Tamanho do Texto:
A+
A-

Gatinho

Publicado por Frei Ivo Bonamigo | 09/11/2018 - 20:51

Ganhei um gatinho preto,

bonito, mimoso, meu Pelé.

Criou-se no meio dos cães.

Brincava e mordia o pé.

 

Crescido, Pelé acompanhava

o frei na Igreja e na oração,

no trabalho e no escritório,

nas bênçãos e na refeição.

 

Pelé chegava ao escritório,

subia na mesa de escrever,

ficava olhando o que fazia

e batia a pata para o atender.

 

Na oração ficava calado.

Sentava perto sem se mexer.

Prestava atenção na oração.

Só saía quando íamos comer.

 

Na hora certa de se alimentar,

ia para seu lugar de refeição.

Esperava o prato de comida,

também sobremesa de ração.

 

Quando virava terra na horta,

ficava perto deitado olhando.

Não havia rato na nossa casa.

Ficava atento sempre vigiando.

 

Naquele dia o frei celebrava

brilhante e solene casamento.

Nosso Pelé entrou na Igreja,

bem na hora do juramento.

 

Pelo tapete com toda calma

entrou Pelé solenemente.

Chegou perto do celebrante.

Sentou-se e olhava docemente.

 

Houve quem falou alto:

- Azar, gato preto, azar!

O celebrante acalmou dizendo:

- O gato Pelé veio abençoar!

 

A cor não quer dizer nada!

Pelé é manso, veio rezar!

Ele o faz sempre com os freis.

Boa sorte é que veio desejar!

 

Os presentes se acalmaram.

E o casamento foi completado.

Ficaram contentes com o Pelé,

que aí estava despreocupado.

 

Pelé foi gato amigo de todos.

Com todos aceitava brincadeira.

Quem o chamasse de Pelé,

ele o atendia da sua maneira.

 

A nossa casa ficava ali perto

do prédio açougue central.

Todos os dias havia cachorros

rodeando também a paroquial.

 

O dono cansado de tocá-los,

apelou para a comida de rato.

Pelé meteu-se no meio dos cães,

comeu a isca e lambeu o prato.

 

Assim morreu o gato Pelé.

Em casa não lhe faltava alimento.

A gula foi a causa da desgraça

que levou Pelé para o sepultamento.

Sobre o autor
Frei Ivo Bonamigo

.