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Capítulo 33

Texto Original

Caput 33

Qualiter misit mantellum mulieri pauperculae quae patiebatur in oculis sicut ipse.

 

1 Quaedam mulier paupercula de Machilone venit Reate, propter infirmitatem oculorum; cum autem venisset medicus ad beatum Franciscum, dixit ei: “Frater, quaedam mulier, infirma oculis, venit ad me; quae tantum est pauper quod oportet me dare sibi expensas”.
2 Quo audito, statim pietate motus est super eam (cfr. Luc 7,13)et advocans unum de fratribus qui erat ejus guardianus, dixit ei: “Frater guardiane, oportet nos reddere alienum”. 3 Qui ait: “Quid est istud alienum, frater?”. — At ille dixit: “Istum mantellum, quemaccepimus mutuo (cfr. Luc 6,34) ab illa muliere paupercula et infirma, oportet nos reddere sibi”. — Et ait illi guardianus ejus: “Frater, quod tibi melius videtur hoc facias”.
4 Tunc beatus Franciscus cum hilaritate vocavit quemdam spiritualem hominem familiarem sibi, et dixit ei: “Tolle hunc mantellum et XII panes cum eo, et vade ad illam mulierem pauperculam infirmam oculis quam tibi ostendet medicus, 5 et dic ei: “Pauper homo cui accommodasti hunc mantellum gratias tibi refert de mutuatione mantelli; tolle quod tuum est (cfr. Mat 20,14)”.
6 Ivit ergo ille et dixit mulieri omnia quae dixerat ei beatus Franciscus. Illa vero putans sibi illudi, cum timore et verecundia dixit ei: “Dimitte me in pace (cfr. 1Re 20,13); nescio enim quid dicis (cfr. Mat 26,70)”. 7 Ille autem posuit mantellum et XII panes in manibus ejus. Ipsa vero considerans quod in veritate hoc diceret, cum timore et reverentia accepit ea, gaudens et laudans Dominum. Et timens ne sibi auferretur, surrexit nocte occulte, et ad domum suam cum laetitia est reversa. Beatus autem Franciscus jam ordinaverat cum guardiano ut quotidie, dum ibi maneret, daret illi expensas.
Unde nos qui fuimus cum (cfr. 2Pet 1,18) eotestimonium perhibemus de (cfr. Ioa 21,24) ipso quod tantae caritatis erat et pietatis infirmis et senis, non solum erga fratres suos sed etiam erga alios pauperes sanos et infirmos, 10 quod necessaria sui corporis quae fratres aliquando cum magna sollicitudine et labore acquirebant, prius nobis blandiens, ne inde turbaremur, cum multa laetitia interiori et exteriori dabat ipsis pauperibus, subtrahendo ea sibi, etiam si ei valde necessaria erant.
11 Et propter hoc generalis minister et guardianus ejus praeceperant ei ut nulli fratri tunicam suam daret sine eorum licentia. 12 Nam fratres propter devotionem aliquando petebant sibi tunicam, et ipse statim dabat eis; aliquando autem dividebat eam, et partem dabat et partem sibi retinebat, quia non portabat nisi unam tunicam.

Texto Traduzido

Caput 33

Como mandou o manto a uma mulher pobrezinha, que sofria dos olhos, como ele.

 

1 Uma mulher pobrezinha de Maquilone veio a Rieti por cau­sa da doença dos olhos. Quando o médico chegou a bem-aventurado Francis­co, disse-lhe: “Irmão, uma mulher, que sofre dos olhos, veio a mim; mas é tão pobre que devo pagar-lhe as despesas”.
2 Ouvindo isso, logo foi tomado de compaixão por ela (cf. Lc 7,13) e, chamando um dos frades, que era seu guardião, dis­se-lhe: “Irmão guardião, é preciso que restituamos o alheio”. Este disse: “Que alheio é esse, irmão, irmão?” E ele respondeu: “Este manto, que tomamos emprestado (cf. Lc 6,34) desta mu­lher pobrezinha e doente. E preciso que o restituamos a ela”. E o guardião disse-lhe: “Irmão, faze como melhor te parecer”.
4 Então, com alegria, o bem-aventurado Francisco chamou um amigo seu, homem espiritual, e lhe disse: “Toma este man­to e doze pães e vai àquela mulher pobrezinha, doente dos olhos, que o médico vai te indicar, e dize a ela: “O pobre a quem emprestaste este manto te agradece pelo empréstimo; toma o que é teu” (cf. Mt 20,14).
6 Ele foi e disse à mulher tudo o que o bem-aventurado Francisco lhe disse­ra. Mas ela, pensando que estava sendo enganada, com temor e vergonha, disse-lhe: “Deixa-me em paz (cf. 1 Sm 20,13); pois não sei o que dizes” (cf. Mt 26,70). 7 Mas ele pôs o manto e os dozes pães nas mãos dela. E ela, vendo que ele dizia a verdade, acei­tou-os com temor e respeito, alegrando-se e louvando o Senhor. 8 E, temendo que o tomassem dela, levantou-se de noite às escon­didas e voltou com alegria para sua casa. São Francisco, porém, já combinara com o guardião que, todos os dias, enquanto per­manecesse ali, pagasse as despesas dela.
9 E nós que vivemos com ele (cf. 2Pd 1,18) damos testemunho (cf. Jo 21,24) que demonstrou muita caridade e compaixão com doentes e sãos, não só em relação a seus frades, mas também em relação a outros pobres sãos e enfermos. 10 E, quanto às coisas que eram necessárias a seu corpo, que às vezes os frades conse­guiam com grande solicitude e esforço, ele primeiro nos confor­tava para que não nos afligíssemos e, depois, com muita alegria interior e exterior, dava-as aos pobres, privando-se delas, mesmo que lhe fossem muito necessárias.
11 Por causa disso, o ministro geral e seu guardião ordenaram-lhe que a nenhum irmão desse sua túnica sem a licença deles. 12 Pois os frades, levados pela de­voção, às vezes, lhe pediam a túnica, e ele imediatamente lha dava; mas às vezes a dividia e dava uma parte e guar­dava a outra para si, porque tinha apenas uma túnica.