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29). A tentativa extrema para evitar a deposição.

A oitava culpa de Frei Elias foi que quis ter a Ordem nas mãos com violência, e para poder conseguir isso, recorreu a muitas astúcias: a primeira era mudar freqüentemente os ministros, para não acontecer que enraizando-se demais eles pudessem insurgir-se com mais força contra eles; a segunda era eleger ministros os frades que ele achava que eram seus amigos; a terceira foi não celebrar capítulos gerais, a não ser em forma parcial, isto é, só dos frades desta ou da outra parte dos Alpes; não convocava os ultramontanos por medo de que o depusessem. 
Quando aprouve a Deus, de que, provêem todas as coisas boas, reuniram-se juntos estes e aqueles e fizeram que fosse deposto, tanto que se podia aplicar a ele o versículo de Jeremias (Lm 1,19): Chamei meus aliados, mas eles me atraiçoaram. Para que fosse possível essa reunião de todos os ministros em Capítulo Geral para depor Frei Elias, quem trabalhou muito foi Frei Arnolfo, inglês, da Ordem dos menores, homem santo e letrado, zelador e promotor da Ordem, que naquele tempo era penitenciário na cúria do papa Gregório IX. 
A nona culpa foi que, tendo sabido que estava em projeto essa reunião dos ministros para depô-lo, expediu “obediências” a todos os irmãos leigos mais robustos que achava que eram seus amigos, para que fizessem de tudo para não faltar ao capítulo. De fato, esperava ter em seus bastões uma boa defesa. Mas Frei Arnolfo soube disso e mandou, com a autoridade do papa Gregório, que só viessem ao Capítulo geral os frades que tinham o direito e o dever, de acordo com a Regra, com companheiros idôneos e prudentes, e mandou anular todas as outras obediências mandadas por Frei Elias para os leigos. 
O próprio Papa interveio no Capítulo e escutou os pareceres dos frades a respeito da deposição de Frei Elias e da eleição de Frei Alberto de Pisa como seu sucessor no generalato. 
Naquele capítulo fez-se também uma grande quantidade de constituições, mas um pouco desordenadamente. Mais tarde foram postas em ordem por Frei Boaventura, ministro geral, que acrescentou um pouco de seu mas determinou em alguns pontos as penitências. Nesse mesmo ano houve um grande eclipse do sol, como observei com os meus olhos (pp. 232-233).