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Capítulo 47

Texto Original

Caput XLVII

Qualiter milites saeculares induxit, ut eleemosynam peterent.

 

77 
1 Contigit beatum Franciscum infirmitatibus plenum et iam fere ad extrema vergentem, in loco Nuceriae requiri a populo Assisii, nuntiis suis solemnibus destinatis, ne gloriam suam alteri darent (cfr. Is 42,8) de corpore viri Dei (cfr. 3Re 13,29). 
2 Cumque milites reverenter in equis ipsum transveherent, devenerunt ad villam quamdam pauperrimam nomine Satrianum. 
3 Ubi cum fames et hora cibum expeterent, euntes et nihil venale invenientes (cfr. Mat 21,19), milites redierunt ad beatum Franciscum dicentes: “Oportet ut des nobis de eleemosynis tuis, quoniam hic nihil habere (cfr. 2Cor 6,10) possumus ad emendum”. 
4 Respondit sanctus et dixit (cfr. Ioa 4,13): “Ideo non invenitis, quia in vestris muscis plus quam in Deo confiditis (cfr. Mat 27, 43)”. Muscas nempe denarios vocavit. 
5 “Sed revertimini”, ait, “per domos quas circuistis, et amorem Dei pro denariis offerentes, humiliter eleemosynam petite! 
6 Nolite erubescere, quoniam universa in eleemosynam concessa sunt post peccatum, dignisque et indignis eleemosynarius ille magnus clementi pietate largitur”. 
7 Ponunt erubescentiam milites, et eleemosynas prompte petentes, plura Dei amore quam denariis emunt. 
8 Siquidem cum hilaritate certatim cuncti dedere, nec invaluit fames, ubi paupertas opulenta praevaluit (cfr. Gen 12,10).

Texto Traduzido

Caput XLVII

Como convenceu até alguns cavaleiros seculares a pedirem esmolas.

 

77 
1 Aconteceu que, quando o bem-aventurado Francisco estava muito doente e já quase próximo do fim, foi reclamado pelo povo de Assis, que mandou uma solene delegação a Nocera, para não dar a outros a glória de ficar com o corpo do homem de Deus. 
2 Os cavaleiros que o levavam a cavalo, com muita reverência, chegaram a uma vila paupérrima, chamada Satriano. 
3 Como estavam com fome e esperavam a hora de comer, foram comprar alguma coisa mas não encontraram nada à venda. Os cavaleiros voltaram e disseram a São Francisco: “Vais precisar dar-nos de tuas esmolas, porque aqui não podemos ter nada que se compre”. 
4 O santo respondeu e disse: “Não encontrais nada porque confiais mais em vossas moscas que em Deus” (chamava o dinheiro de “moscas”). 
5 “Voltai às casas por onde passastes, oferecei o amor de Deus em vez de dinheiro, e pedi esmola com humildade. 
6 Não fiquem com vergonha porque, depois do pecado, tudo que temos nos é dado como esmola, e o grande Esmoler dá com clemente piedade aos dignos e aos indignos”. 
7 Os soldados deixaram de lado o rubor, foram logo pedir esmolas e compraram mais com o amor de Deus que com o dinheiro. 
8 As pessoas, divertidas, até competiram em servi-los e não houve fome onde prevaleceu a opulenta pobreza.