Veranópolis - RS
PASTOR E EDUCADOR
Registro
Frei Emiliano Costella (Rainelli Costella) faleceu em Porto Alegre, no Hospital Ernesto Dorneles a 20 de julho de 2004, de câncer, foi sepultado no Cemitério Municipal de Veranópolis, após a missa, concelebrada na Gruta Nossa Senhora de Lourdes, por 45 sacerdotes, presidida por Dom Frei Osório Beber. Entrou no Seminário de Veranópolis a 10-2-1936, recebendo o hábito capuchinho no Convento Sagrado Coração de Jesus, em Flores da Cunha, a 5-1-1943, onde proferiu os votos religiosos temporários, a 6-1-1944, e os votos definitivos no Convento São Boaventura de Marau a 6-1-1947.
Realizou os estudos de Filosofia em Marau, e de Teologia em Garibaldi 17-12-1949 e Porto Alegre, onde recebeu a ordenação sacerdotal de Dom Vicente Scherer na Paróquia Santo Antônio do Partenon a 16-7-1950. Em seus 53 anos de sacerdócio, dividiu-se entre a pastoral paroquial, educacional e hospitalar. Por 21 anos exerceu a pastoral paroquial nestas paróquias: 3 anos na Paróquia São Judas Tadeu de Porto Alegre; 5 anos na Paróquia São Luís Gonzaga de Veranópolis; 3 anos na Paróquia São Sebastião de André da Rocha; 9 anos na Paróquia Santa Teresinha de Nicolau Vergueiro; 1 ano na Paróquia N. Sra. de Lourdes, de Flores da Cunha. Por 15 anos se dedicou à educação no Seminário Seráfico São José de Veranópolis, onde foi professor e vice-diretor. Por 5 anos exerceu a pastoral vocacional. Desde 20-12-1989 integrou as Fraternidades capuchinhas São Lucas e São Judas Tadeu, de Porto Alegre, dedicando-se à pastoral hospitalar nestes hospitais: Psiquiátrico São Pedro, Sanatório Partenon, Clínicas, Ipiranga e Instituto de Cardiologia. Nestes dois últimos, atuou até as últimas semanas.
Simplicidade e dedicação pastoral, aliadas a profunda vivência do carisma franciscano, foram marcas da vida de Frei Emiliano. Procurado e admirado pelo povo e por seus confrades pela forma como tratava, acolhia e animava a quantos procuravam sua orientação espiritual. Frei Emiliano sempre foi homem da natureza. Como professor e vice-diretor do Seminário de Veranópolis, acompanhou a construção do prédio que serviu muitos anos de seminário e, agora, atende finalidades sociais, educacionais, culturais e religiosas diversas. Arborizou seus arredores e organizou as canchas de esportes, com arte, respeitando a realidade e configuração ecológica. Em Porto Alegre, na Igreja São Judas Tadeu, criou um verdadeiro e multifacetado herbário, cultivando as principais variedades de flores e plantas adaptadas ao clima local. Para ele, cada planta tinha sua personalidade, seu modo de ser, de vestir e de falar. Dava ordens às suas plantas que nem sempre obedeciam, talvez por não serem poliglotas como ele.
Confrades e paroquianos muitas vezes se punham de tocaia para surpreende-lo a falar com plantas e flores no seu Talian familiar, com frases como estas: . Ma varda, te sì drio vegner inquà, te go dito che te devi ndar inlà par assarghe posto al sol a to soreleta che la ze ancora picinina. Olha, você está vindo para cá, mas já te disse que você deve ir para lá, para deixar lugar ao sol a tua irmãzinha ainda pequenina. . Sò che no te fè par mal, ma te sì sfaciada e desobediente, lora te cavo le ale, che lora te impari vegner su tel to posto... – e el bruscava la pianta. Sei que não fazes por mal, mas você está desaforada, então vou te podar e vais aprender a crescer no teu lugar... – e podava a planta. . Diante de rosas, já floridas e murchas, dizia: Te geri tanto bela, desso romai te si vècia come mi. Eras tão linda, agora, porém, és tão velha quanto eu! . Na hora da poda, advertia cada plantinha: Sò che te pianderè, ma te brusco, dopo co te vien su bela, tuti i te varda e te me ringrassiarè a mi e al me forbesoto che te ghemo fato bela. Sei que vais chorar, mas te podo, depois vais agradecer a mim e a minha poda que te fizemos bonita.
Convívio com a natureza reconhecendo a identidade de cada flor e de cada planta; fraternidade com os confrades, pacientes e paroquianos, acolhendo cada um com seu modo de ser, fizeram de frei Emiliano o homem simples, fiel em tudo, liberalmente obediente, e sem medidas na apostólica dedicação, especialmente aos pacientes nos hospitais. Não media tempo nem palavras. Visitava, conversava com tanta suavidade e empatia que os pacientes, diante de sua humildade que nada impunha nem propunha, mas só ouvia e animava, diziam: “Padre, seria para mim uma graça, se me desse uma bênção.” E ele respondia: “Va là, no te ocor benedission de mi, el Signor el te vol ben, mi te la dao, parché el Signor el te vol ben come se te fussi la ùnica persona che’l ga fato a la so imàgine e somiliansa.” Vai, não precisas de minha bênção, porque o Senhor te quer bem, eu te dou minha bênção porque o Senhor te quer bem como se fosses a única pessoa que até hoje ele fez à sua imagem e semelhança. Quando alguém pedia para se confessar, engraçado que ele não oferecia, e todos pediam: “Che pecati te cati che te ghè fato ti? El Signor no’l ghe bada mia, setu, se a ti no in te piase pi!.”Que pecados você acha que fez? O Senhor não os considera, se a ti não mais agradam! Frei Emiliano,
Frei Roque e Frei Marcelino, os três capuchinhos, Modesto e Luís convivem hoje com seus pais e avós a realidade de quem disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que esteja morto, viverá para sempre.”
Informações pessoais
Nasceu na Capela São Valentim de Veranópolis a 7 de setembro de 1924. À Pia Batismal - RAINELLI COSTELLA - É o 10° dos 17 filhos de Vitório Costella e Rosa Mattiello, dos quais †Roque(Adelino,1914-1990), †Marcelino(Gentil 1929-1982) e Silvério(Francisco), na Província do Brasil Central, são padres capuchinhos e Rosa , que é religiosa