Necrologia

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Frei Luiz de Bassano

25/07/1965

21.08.1893 - Bassano del Grappa/Itália
25.07.1965 - Curitiba/Paraná

Em Bassano del Grappa (Itália), diocese de Vicenza, nasceu frei Luiz, filho de Jacó Fornasiere e Elisabete Alessi. Com 11 anos entrou no seminário de Verona. Vestiu o hábito capuchinho a 1 de julho de 1908 em Bassano del Grappa, tendo como mestre frei Teodoro de Codróipo, que o moldou em capuchinho austero e rijo.

Interrompeu os estudos para combater como Alpino na Guerra Mundial de 1914-1918. Completou os estudos de filosofia em Pádua e os de teologia em Veneza. Pelas mãos do Cardeal Patriarca Pedro La Fontaine foi ordenado sacerdote aos 6 de fevereiro de 1921.

Frei Luiz, dotado de mente aberta e perspicaz como o cimo de suas montanhas, possuía uma ótima oratória, fluente e forte como as águas do rio Brenta. Possuía um gosto peculiar pelas cores e pelas belas artes, recebido dos panoramas bucólicos do vale de Bassano.

Por estes seus dotes permaneceu por dez anos como Diretor do Bollettino Franciscano, em Pádua. Ao mesmo tempo ensinou literatura no estudantado de filosofia e percorreu os púlpitos das grandes cidades italianas.

Possuía alma de poeta, de místico e de missionário. A cátedra, a pena, os púlpitos não conseguiram reter lhe o coração desejoso de doar se completamente aos irmãos de além mar. Pediu para ser enviado como missionário.

Seu desejo realizou se quando, aos 12 de dezembro de 1939, embarcava em Nápoles no navio Oceania, com os estudantes de teologia freis Tito Olivetto e José Nereu Bassi, rumo ao Paraná, no Brasil. Após sua chegada a Santos, SP (29.12.1939), no dia último do ano encontrava-se no convento das Mercês, em Curitiba.

Após um período passado em Curitiba, atendeu pastoralmente os seguintes lugares: Capinzal (1940-1941), Cerro Azul (1942), Tomazina (1943-1948; 1953-1954), Jaguariaíva (1950), Eng. Gutierrez (1951), Jataizinho (1955-1956), Santo Antônio da Platina (1957), Siqueira Campos (1958-1961), Curitiba (1961-1965) onde faleceu.

Viveu na obediência franciscana em todos os setores e atividades da nossa Província: casa de formação, pregação de retiros e pastoral paroquial.

Aperfeiçoou seu bom gosto pelo desenho e arquitetura com cursos por correspondência no Brasil. Animado pelos superiores, projetou e desenhou várias casas, igrejas e conventos. São dele os projetos do convento e matriz do Senhor Bom Jesus em Ponta Grossa, do convento Nossa Senhora de Fátima de Siqueira Campos, da casa paroquial da Imaculada Conceição em Ponta Grossa, da matriz São Francisco, em Umuarama e da Igreja Matriz de São Lourenço d'Oeste. Dirigiu a construção do Seminário Santa Maria, em Irati no ano de 1951.

Sempre honrou a identidade de capuchinho em toda parte. E isso era conseqüência de sua vida ascética e de oração que sempre cultivou escrupulosamente.

Faleceu com 72 anos no Hospital Nossa Senhora das Graças, aos 25 de julho de 1965 e foi sepultado na capela-cemitério de Butiatuba.

Frei Doroteu Coltri de Pádua

25/08/1912
25/07/1991

25.08.1912 - Pádua/Itália
25.07.1991 - Curitiba/Paraná

Frei Doroteu nasceu aos 25 de agosto de 1912, em Mândria, província de Pádua, na Itália. Filho de Luiz Coltri e Teresa Ribaldi, foi batizado em Pádua, com o nome de Pedro Coltri e crismado aos 8 anos de idade. Ingressou na Ordem dos Capuchinhos, no seminário de Rovigo, em 1923. Fez sua profissão temporária em Bassano del Grappa, em 1928. Concluída a teologia, foi ordenado em Veneza, na igreja São Francisco Della Vigna, no dia 30 de agosto de 1936.

No ano seguinte (1937) veio para o Brasil, desembarcando no porto de Santos, aos 24 de dezembro de 1937, com seu confrade Frei Miguelângelo de Cartigliano.

No Brasil exerceu as seguintes funções: vigário paroquial em Jaguariaíva (1937), em Tomazina (1938), em Santo Antônio da Platina (1943); vigário em Uraí Assaí Congoinhas (1943); pároco em Ribeirão do Pinhal (1949); superior do convento e seminário Santa Maria, em Engenheiro Gutierrez (1955); vice mestre dos noviços e vigário em Siqueira Campos (1958); pároco em Laurentino (1958); diretor da equipe dos Missionários Populares em Santo Antônio da Platina, Bandeirantes e Ponta Grossa (1960-1966); terceiro Conselheiro do Comissariado provincial (1963); primeiro Conselheiro do Comissariado provincial (1966); superior, diretor dos Irmãos e pároco em Siqueira Campos (1969); pároco em São Lourenço do Oeste (1970); vigário conventual e ecônomo, em Butiatuba (1973).

Em nossa Província atuou muito em Ibaiti (1942-1948), em Ribeirão do Pinhal onde construiu a casa paroquial e iniciou a igreja matriz (1950-1952), nas campanhas de alimentos para o Comissariado (1956-1957). Continuou as obras do seminário Santa Maria em Engenheiro Gutierrez (1958). Pregou diversos retiros para os frades e as religiosas. Participou de diversos cursos de formação permanente: Mundo Melhor, Missionário, Renovação conciliar, Franciscanismo e outros.

Em 1974 deixou nossa Província e ingressou no Instituto dos Frades Menores Missionários, recém fundado. Ali prestou seus serviços como mestre de noviços, conselheiro, vigário conventual, confessor dos estudantes, professor, pároco, diretor espiritual e confessor de casas religiosas.

Pontos marcantes de sua espiritualidade: vida de penitência e a oração; grande zelo apostólico, principalmente atendendo confissões; grande espírito de obediência e pobreza. Seus últimos anos foram marcados pela doença. Esteve três vezes na UTI. Foi internado muitas vezes no Hospital Bom Jesus, em Ponta Grossa, PR. Seu coração já não queria mais pulsar e aos poucos o cansaço aumentava. Durante o sofrimento e a doença, repetia continuamente palavras de resignação tais como: "Tenho medo do sofrimento e da morte, mas ofereço como presente de amor"; "Aceito a Obediência sem procurar consolações nem reclamações"; "Aceito e quero a Vossa vontade, Senhor, nestes achaques do fim"; "Na doença, obedecer mas não se acomodar"; "Não me sinto bem, tenho medo da morte, porém, Senhor, ofereço isto como ato de amor".

No Hospital Bom Jesus escreveu: "Não quero saúde... quero força". Na Santa Casa, em Curitiba, escreveu um dia antes da operação que o levaria à morte: "Mãe, pode ser que amanhã eu chegue em vossos braços... esperai-me". Na manhã do dia da operação escreveu: "Agradeço pagando amor por aqueles que tocaram minha estola de perdão, por aqueles que auxiliam Jesus a salvar, pelos consagrados do meu grupo". "à mãe terra o meu corpo, ao Pai do Céu minha alma".

No dia 7 de julho de 1991, Frei Doroteu foi internado no hospital Bom Jesus, de Ponta Grossa, aí permanecendo até o dia 20. Não obtendo melhoras, foi transferido para a Santa Casa, em Curitiba. As 11h do dia 23 foi submetido a uma delicada cirurgia do coração. Resistiu as cinco horas da operação, com esperança de melhoras, porém, a irmã morte veio buscá-lo no dia 25, às 23h50. Faltava um mês para completar 79 anos de idade e 55 de vida sacerdotal.

Foi sepultado no cemitério Chapada, a 500 metros do convento dos Frades Menores Missionários.

Frei Júlio Fioretto de Magré

01/11/1887
26/07/1956

01.11.1887 - Magré/Itália
26.07.1956 - Conegliano/Itália

Frei Júlio de Magré nasceu no dia 1 de novembro de 1887, na diocese italiana de Vicenza, filho de Luís Fioretto e Lúcia Diotto. Ainda pequeno, foi recebido no seminário de Verona. Entrou para o Noviciado no dia 19 de setembro de 1905, em Bassano del Grappa, onde também fez sua primeira profissão (20.09.1906). Professou perpetuamente em Údine aos 23 de janeiro de 1910. Sem dificuldades terminou os estudos e, em Veneza, recebeu o sacerdócio do Cardeal Patriarca Aristides Cavallari, aos 25 de julho de 1913. Como soldado, participou em duros e sangrentos combates na primeira Grande Guerra Mundial.

Sua alma exuberante de vitalidade escolheu como campo de apostolado a terra brasileira. Em 1920 chegou ao Paraná, com o segundo grupo de missionários. Iniciou suas atividades em Siqueira Campos (1920), Imbituva (1921-1922), São José da Boa Vista (1922) e Tomazina (1923-1924).

Sua saúde, porém, enfraqueceu e Frei Júlio foi obrigado a voltar para a Província vêneta com grande tristeza aos 7 de abril de 1925. O ar da terra natal devolveu-lhe em parte as forças e as energias primitivas.

Na Província de Veneza, após seu retorno, passou por vários conventos como Superior prudente e prestimoso. Religioso bom e de grande piedade, trabalhou nos conventos de Chioggia, Trieste, Ásolo, Capodístria, Villafranca, no hospital São Lourenço em Veneza e outros mais. Capuchinho exemplar e de profunda piedade. Dedicou-se com empenho à pregação.de retiros mensais e anuais aos padres diocesanos, religiosos e religiosas, que muito apreciavam suas conferências e palestras.

Até os últimos dias de sua vida ajudou os confrades no ministério pastoral. A irmã morte veio buscálo suavemente. Adormeceu no Senhor, na enfermaria de Conegliano, aos 26 de julho de 1956. Viveu 69 anos, dos quais, 51 em fraternidades capuchinhas. Seus restos mortais descansam em Conegliano.

Frei Geraldo Carbonera

16/07/1933
26/07/2013

* 16.07.1933 – Aratiba/RS

† 26.07.2013 Curitiba/PR

Frei Geraldo Carbonera nasceu aos 16.07.1933 em pequeno lugar chamado Tamanduá, no município de Aratiba-RS, filho de Samuel Carbonera e de Antônia Sbalchiero. Na paróquia Santa Isabel da Hungria, em Três Arroios- RS, foi batizado aos 08.09.1933 por Frei Reimbildes Girarde. O bispo de Santa Maria-RS, Dom Antônio Reis, crismou-o na paróquia São Pedro de Alcântara em Aratiba-RS. No mesmo lugar e igreja do crisma, recebeu a primeira eucaristia em 1943.

Estudos

Geraldo passou sua primeira fase de estudos em Aratiba-RS. Após contatos com nossos Freis, em 1949 entrou no seminário São Francisco em Barra Fria- SC, hoje Lacerdópolis, tendo como diretor Frei Sebastião Vieira dos Santos. Completou o ginásio em Butiatuba e no Seminário Santa Maria, em Riozinho-PR (Irati-PR). Fez os cursos de filosofia e teologia em nosso convento das Mercês, Curitiba de 1955 a 1961 e participou também do ano de pastoral. Em 1967, foi enviado à Roma, onde fez estes cursos: Pedagogia, Catequese e Franciscanismo no período de 1967 a 1969 no Pontifício Ateneu Antoniano e, ao mesmo tempo, Teologia na Universidade Lateranense.

Vida religiosa

Terminado o ginásio em Riozinho, Frei Geraldo foi para o convento de Barra Fria- SC, então sede do noviciado, onde o iniciou aos 11.02.1954, tendo como mestre Frei Germano de Lion. Concluindo o noviciado, emitiu sua primeira profissão religiosa aos 02.02.1955 na mesma casa do noviciado, nas mãos de Frei Zacarias de São Mauro, Ministro Provincial de Veneza, em visita à nossa Província. Durante seus estudos de filosofia e teologia no convento Nossa Senhora das Mercês, professou perpetuamente aos 22.02.1959 em nossa homônima igreja, em Curitiba-PR, diante do delegado provincial Frei Bernardo Felippe. Durante o curso teológico recebeu as Ordens Menores (Leitorado e Acolitado), o Diaconato aos 18.03.1961 pelo arcebispo Dom Manuel da Silveira D’Elboux na igreja do Imaculado Coração de Maria (Claretianos), em Curitiba. Foi ordenado presbítero pelo mesmo arcebispo aos 27.05.1961 em nossa igreja Nossa Senhora das Mercês, Curitiba.

Atividades

Frei Geraldo, como sacerdote, residiu e trabalhou nas seguintes fraternidades: Curitiba (1962; 1974; 1981-1989; 1994-2009), Jaguariaíva (1962), São Lourenço do Oeste-SC (1963), Bandeirantes (1964-1965), Ponta Grossa (1966; 1969-1972; 1975-1978; 2012-2013); Roma (1967- 1969, curso), Butiatuba (1973), Engenheiro Gutierrez no Seminário (1978- 1981), Rio Branco do Sul (1989), Joinville-SC (2009-2011).

Nos lugares onde residiu desempenhou estes ministérios: Missionário popular por 16 anos, superior local, mestre dos noviços, reitor de seminário, professor, pastoral com os jovens em muitos colégios do Paraná e outros lugares; vigário paroquial, pároco, professor dos estudantes de filosofia e teologia e leigos, vice coordenador das missões populares, capelão do hospital Nossa Senhora das Graças, pregador de retiros, conferencista.

Escritor

Além de suas atividades tanto nas fraternidades como nas paróquias, Frei Geraldo dedicou boa parte de sua vida em escrever longa série de livros. Desde que participou do curso de Criatividade, seus primeiros livros foram baseados nos 14 sistemas, propostos pela metodologia da Criatividade, da qual se tornou admirador e orientador de cursos. Ele mesmo forneceu um elenco de 69 publicações, entre livros, opúsculos e reedições. Alguns de seus livros tiveram diversas edições: Curso de Batismo, dez edições; Círculos Bíblicos, oito edições; Educação Sexual, quatro edições; Filhos realizados e Dos Castigos para a arte de educar, três edições de cada um; e outros mais.

No declínio da vida

Frei Geraldo foi muito ativo e trabalhador em sua vida. Gozava de boa saúde, mas, aos 16.12.2009, enquanto se dirigia para palestrar com os jovens em Curitiba, sofreu um AVC. Socorrido imediatamente, com a ajuda da medicina, conseguiu recuperar as energias, graças também ao seu admirável esforço, continuando seu apostolado nas escolas.

Aos 07.07.2013, no convento Bom Jesus de Ponta Grossa teve outro AVC. Trazido a Curitiba, foi internado na UTI do Hospital Nossa Senhora das Graças. Passou por cirurgia craniana. Teve momentos de melhoras, mas também de recaídas. Resistiu até 26 de julho quando, às 02h45 da madrugada, entregou sua alma a Deus.

Seus funerais foram celebrados em nossa fraternidade Santo Antônio em Butiatuba-PR, com missa presidida pelo Ministro Provincial, Frei Cláudio Sérgio de Abreu. Diversos familiares, frades da região, pessoas amigas e conhecidas participaram das cerimônias. Terminada a Missa e a encomendação, os presentes, em devota procissão, se encaminharam ao cemitério da Ressurreição da Província, onde, sob o olhar atento, silencioso e meditativo de todos, o corpo de Frei Geraldo foi descido à sepultura, enquanto sua alma se lançava nos braços bondosos e acolhedores do Deus de bondade.

Enquanto estava na UTI, completou 80 anos de idade, dos quais 58 anos de vida religiosa e 52 anos de vida presbiteral.

Testemunhos

Os testemunhos orais e escritos nos apresentam as várias facetas da vida de Frei Geraldo:

Era amante de Deus e da vida religiosa, levando a sério a oração e a vida fraterna; Doou-se durante seus 80 anos de vida, a totalidade deles dedicados a Deus: 58 anos como religioso capuchinho e 62 como sacerdote capuchinho.

Exemplo de perseverança, seriedade e esponta­neidade nos compromissos assumidos, mas, ao mesmo tempo, fraterno e zeloso pelos encargos recebidos;

Fraterno e zeloso pela pastoral e pela for­mação, que manifestava nas palestras e nos seus livros, sempre preocupado com a educação. Dedicado e constante na formação dos seminaristas e vocacio­nados, nos muitos retiros que pregou, no trabalho pastoral e na publicação de seus 69 livros e opúsculos.

Tinha visão de igreja bastante atualizada, que lhe permitiu atuar em paróquias, nas missões populares, na formação dos seminaristas e Freis, na pregação de retiros e em outros ministérios que lhe foram confiados. A palavra “ousadia” resume a vida de Frei Geraldo: Ousado como pároco quando, nos anos passados, insistia que a paróquia é comunidade de comunidade. Ousado em escrever, publicar e difundir os livros que escrevia e quando dizia aos jovens e adolescentes que era preciso rezar como Jesus, que passava noites orando, ia às escolas com alegria e conversava com os estudantes. Sua paixão, nos últimos anos, era evangelizar a juventude.

Em suas palestras, mostrava-se preocupado com a educação, com uma sociedade sem violência, sem egoísmos e defendia a cultura da paz, do entendimento e diálogo Com os estudantes nas escolas valorizava a Palavra de Deus; a educação dos filhos; defendia uma sociedade mais humana e solidária e um crescimento sadio da subestima. Falava com ênfase e entusiasmo sobre o valor da oração pessoal e familiar, apresentando aos jovens e adolescentes que Jesus rezava noites inteiras e aconselhava-os a rezar, não pouco mas muito.

Frade de boa convivência e, nos últimos anos, foi um tempo fecundo de sua existência e de sua consagração franciscano-capuchinha. Acentuava que, na formação, o testemunho é fundamental. Era pessoa crítica, questionadora, mas sempre no bom sentido. Perguntava sagazmente para ensinar. Na última semana, mostrava-se preocupado. No domingo em que teve o AVC, sua homilia foi arrojada, percebia-se algo diferente nele, diziam as Irmãs Servas do Espírito Santo. Deixa este forte legado: “É preciso trabalhar, comprometer-se com a vida e com a formação”.

Serviu a Igreja com amor e dedicação e, nos últimos anos, conviveu com sua doença e enfermidade, contra as quais nunca demonstrou rejeição, mas procurou viver, cuidar da saúde e continuar a dedicar-se ao bem da Igreja e da Província. Ele se doou durante os 80 anos de vida. A totalidade desses anos foram dedicados a Deus nos seus 58 anos de vida religiosa capuchinha e 52 anos de sacerdócio.

Frei Demétrio Beldí de Dueville

15/12/1910
31/07/2000

15.12.1910 - Dueville/Itália
31.07.2000 - Conegliano/Itália

Nascido aos 15 de dezembro de 1910, em Dueville, na diocese de Vicenza, Itália, Natal Isaías Beldi é filho de Isidoro Beldì e de Maria Pertegato. No dia do Natal do mesmo ano, na igreja matriz de Dueville, recebeu o batismo, onde também foi crismado aos 31 de agosto de 1916, pelo bispo Dom Rodolfo.

Foi admitido ao seminário de Rovigo, na Província de Veneza, aos 02 de setembro de 1922, pelo diretor Frei Miguel de Mason. Terminada a primeira fase de estudos, iniciou o ano de noviciado no convento de Bassano del Grappa aos 5 de maio de 1926, sendo seu mestre Frei Rufino de Cadore e Ministro provincial Frei Vigílio de Valstagna. No ano seguinte, aos 05.05.1927, emitiu sua primeira profissão nas mãos do Ministro provincial Frei Vigílio de Valstagna.

Estudou filosofia e teologia em Thiene (1928), em Pádua (1929-1930) e em Veneza (1931-1934). Durante os estudos teológicos, emitiu sua profissão perpétua em Veneza aos 25 de dezembro de 1931 em cerimônia presidida por Frei Paulino de Premariacco, sendo Ministro provincial Frei Jacinto de Trieste. Preparou-se ao sacerdócio recebendo a Tonsura (19.09.1931) na Basílica de Nossa Senhora da Saúde do cardeal Pedro La Fontaine; o Ostiariato e Leitorato (19.12.1931) na capela do palácio patriarcal de Veneza do mesmo cardeal La Fontaine; o Acolitato e Exorcistado (12.03.1932) na Basílica de São Marcos em cerimônia presidida pelo Cardeal La Fontaine; o Subdiaconato (17.03.1934) e o Diaconato (25.07.1934) na igreja dos capuchinhos do Santíssimo Redentor também das mãos do Cardeal Pedro La Fontaine. Nos esplendores da Basílica de São Marcos, em Veneza, foi ordenado sacerdote (22.12.1934) pelo cardeal Pedro La Fontaine, sendo Ministro provincial Frei Jacinto de Trieste.

Sua vida missionário iniciou logo após o término de seus estudos. Aos 4 de maio de 1935, recebeu do Ministro geral a obediência para trabalhar na Missão do Paraná e, aos 15 de junho de 1935 embarcou no navio Oceania, em Nápoles, com os freis Damião Girardi e Ciríaco Coatti, rumo ao Brasil. Aos 28 de junho de 1935, os freis desembarcaram no porto de Santos, São Paulo e, passados alguns dias, já se encontravam entre os confrades do Paraná em Curitiba (02.07.1935).

Frei Demétrio permaneceu em Curitiba para aprender a língua e, no mesmo ano, foi destinado (02.09.1935) para Jaguariaíva onde iniciou sua vida missionária como vigário paroquial, sob a guia de Frei Irineu de Pádua onde aprendeu mais a língua, os costumes do povo e a realidade brasileira. Desempenhou sempre atividades pastorais nestes campos missionários: Jaguariaíva (1935-1936; 1946), Curitiba (1936-1938) percorrendo as capelas de Almirante Tamandaré e Votuverava, Joaquim Távora (1939), Congonhinhas (1940-1942), Tomazina (1943-1946), Cerro Azul (1946-1955), Ribeirão do Pinhal (1955-1961), Barracão (1961-1962), Reserva (1962-1963), Rio Branco do Sul (1964), Mandaguaçú (1965), Siqueira Campos (1966) para tratamento de saúde, viajou à Itália onde permaneceu de 1966 a 1969, Capitão Leônidas Marques (1969-1970), Linha Sete (1971-1974), Butiatuba (1975), Santo Antônio da Platina (1976-1979), Butiatuba (1980-1981) e em Tomazina (1981-1985). Aos 3 de junho de 1985 regressou à Província de Veneza, Itália, onde permaneceu até seu falecimento. Em todos esses lugares trabalho como vigário paroquial e pároco.

Além de sua atividade apostólica em diversas paróquias e inúmeras capelas rurais, Frei Demétrio apresenta longo elenco de atividades materiais.

De 1936 a 1939, percorreu a cavalo mais de 40 capelas na vasta e difícil região do Açungui e Votuverava e reformou a igreja de Campo Magro e adquiriu o terreno para o cemitério local.

Em Joaquim Távora (1939), auxiliou o pároco Frei Leonardo de Fellette e ampliou a casa paroquial. Em Quatiguá iniciou a bela igreja, em estilo românico, com a casa paroquial. Em Congonhinhas (1940-1942) construiu a casa paroquial e adquiriu 30 alqueires para as obras paroquiais. Em São Jerônimo da Serra edificou diversas capelas. Em Uraí, lançou os alicerces da igreja matriz e comprou terrenos para a casa e obras da igreja. Em Assaí, adquiriu o terreno e construiu a casa paroquial. Em Jataizinho renovou a igreja construída, na metade do século 18, pelo capuchinho frei Timóteo de Castelnuovo.

Muitas atividades marcam sua estadia na paróquia de Tomazina (1942-1946). Em Ibaiti, escolheu e comprou o terreno para a construção da igreja e da casa paroquial. Em Japira, comprou terrenos e iniciou a igreja. Em Pinhalão, adquiriu o terreno e levantou a casa paroquial e a igreja de madeira. Em Jaboti, comprou o terreno, construindo a casa e renovou a capela. Em Maria Souza, construiu a capela. Em Lavrinhas, reiniciou os trabalhos da capela e, em Eusébio de Oliveira, construiu a capela.

Rica de atividades apostólicas e materiais foi também sua estadia na paróquia de Cerro Azul (1946-1954): rodeou a igreja matriz com calçamento, colocou ladrilhos no seu interior, reformou a sacristia e a casa paroquial e construiu o salão paroquial.

Em Linha Sete, Santa Catarina, construiu as capelas de Linha Vitória, Leãozinho e Banhadão. Em Ribeirão do Pinhal (1955-1961), outras obras resultaram de sua criatividade: acabamento da igreja, aquisição do hospital público, vinda das Irmãs de Caridade, escrituração dos terrenos, terrenos para a Província, bolsas de estudo, ensino religioso no grupo e ginásio, construção de três casas para operários.

Em Barracão, onde permaneceu um ano (1961), mobiliou a casa paroquial, organizou as capelas e continuou a igreja matriz. Levou avante outras obras como em Reserva (igreja matriz e casa paroquial), em Rio Branco do Sul (compra de lotes, creche e grupo escolar), em Mandaguaçú (legalizou o terreno em Guadiana), em Abatiá (prosseguiu a construção da casa paroquial).

Um fato que o marcou até a morte foi quando se viu, de um dia para o outro, na cadeia. Era o ano de 1943. O presidente Getúlio Vargas sofreu um atentado, que quase lhe custou a vida. Em todo território nacional foram organizadas ações de graças. Nesse tempo, Frei Demétrio trabalhava em São Jerônimo da Serra e Congonhinhas. Os representantes do governo vieram pedir-lhe a celebração de uma missa em ação de graças às 10h de 7 de setembro (domingo). Neste dia, celebrava-se no local a festa de Nossa Senhora Aparecida com missa solene, marcada e programada há tempo, para a mesma hora. Frei Demétrio propôs fazer a festa no dia marcado e celebrar a missa de ação de graças em outro dia. Não adiantaram as explicações. No fim, frei Demétrio foi preso e acusado como quinta coluna e levado preso a Curitiba. O arcebispo de Curitiba e frei Tarcísio de Bovolone muito se interessaram pela libertação do frei e o conseguiram. Finalmente, frei Demétrio foi levado ao palácio do arcebispo onde encontrou nosso frei Tarcísio. Assim ele termina seu longo relato: «Chegamos ao convento de Nossa Senhora das Mercês. Fomos recebidos pelo barulhento Frei Irineu Giacon de Pádua, guardião. Oh, que felicidade! Agora podia descansar, dormir e morrer»

Aos 07.11.1983, a Câmara municipal de Ribeirão do Pinhal aprovou, por unanimidade e talvez em reparação à ofensa recebida, a concessão do título de Cidadão Honorário de Ribeirão do Pinhal ao frei Demétrio Beldì.

Após seu retorno à Província-mãe de Veneza (03.06.1985), permaneceu alguns anos em Bassano del Grappa, onde funciona a pré-enfermaria da Província. Neste ano de 2000 foi transferido para a enfermaria provincial em Conegliano Vêneto, onde faleceu aos 31 de setembro de 2000. Foi sepultado no cemitério de Dueville, onde nasceu e viveu seus primeiros anos.

Frei Demétrio viveu toda sua vida no apostolado paroquial. é louvável e admirável seu espírito de sacrifício e amor pelas almas, enfrentando inúmeras dificuldades para atender o povo de Deus, em qualquer lugar onde fosse necessário. Quem o conheceu lembra que, quando passava alguns dias nas fraternidades grandes, participava assiduamente da oração comum. Tinha um espírito alegre e vivaz e, às vezes, sua alegria misturava-se com expressões perspicazes, bem expressas pelo seu olhar. Sofreu muito por causa de sua prisão. Com freqüência recordava o fato, que o marcou. Escreveu dois relatórios com muitos detalhes interessantes sobre parte de sua vida.

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