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Capítulo VI (VII) - O constante fervor de amor e compaixão pela paixão de Cristo.

Texto Original

Capitulum VI (VII) ‑ De continuo fervore amoris et compassionis ad passionem Christi.

Caput 91. Et primo quod non curabat de suis infirmitatibus propter amorem passionis Christi.

 

1 Tantus erat fervor amoris et compassionis beati Francisci ad dolores et passionem Christi, et in tantum se quotidie pro ipsa passione interius et exterius affligebat quod de propriis infirmitatibus non curabat. Unde cum per longum tempus usque ad diem mortis suae fuisset passus infirmitates stomachi et hepatis et splenis, 3 atque a tempore quo rediit de ultra mare habuisset continue dolores maximos oculorum, noluit tamen inde habere unquam sollicitudinem ut faceret se curari.
4 Unde videns dominus Ostiensis quod ita esset et fuisset semper corpori suo austerus, et maxime quia lumen oculorum jam coeperat perdere, quia nolebat se facere curari, 5 admonuit eum cum magna pietate et compassione, dicens: “Frater, non bene facis quia non facis te curari, cum vita et sanitas tua sit utilis valde fratribus et saecularibus et toti Ecclesiae. 6 Nam si fratribus tuis infirmis compateris et semper fuisti illis pius et misericors, in tanta necessitate tua non debes tibi esse crudelis: unde praecipio tibi ut te curari facias et juvari”.
7 Ipse namque pater sanctissimus quod erat carni amarum semper pro dulci sumebat, quia de humilitate et vestigiis Filii Dei continue immensam dulcedinem attrahebat.

Texto Traduzido

Capitulum VI (VII) ‑ De continuo fervore amoris et compassionis ad passionem Christi.

Capítulo 91. Primeiro, que não se importava com suas doenças por amor à paixão de Cristo.

 

1 Tanto era o fervor de amor e compaixão do bem-aventurado Francisco pelas dores e paixão de Cristo e diariamente tanto se afligia inte­rior e exteriormente por essa paixão que não cuidava das próprias enfermidades. 2 Por isso, embora por longos anos até o dia de sua morte, sofresse dores de estômago, de fígado e do baço 3 e, desde que regressou do além-mar, tivesse constantemen­te terríveis dores dos olhos, jamais quis ter a preocupação de se fazer curar.
4 Por isso, vendo que era e sempre fora tão duro com seu corpo e, sobretudo, porque já começava a perder a luz dos olhos por não querer se tratar, 5 o senhor de Óstia admoestou-o com grande pie­dade e compaixão, dizendo: “Irmão, não fazes bem ao não te tratares, já que tua vida e saúde são muito úteis aos frades, aos seculares e a toda a Igreja. 6 Pois, se te compadeces de teus irmãos doentes e sempre foste piedoso e misericordioso com eles, não de­ves ser cruel contigo nesta tua grande necessidade. Por isso, orde­no-te que te faças curar e ajudar”.
7 Com efeito, o santíssimo pai sempre considerava doce o que era amargo ao corpo, porque continuamente experimentava uma imensa doçura na humildade e nos passos do Filho de Deus.