* 16.07.1933 – Aratiba/RS
† 26.07.2013 Curitiba/PR
Frei Geraldo Carbonera nasceu aos 16.07.1933 em pequeno lugar chamado Tamanduá, no município de Aratiba-RS, filho de Samuel Carbonera e de Antônia Sbalchiero. Na paróquia Santa Isabel da Hungria, em Três Arroios- RS, foi batizado aos 08.09.1933 por Frei Reimbildes Girarde. O bispo de Santa Maria-RS, Dom Antônio Reis, crismou-o na paróquia São Pedro de Alcântara em Aratiba-RS. No mesmo lugar e igreja do crisma, recebeu a primeira eucaristia em 1943.
Estudos
Geraldo passou sua primeira fase de estudos em Aratiba-RS. Após contatos com nossos Freis, em 1949 entrou no seminário São Francisco em Barra Fria- SC, hoje Lacerdópolis, tendo como diretor Frei Sebastião Vieira dos Santos. Completou o ginásio em Butiatuba e no Seminário Santa Maria, em Riozinho-PR (Irati-PR). Fez os cursos de filosofia e teologia em nosso convento das Mercês, Curitiba de 1955 a 1961 e participou também do ano de pastoral. Em 1967, foi enviado à Roma, onde fez estes cursos: Pedagogia, Catequese e Franciscanismo no período de 1967 a 1969 no Pontifício Ateneu Antoniano e, ao mesmo tempo, Teologia na Universidade Lateranense.
Vida religiosa
Terminado o ginásio em Riozinho, Frei Geraldo foi para o convento de Barra Fria- SC, então sede do noviciado, onde o iniciou aos 11.02.1954, tendo como mestre Frei Germano de Lion. Concluindo o noviciado, emitiu sua primeira profissão religiosa aos 02.02.1955 na mesma casa do noviciado, nas mãos de Frei Zacarias de São Mauro, Ministro Provincial de Veneza, em visita à nossa Província. Durante seus estudos de filosofia e teologia no convento Nossa Senhora das Mercês, professou perpetuamente aos 22.02.1959 em nossa homônima igreja, em Curitiba-PR, diante do delegado provincial Frei Bernardo Felippe. Durante o curso teológico recebeu as Ordens Menores (Leitorado e Acolitado), o Diaconato aos 18.03.1961 pelo arcebispo Dom Manuel da Silveira D’Elboux na igreja do Imaculado Coração de Maria (Claretianos), em Curitiba. Foi ordenado presbítero pelo mesmo arcebispo aos 27.05.1961 em nossa igreja Nossa Senhora das Mercês, Curitiba.
Atividades
Frei Geraldo, como sacerdote, residiu e trabalhou nas seguintes fraternidades: Curitiba (1962; 1974; 1981-1989; 1994-2009), Jaguariaíva (1962), São Lourenço do Oeste-SC (1963), Bandeirantes (1964-1965), Ponta Grossa (1966; 1969-1972; 1975-1978; 2012-2013); Roma (1967- 1969, curso), Butiatuba (1973), Engenheiro Gutierrez no Seminário (1978- 1981), Rio Branco do Sul (1989), Joinville-SC (2009-2011).
Nos lugares onde residiu desempenhou estes ministérios: Missionário popular por 16 anos, superior local, mestre dos noviços, reitor de seminário, professor, pastoral com os jovens em muitos colégios do Paraná e outros lugares; vigário paroquial, pároco, professor dos estudantes de filosofia e teologia e leigos, vice coordenador das missões populares, capelão do hospital Nossa Senhora das Graças, pregador de retiros, conferencista.
Escritor
Além de suas atividades tanto nas fraternidades como nas paróquias, Frei Geraldo dedicou boa parte de sua vida em escrever longa série de livros. Desde que participou do curso de Criatividade, seus primeiros livros foram baseados nos 14 sistemas, propostos pela metodologia da Criatividade, da qual se tornou admirador e orientador de cursos. Ele mesmo forneceu um elenco de 69 publicações, entre livros, opúsculos e reedições. Alguns de seus livros tiveram diversas edições: Curso de Batismo, dez edições; Círculos Bíblicos, oito edições; Educação Sexual, quatro edições; Filhos realizados e Dos Castigos para a arte de educar, três edições de cada um; e outros mais.
No declínio da vida
Frei Geraldo foi muito ativo e trabalhador em sua vida. Gozava de boa saúde, mas, aos 16.12.2009, enquanto se dirigia para palestrar com os jovens em Curitiba, sofreu um AVC. Socorrido imediatamente, com a ajuda da medicina, conseguiu recuperar as energias, graças também ao seu admirável esforço, continuando seu apostolado nas escolas.
Aos 07.07.2013, no convento Bom Jesus de Ponta Grossa teve outro AVC. Trazido a Curitiba, foi internado na UTI do Hospital Nossa Senhora das Graças. Passou por cirurgia craniana. Teve momentos de melhoras, mas também de recaídas. Resistiu até 26 de julho quando, às 02h45 da madrugada, entregou sua alma a Deus.
Seus funerais foram celebrados em nossa fraternidade Santo Antônio em Butiatuba-PR, com missa presidida pelo Ministro Provincial, Frei Cláudio Sérgio de Abreu. Diversos familiares, frades da região, pessoas amigas e conhecidas participaram das cerimônias. Terminada a Missa e a encomendação, os presentes, em devota procissão, se encaminharam ao cemitério da Ressurreição da Província, onde, sob o olhar atento, silencioso e meditativo de todos, o corpo de Frei Geraldo foi descido à sepultura, enquanto sua alma se lançava nos braços bondosos e acolhedores do Deus de bondade.
Enquanto estava na UTI, completou 80 anos de idade, dos quais 58 anos de vida religiosa e 52 anos de vida presbiteral.
Testemunhos
Os testemunhos orais e escritos nos apresentam as várias facetas da vida de Frei Geraldo:
Era amante de Deus e da vida religiosa, levando a sério a oração e a vida fraterna; Doou-se durante seus 80 anos de vida, a totalidade deles dedicados a Deus: 58 anos como religioso capuchinho e 62 como sacerdote capuchinho.
Exemplo de perseverança, seriedade e espontaneidade nos compromissos assumidos, mas, ao mesmo tempo, fraterno e zeloso pelos encargos recebidos;
Fraterno e zeloso pela pastoral e pela formação, que manifestava nas palestras e nos seus livros, sempre preocupado com a educação. Dedicado e constante na formação dos seminaristas e vocacionados, nos muitos retiros que pregou, no trabalho pastoral e na publicação de seus 69 livros e opúsculos.
Tinha visão de igreja bastante atualizada, que lhe permitiu atuar em paróquias, nas missões populares, na formação dos seminaristas e Freis, na pregação de retiros e em outros ministérios que lhe foram confiados. A palavra “ousadia” resume a vida de Frei Geraldo: Ousado como pároco quando, nos anos passados, insistia que a paróquia é comunidade de comunidade. Ousado em escrever, publicar e difundir os livros que escrevia e quando dizia aos jovens e adolescentes que era preciso rezar como Jesus, que passava noites orando, ia às escolas com alegria e conversava com os estudantes. Sua paixão, nos últimos anos, era evangelizar a juventude.
Em suas palestras, mostrava-se preocupado com a educação, com uma sociedade sem violência, sem egoísmos e defendia a cultura da paz, do entendimento e diálogo Com os estudantes nas escolas valorizava a Palavra de Deus; a educação dos filhos; defendia uma sociedade mais humana e solidária e um crescimento sadio da subestima. Falava com ênfase e entusiasmo sobre o valor da oração pessoal e familiar, apresentando aos jovens e adolescentes que Jesus rezava noites inteiras e aconselhava-os a rezar, não pouco mas muito.
Frade de boa convivência e, nos últimos anos, foi um tempo fecundo de sua existência e de sua consagração franciscano-capuchinha. Acentuava que, na formação, o testemunho é fundamental. Era pessoa crítica, questionadora, mas sempre no bom sentido. Perguntava sagazmente para ensinar. Na última semana, mostrava-se preocupado. No domingo em que teve o AVC, sua homilia foi arrojada, percebia-se algo diferente nele, diziam as Irmãs Servas do Espírito Santo. Deixa este forte legado: “É preciso trabalhar, comprometer-se com a vida e com a formação”.
Serviu a Igreja com amor e dedicação e, nos últimos anos, conviveu com sua doença e enfermidade, contra as quais nunca demonstrou rejeição, mas procurou viver, cuidar da saúde e continuar a dedicar-se ao bem da Igreja e da Província. Ele se doou durante os 80 anos de vida. A totalidade desses anos foram dedicados a Deus nos seus 58 anos de vida religiosa capuchinha e 52 anos de sacerdócio.