e foi à casa de sua irmã para pedir esmola. Ela, porém, trazendo-lhe um pão, virou o rosto, dizendo: “Maldita a hora em que te vi”. Mas ele recebeu o pão com alegria e se retirou. Pois  manteve tão estritamente a forma da puríssima pobreza que adotara que de vez em quando carregava em seu caparão farinha e sal ou uns poucos figos para algum irmão doente e, embaixo dos braços levava lenha para o fogo. Tomava muito cuidado para não receber ou reter nada além dos limites da mais extrema necessidade.

Por isso aconteceu uma vez que passou tanto frio que pensou que logo ia morrer. E como os frades não tinham nada para aquecê-lo, a santa caridade deu-lhes uma piedosa sugestão. Reuniram-se todos os frades ao redor dele e, apertando-o com seus corpos, aqueceram-no como fazem os porcos.

Quando devia ser promovido à ordem do acolitato, foi mandado ao venerável pai, o Arcebispo Estêvão, de santa memória, e a ele apresentado por um irmão mais velho. Ele o recebeu com muita cordialidade e o promoveu à ordem desejada sob este título, dizendo: “Aproxime-se Frei Salomão da ordem dos apóstolos 10”.