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Capítulo 154

Texto Original

Caput CLIV

De devotione ad crucem et de quodam occulto sacramento.

 

203 
1 Denique quomodo sibi aberat nisi in cruce Domini gloriari (cfr. Gal 6,14), quis promere, quis capere posset? 
2 Soli datum est nosse, cui soli datum est experiri. 
3 Nimirum, etsi sensu quodam illa perciperemus in nobis, nequaquam tantis mirabilibus exprimendis verba suppeterent, rebus quotidianis et vilibus sordidata. 
4 Et fortassis ideo in carne debuit aperiri, quia non potuisset sermonibus explicari (cfr. Qo 1,8). 
5 Loquatur ergo silentium, ubi deficit verbum (cfr. Sir 43,29), quia et signatum clamat, ubi deficit signum. 
6 Hoc solum humanis auribus intimetur, quod nondum per omnia claruit, quare sacramentum illud in sancto apparuit (cfr. 1Tim 3,16); ubi enim ab eo revelatum est, de futuro trahit rationem et finem. 
7 Verus erit, dignusque fide, cui natura, lex et gratia (cfr Ioa 1,17) testes erunt.

Texto Traduzido

Caput CLIV

Sobre a devoção para com a cruz, e sobre um mistério oculto.

 

203 
1 Finalmente, quem pode contar, quem pode entender como ele “não queria gloriar-se a não ser na cruz do Senhor?” 
2 Só pode compreender quem pôde experimentar. 
3 De fato, ainda que pudéssemos experimentar de alguma forma em nós mesmos essas coisas, nossas palavras não seriam capazes de expressar tantas maravilhas, maculadas que estão pelo uso vil de todos os dias. 
4 Talvez seja por isso que o mistério teve que se manifestar em sua carne: com palavras não daria para explicar. 
5 Que o silêncio fale onde a palavra falta, porque até as coisas significadas clamam quando falta um sinal à altura. 
6 Anunciemos apenas aos ouvidos humanos esse mistério que até agora ainda não se sabe com clareza por que foi manifestado no santo. Pelo que ele revelou, só tem explicação e sentido no futuro. 
7 Será tido por veraz e digno de fé quem tiver por testemunhas a natureza, a lei e a graça.