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Caçada

Publicado por Frei Ivo Bonamigo | 02/03/2019 - 20:00

Bem no tempo da caça livre,

Raimundo voltou da guerra.

Pilotava avião com bombas.

Vivia mais no ar que na terra.

 

Seu medo da guerra acabou.

Com vida voltou para sua terra.

Agora estava com os familiares,

acalmando os horrores da guerra.

 

Combatendo viu seus colegas,

não terem a mesma sua sorte.

Lá ficaram e não retornaram.

Raimundo escapou da tal morte.

 

Em casa vieram seus amigos e

o convidaram para uma caçada.

Vamos esquecer daquela guerra

buscando ar puro, alma descansada.

 

Saiu com quatro companheiros.

Cães, espingardas e munições.

Acamparam perto de uma fonte,

prontos para caçar perdigões.

 

No campo, os pares separaram-se.

Raimundo estava na turma dos três.

Quando começou aparecer codornas,

ele parou, deu seu lugar e sua vez.

 

Encostou-se numa grande pedra,

colocou a arma apoiada no chão

e  o cano encostado na sua barriga.

Ficou atento sem nenhuma distração.

 

Na terra inclinada, a arma escorregou

e numa altura o gatilho enroscou,

por isso, disparou e o tiro veio

em cheio contra ele e o derrubou.

 

Os dois da equipe ouviram o tiro.

Chamaram-no, mas não respondeu.

Vieram e o acharam no chão sem vida.

Foi triste a sorte que lhe aconteceu.

 

Examinaram a cena ocorrida.

Viram o sinal da arma escorregada,

onde o gatilho estava enroscado

e acharam que seu tempo foi nada.

 

Tristes encerraram a caçada.

Concluindo: - O homem escapou

da guerra, das bombas e dos tiros e

caiu no campo. A sua arma o matou.

 

Caiu sozinho como passarinho.

Nenhum inimigo estava presente.

Foi a calma do campo que o alvejou.

Merece a honra de um herói inocente.

 

Curitiba, Mercês, 13. 5. 2014.

Frei Ivo Severino Bonamigo. OFMCap

Sobre o autor
Frei Ivo Bonamigo

Frei Capuchinho da Província São Lourenço de Brindes (PR/SC).