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Capuchinhos realizam assembleia e encerram celebração dos 120 anos de presença no Estado

22/12/2016 - 15h25
Encontro será em Garibaldi e dá início à preparação do 24º Capítulo Provincial Eletivo e ao planejamento para 2017-2020

Nos dias 27 e 28 de dezembro, cerca de 180 freis capuchinhos da Província do Rio Grande do Sul, da Custódia do Brasil Oeste e da Delegação Provincial do Haiti estarão reunidos em Garibaldi (RS), local da chegada dos primeiros freis da Província da Savoia ao Rio Grande do Sul, há 120 anos.

O tradicional encontro visa dar início às atividades preparatórias do 24º Capítulo Provincial, que acontecerá de 4 a 8 de setembro de 2017, também em Garibaldi. Concretamente, a assembleia faz um diagnóstico da Província e definirá prioridades que vão orientar a elaboração do planejamento provincial para o triênio 2017-2020. Será feito um balanço das inúmeras atividades e homenagens que integraram as comemorações dos 120 anos no decorrer de 2016.

Além disso, o encontro terá um caráter festivo, fraterno, de relacionamento, convivência e confraternização, com a presença de quase todos os bispos do Rio Grande do Sul e de convidados especiais.

 

Programação:

Na terça-feira (27), às 8 horas, após celebração de abertura e acolhida a ser feita pelo provincial, frei Cleonir P. Dalbosco, frei Vanildo Zugno, que acaba de publicar o livro Capuchinhos Franceses no Rio Grande do Sul - Presença e missão na Região Colonial Italiana e dos Campos de Cima da Serra, fruto de sua tese de doutorado, fará uma apresentação dos “120 anos de presença - elementos históricos que nos provocam hoje”. A cargo do arcebispo emérito de Feira de Santana, BA, dom frei Itamar Vian, os participantes terão uma análise da conjuntura e situação atual da Igreja. O evento prossegue com os “Desafios da fraternidade capuchinha no mundo de hoje”, com apresentação do conselheiro geral, frei Sérgio Dal Moro. Depois haverá uma breve partilha dos Conselhos dos Setores (Serviço de Animação Vocacional – SAV, Formação Inicial, Pastoral, Obras Sociais, MCS, Administração e Econômica), da Custódia e da Delegação. A parte da manhã será encerrada com trabalho de grupos para fazer a “Avaliação do Momento Provincial”, onde serão apontados os sinais de gratidão, sinais de esperança e sugestões de prioridades para o triênio 2017-2020.

À tarde, a programação inicia com o show de Giovane Matiello, seguida por uma sessão plenária, onde haverá espaço para comentários, pontuações e explicações. O provincial frei Cleonir Dalbosco, apresenta uma proposta para a formação da Equipe Pré-capitular, que vai coordenar a elaboração do instrumento de trabalho – proposta de Plano Trienal – a ser encaminhado aos delegados do Capítulo Provincial de 2017. Após as devidas explicações será feita a eleição da Equipe Pré-Capitular. As atividades do dia serão encerradas com celebração da Eucaristia na igreja matriz São Pedro, durante a qual acontecerá a Profissão Perpétua de frei Vandrigo Zacchi.

No segundo dia (28), às 9h30min, na matriz São Pedro, haverá uma celebração eucarística presidida pelo arcebispo da Arquidiocese de Porto Alegre, dom Jaime Spengler e concelebrada por mais de 20 outros arcebispos, bispos e bispos eméritos e pelos sacerdotes capuchinhos presentes. Após a missa solene, já no salão da Comunidade São Francisco de Assis, artistas de Garibaldi farão a apresentação de uma peça teatral com o tema dos “120 anos de Presença dos Capuchinhos no RS”, seguido de almoço festivo. A previsão é que às 14h30min ocorra o encerramento das atividades.

A Província dos Capuchinhos do RS é considerada a primeira província do hemisfério Sul e da América Latina e, hoje, está entre as cinco maiores do mundo. Atualmente, com 246 membros, sendo 178 freis no Rio Grande do Sul e de Santa Catarina; 46 na Custódia Provincial Brasil Oeste - Mato Grosso e Rondônia e 22 na Delegação Provincial do Haiti. O entusiasmo missionário já levou os capuchinhos gaúchos a atuar em Portugal, em vários países da África, na Nicarágua, na República Dominicana, França, Haiti, Brasil Central (Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e Goiás), interior de São Paulo, Mato Grosso e Rondônia. A Ordem dos Frades Menores Capuchinhos iniciou na Itália em 1528 e, atualmente, está presente em 108 países. No Brasil, está organizada em 10 províncias e duas custódias, totalizando cerca de 1.100 frades. Na América Latina e Caribe conta com 30 províncias, cinco custódias e duas delegações.

 

 

Profissão Perpétua

 

Frei Vandrigo Zacchi escolheu o lema “Louvai  e bendizei ao meu Senhor, e dai-lhe graças, e servi-o com grande humildade” (Cant 14)

 

É com o lema “Louvai e bendizei ao meu Senhor, e dai-lhe graças, e servi-o com grande humildade” (Cant 14), que frei Vandrigo Zacchi vem construindo um modelo de vida, baseado na oração de exaltação de Deus, reconhecendo que Ele é o “Altíssimo”, e assim sendo, servirá a ele com humildade. Portanto estas três palavras sintetizam este lema: Oração, Serviço, Humildade e estão intrinsecamente conectadas, pois a oração direciona ao serviço, e um servir humilde, seguindo a inspiração francisclariana “não perca de vista, seu ponto de partida”. A Profissão Perpétua será realizada no dia 27 de dezembro, às 18 horas, na Igreja Matriz São Pedro, em Garibaldi, sob os olhares de um expressivo número de freis da Província dos Capuchinhos do RS, da Custódia Provincial Brasil Oeste - Mato Grosso e Rondônia e da Delegação Provincial do Haiti, presentes na Assembleia de Abertura do Ano Capitular, além dos familiares e amigos de frei Vandrigo Zacchi.

Tendo presente os 120 anos de presença dos frades em terras gaúchas, com o lema: Gratidão, Paixão e Esperança, Zacchi pretende expressar as motivações a partir deste lema. “Tenho profunda Gratidão, pois neste período de formação que iniciei em 2008, foi me dada a oportunidade de construir uma identidade Capuchinha; Tenho a Esperança de que Deus está me pedindo isto. Dar este passo vocacional, que são os votos perpétuos, ou seja, confirmar aquilo que vivo, sempre na busca de melhorar; Paixão, este ficou por último, pois acredito que esta seja a força motivadora, apaixonar-se por Deus Trino e Uno. Como sabemos, todo relacionamento requer cultivo. Cultivarei através da Oração, da Missão, da Fraternidade, e, da Minoridade, sendo estes os valores estimados por São Francisco”.

 

Histórico

Nasceu em 1990 na cidade de Clevelândia, no Paraná, porém, a família passou a residir em Vacaria em 1993/94. Em 1999 ocorreu as missões populares na Paróquia de Nossa Senhora de Fatima, em Vacaria, e foi nesta semana, que Zacchi conta ter tido o despertar para a Vida Religiosa Consagrada. Foi acompanhado pelo Serviço de Animação Vocacional (SAV), ingressando na Fraternidade Nossa Senhora de Fatima, em Ipê, em 2008. No ano seguinte prosseguindo com a caminhada formativa residiu em Flores da Cunha,

Em 2010, passou a residir em Caxias do Sul, na Fraternidade Santa Fé, para o postulado e trabalhando na ACPMen. Em outubro do mesmo ano, no dia 04, ingressou no noviciado. Nesta etapa, com o mestre Frei Sérgio Dal Moro, “aprendi um valor imprescindível para qualquer religioso, valor que estimo muito até hoje, o da oração”. Professou os votos simples acreditando que “o dia da profissão só teria sentido se os outros 364 dias anteriores tivessem sido construídos nos valores franciscanos, sendo estes a minoridade, fraternidade, oração e missão”.

Passou a residir em Caxias do Sul, novamente na Fraternidade Santa Fé, mas agora na etapa formativa do pós-noviciado, estudando Filosofia na Universidade de Caxias do Sul (UCS), e atuando na pastoral e atuando na Legião Franciscana de Assistência aos Necessitados (LEFAN), experiência que permitiu mudar o seu modo de ser frade, de ser pessoa, “vi e vivi com os leprosos da sociedade caxiense, claro que não todos, mas alguns menores abandonados, catadores de material reciclado, idosos, adolescentes, muita gente em busca de emprego nos cursos. Esta etapa em Caxias foi uma graça muito grande, pois senti que ser frade é realmente despojar-se para doar-se por inteiro ao mais necessitado”.

Iniciou em 2014 os estudos de Teologia na Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana (ESTEF), residindo na Fraternidade Santo Operário, na casa São José, Mathias Velho. “Desde o início foi um tempo de aprofundamento e solidificação dos valores franciscanos e das dimensões formativas. Com uma atuação pastoral mais intensa, está sendo um tempo especial, pois o povo de Canoas é fantástico, acolhedor, entusiasmado, simples, e com uma formação eclesial de destaque”, conclui.

 

Livro

 

Capuchinhos Franceses no Rio Grande do Sul

Presença e missão na Região Colonial Italiana e dos Campos de Cima da Serra

A tese de doutorado do frei Vanildo Zugno intitulada Capuchinhos Franceses no Rio Grande do Sul - Presença e missão na Região Colonial Italiana e dos Campos de Cima da Serra, foi publicada como livro em 536 páginas. O estudo foi apresentado em agosto de 2016, na Escola Superior de Teologia – EST, de São Leopoldo, tendo sido atribuída pelos avaliadores a mais alta distinção conferida por aquele instituto de educação. Segundo o autor, o objetivo “foi tirar as barreiras e limites e clarear a participação dos frades capuchinhos de Saboia na reforma romanizante da Igreja Católica na Região, dos anos de 1896 a 1913. Estudar o passado é uma forma de nos compreendermos no presente e assim termos bases sólidas para projetar o futuro que sonhamos ser.”

Vanildo Zugno, 51 anos, é frade capuchinho da Província do Rio Grande do Sul e possui um vasto currículo na área de assessoria à Vida Religiosa, atividades acadêmicas como nas faculdades de Teologia: Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana - ESTEF e La Salle. A apresentação da obra é do professor Adelino Pilonetto e a publicação foi editada pela editora da ESTEF. Os dois primeiros capítulos dão conta do contexto global para situar a investigação eclesial e política no Rio Grande do Sul. Os capítulos seguintes delineiam o roteiro por ele prosseguido. A educação e romanização; O Protagonismo dos Leigos hegemonia eclesial; Espiritualidade Romanizante; A organização paroquial dos capuchinhos, Missões populares e visitas pastorais, e ainda a participação dos frades na organização da imprensa regional. E na educação do clero diocesano em Porto Alegre. O livro pode ser adquirido com o próprio autor, através do e-mail [email protected]

 

História e Trajetória dos Capuchinhos no RS

 

No dia 05 de dezembro de 1895 dois cultos e dinâmicos frades franceses da Província de Savoia, frei Bruno de Gillonnay e frei Leão de Montsapey, acompanhados pelo ministro provincial, frei Rafael de La Roche, embarcaram rumo ao Sul do Brasil visando implantar um novo projeto missionário junto aos imigrantes italianos. Na primeira semana de janeiro de 1896, chegaram a Porto Alegre, mas a opção dos Capuchinhos, no entanto, foi Conde d’Eu (Garibaldi), onde chegaram pela tardinha do dia 18 de janeiro de 1896, data que marca a fundação da Missão dos Capuchinhos no Rio Grande do Sul. A atuação Capuchinha no Estado foi alicerçada por frei Bruno de Gillonnay, em cinco direções: Missões populares, Pastoral paroquial, Escolas vocacionais, Ensino para os filhos dos imigrantes e Imprensa. A Missão no RS foi elevada à categoria de Província em 1942.

 

Com o lema 120 anos: Gratidão, Paixão e Esperança! a data foi celebrada ao longo de 2016 com uma variada programação religiosa; atividades; eventos e homenagens, entre elas: no Senado Federal e Assembleia Legislativa e nas Câmaras de Vereadores de alguns municípios onde os Capuchinhos contribuíram com sua presença e ação pastoral: Veranópolis, Vacaria, Garibaldi, Caxias do Sul, Santa Maria, Marau e Ibiraiaras.

 

Passados 120 anos de presença no RS, a ação dos Capuchinhos, hoje, abrange missões populares, ações sociais (com mais de 20 projetos), pastoral paroquial e hospitalar, animação vocacional e escolas formativas, escola superior de teologia, museu, meios de comunicação (jornais, rádios em redes, sites e plataformas mobile), gráficas, centro de eventos e pousadas voltadas ao turismo e saúde sempre com a marca da alegria franciscana, da simplicidade e disponibilidade para atender as carências da sociedade, testemunhando o carisma do fundador Francisco de Assis.

 

Fonte: Capuchinhos do Brasil /CCB

Por Frei João Carlos Romanini (Frat. Imaculada Conceicao)

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