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Freis de São Paulo conhecem a dura realidade haitiana

21/07/2016 - 18h32
'A maioria das casas não têm energia elétrica', contam o frades após visita ao país em junho deste ano

Durante os dias 01 a 04 de junho de 2016, frei Marcelo Toyansk Guimarãis e frei Mateus Bento dos Santos estiveram visitando o Haiti. Em texto, os frades relataram como é a dura realidade no país.

Não há nenhum tipo de infra-estrutura no que diz respeito ao saneamento básico – distribuição de água, coleta e tratamento de esgoto, coleta de lixo. Também a iluminação é para minoria. Não há direitos trabalhistas, e uma grande parte da população vive com a renda de um dólar por família. As prefeituras nas cidades existem somente de nome, não têm, por vezes, nem estrutura física. A coleta de lixo se dá às vezes por algum deputado para conseguir voto. É extremo abandono e descaso. Imigrando ao Brasil mensalmente dois mil haitianos.

 

A vida no interior é um pouco diferente, mas não menos dura. Chegamos em Porto Príncipe e recebido por Frei Aldir Crocoli, frade capuchinho da Província do Rio Grande do Sul, coordenador da delegação no Haiti. Assim que chegamos, frei Aldir nos conduziu para a fraternidade onde habita, em Abacou. Demoramos mais de cinco horas a chegar, devido à precariedade da estrada, em parte só em pedra. É um vilarejo à beira do Mar do Caribe. A comunidade é bastante pobre e vive do pouco que produzem, criam e pescam (feijão, mandioca, batata doce, galinha, porcos, cabras, etc). Há alguns poços, maioria de água salobra. As casas normalmente têm de um a três cômodos. A cozinha é uma cabana externa, geralmente de palha, onde as panelas são colocadas sobre as brasas de uma fogueira feita no chão. Os frades têm um projeto de construção de banheiros externos nas casas (fossas assépticas). Também querem prosseguir com um projeto de prevenção de doenças junto aos alunos nas escolas. E ao lado da maioria das casas há um túmulo (muito bem conservado), no qual se enterram os mortos da família.  

O vilarejo conta com um dispensário que funciona como um pronto socorro e posto de saúde do vilarejo. Duas irmãs brasileiras (foto) administram o dispensário. Uma delas é enfermeira e realiza todo o possível. Consultas, prescrição de medicamentos para as principais doenças (cólera, malária, dengue, febre amarela, diarreia, desnutrição, etc.), primeiros socorros, curativos, cuidado com os dentes, parto, etc... As situações que não são possíveis de tratar no vilarejo são encaminhadas para a cidade mais próxima que há médico. 

Em muitas cidadezinhas não há nenhum médico, nem atendimento de saúde algum.

O vilarejo conta também com uma escola e a igreja administrada pelos frades. É uma paróquia dedicada a Santo Antônio. A paróquia não faz nenhum repasse financeiro aos frades, pois não há dinheiro. E a escola não tem infraestrutura. As salas são precárias e comportam até 70 alunos cada. As maioria das casas não têm energia elétrica. Há uma praça que fica iluminada à noite, onde os moradores se encontram para conversar e alguns aproveitam para estudar.

Todavia, a paisagem é muito bela e as águas do Caribe muito boas para um banho.

Outro vilarejo onde os frades têm presença é Beraud. Nesta fraternidade acontece o postulado. As etapas de noviciado e pós-noviciado acontecem no Brasil, no Rio Grande do Sul e estágio no Brasil Oeste. Após os votos perpétuos estudam teologia em Porto Príncipe. 

Visitamos alguns lugares do centro da Capital (foto), como as ruínas da catedral, arrasada pelo terremoto de 2010, e a catedral improvisada até a reconstrução da antiga. Parti-cipamos de uma ordenação presbiteral de um frade da Ordem dos Frades Menores e quatro diáconos diocesanos. Depois fomos até uma casa dos frades menores onde houve almoço. No domingo seguimos para Santo Domingo, República Dominicana, onde participamos do Encontro JPIC (Justiça, Paz e Integridade da Criação) dos Frades Menores Capuchinhos da América Latina e Caribe. Agradecemos imensamente aos frades de nossa Província pela oportunidade de conhecer a realidade do povo que tanto luta no Haiti e do encontro JPIC em Santo Domingo.

Fonte: Capuchinhos do Brasil /CCB

Por Paulo Henrique (Cúria Provincial - Província dos Capuchinhos de São Paulo)

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