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Sobre a compreensão que teve das Sagradas Escrituras e do valor de suas palavras

Texto Original

De intellectu sancti in sacris litteris et virtute verborum eius

Caput LXVIII - Qualis scientiae et qualis memoriae fuerit.

 

102 
1 Quamvis homo iste beatus nullis fuerit scientiae studiis innutritus, tamen quae de sursum est a Deo sapientiam (cfr. Col 3,2; Iac 1,17) discens, et aeternae lucis irradiatus fulgoribus de Scripturis non infime sentiebat. 
2 Penetrabat enim ab omni labe purum ingenium mysteriorum abscondita (cfr. Col 1,26), et ubi magistralis scientia foris est, affectus introibat amantis.
3 Legebat quandoque in sacris libris, et quod animo semel iniecerat, indelebiliter scribebat in corde (cfr. Rom 2,15). 
4 ’Memoriam pro libris habebat’, quia non frustra semel capiebat auditus quod continua devotione ruminabat affectus. 
5 Hunc discendi legendique modum fructuosum dicebat, non per millenos evagari tractatus. 
6 Verum habebat philosophum, qui desiderio vitae aeternae nihil praeponeret. 
7 Asserebat autem a scientia sui ad scientiam Dei (cfr. Prov 2,5) facile perventurum eum, qui Scripturae intendens, humilis non praesumptuosus inquireret. 
8 Enodabat frequenter verbotenus dubia quaestionum, et imperitus verbis (cfr. 2Cor 11,6) intellectum et virtutem luculenter promebat.

Texto Traduzido

De intellectu sancti in sacris litteris et virtute verborum eius

Capítulo 68 - Como foi de conhecimento e de memória.

 

102 
1 Embora este homem bem-aventurado não tenha tido nenhum estudo, aprendeu as coisas que são do alto, da sabedoria que vem de Deus e, iluminado pelos fulgores da luz eterna, não era pouco o que entendia das Sagradas Escrituras. 
2 Sua inteligência purificada penetrava os segredos dos mistérios, e, onde ficava fora a ciência dos mestres, entrava seu afeto cheio de amor. 
3 Lia os livros sagrados de quando em quando mas, o que punha uma vez na cabeça ficava indelevelmente escrito em seu coração. 
4 “Tinha memória no lugar dos livros”, porque não perdia o que tivesse ouvido uma única vez, pois ficava refletindo com amor em contínua devoção. 
5 Dizia que esse modo de aprender e de ler era muito vantajoso, e não o de ficar folheando milhares de tratados. 
6 Achava que filósofo verdadeiro era o que preferia mais a vida eterna do que todas as outras coisas. 
7 Afirmava que passaria facilmente do conhecimento de si mesmo para o conhecimento de Deus aquele que estudasse as Escrituras com humildade e sem presunção. 
8 Era frequente resolver oralmente as dúvidas de algumas questões, porque, embora não perito nas palavras, destacava-se vantajosamente na inteligência e na virtude.