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Capítulo 122

Texto Original

Caput 122

Qualiter induxit medicum ad dicendum sibi quantum poterat vivere.

 

1 In diebus illis visitavit eum in eodem palatio quidam medicus de Aretio, nomine Bonus Johannes, qui erat valde familiaris beato Francisco; et interrogavit eum beatus Franciscus, dicens: “Quid tibi videtur, Finiate, de hac mea infirmitate hydropisis?”. 2 Non enim voluit eum vocare proprio nomine, quia nunquam volebat aliquem nominare qui vocaretur bonus propter reverentiam Domini qui dixit: Nemo bonus nisi solus Deus (Luc 18,19). 3 Similiter nec patrem, nec magistrum volebat, aliquem vocare vel in litteris suis scribere, propter reverentiam Domini qui dixit: Et patrem nolite vocare vobis super terram, nec vocemini magistri (Mat 23,9.10), etc.
4 Et ait illi medicus: “Frater, bene tibi erit per gratiam Dei”. — Iterum dixit ei beatus Franciscus: “Dic mihi veritatem. Quid tibi videtur? 5 Noli timere, quoniam per gratiam Dei non sum corculus ut mortem timeam; nam, cooperante gratia Spiritus sancti, ita sum unitus cum Domino meo quod de morte et vita (cfr. Phip 1,20) aequaliter sum contentus”.
6 Dixit ergo ei medicus manifeste: “Pater, secundum physicam nostram infirmitas tua est incurabilis, et credo quod aut in fine mensis septembris aut quarto nonas octobris morieris”.
7 Tunc beatus Franciscus jacens in lecto cum maxima devotione et reverentia expandit manus ad Dominum, et cum magna laetitia mentis et corporis dixit: “Bene veniat soror mea mors!”.

Texto Traduzido

Caput 122

Como induziu o médico a dizer-lhe quanto poderia viver.

 

1 Naqueles dias, visitou-o, no mesmo palácio, um médico de Arezzo, de nome Bom João, que era muito amigo do bem-aventurado Francis­co. Este o interrogou, dizendo: “Finiato, o que pensas desta mi­nha doença de hidropisia?” 2 Não quis chamá-lo com o próprio nome, porque nunca queria chamar alguém de bom, por respeito ao Senhor que disse: Ninguém é bom, senão Deus somente (Lc 18,19). 3 Da mesma forma, a ninguém queria chamar de pai ou mestre, nem escrever em suas cartas, por respeito ao Senhor, que disse: A ninguém chameis de pai sobre a terra, nem vos chameis de mestre (Mt 23,9.10), etc.
O médico respondeu-lhe: “Irmão, por graça de Deus, tudo te correrá bem”. O bem-aventurado Francisco perguntou-lhe outra vez: “Dize-me a verdade. Que te parece? 5 Não tenhas medo, porque pela graça de Deus não sou um covarde para temer a morte. Pois, por graça do Espírito Santo, estou tão unido a meu Senhor que estou con­tente do mesmo jeito com a morte e com a vida” (cf. Fl 1,20).
6 O médico disse-lhe claramente: “Pai, segundo a nossa me­dicina, tua doença é incurável, e creio que morrerás no fim do mês de setembro ou nos primeiros dias de .outubro”.
7 Então, deitado no leito, o bem-aventurado Francisco ergueu as mãos ao Senhor com a maior devoção e respeito e, com grande alegria da mente e do corpo, disse: “Bem-vinda seja a minha irmã morte!”