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Existe alguém fora de mim?!

Publicado por Bruno Ravaneli | 07/09/2018 - 17:57

O homem se considera o centro de todo o universo, tudo gira em torno de seu eixo, centralizado em suas reflexões, com grande apreensão ao novo, sendo assim independente. Mas até quando se pode viver sem a necessidade do Irmão?

Somos meros clientes de uma cultura expostas por meios de comunicação que conduzem nosso modo ver, e geram nossos conceitos de certo ou errado. Contudo qual o preço dessas vidas que são desprezadas pelo nosso egocentrismo e consumismo desmoderado, que somente nos leva a pensar no Celular que vamos ter, na roupa da moda que vamos usar.  O que será do Irmão que trabalha longas jornadas de trabalho para fazê-lo? Qual a finalidade? Somente vale meu interesse?

O primeiro passo para romper com o individualismo que adquirimos desde nossa mais tenra idade, mas que carregamos como certezas indubitáveis que por vezes fazem com que o individuo esqueçam-se da realidade que o cerca, assim deve-se “procurar ver os outros como um sujeito e não como um objeto” (Manual JPIC), vendo seu valor e compartilhando de suas dores e felicidades, abraçando a sua lepra. Portanto “pratiquemos a solidariedade, expressão privilegiada do amor fraterno, e empenhemo-nos com vontade decidida pelo bem de todos e de cada um, porque todos somos responsáveis por todos. ” (ConsOFMCap.72,2)

Assim a exemplo de São Francisco de Assis que rompeu com suas próprias ideias e expressou repugnância a condições pré-estabelecidas pela sociedade, abraçando a vida e tudo de mais belo, nos franciscanos devemos acolher em nossos corações o exemplo que ele nos deu, abraçado o leproso, o qual gerava grande repulsa.

Levantemos a bandeira da fraternidade, da igualdade e da justiça, buscando uma vida digna para o povo de Deus, que por via das vezes é esquecido por aqueles que os representam. E a todos demos o testemunho evangélico e tornemos visível a caridade de Cristo, socorramos os necessitados sem nunca envolver-nos imprudentemente em atividades não conformes com nosso estado (Cf. Const.OFMCap.84,4), e “Promovamos o respeito à dignidade e aos direitos das pessoas, sobretudo dos pobres e dos marginalizados.” (Const.OFMCap107,3).   

De tal modo, a maior mudança começa com você, comigo, com todos nós. Abraçando a dignidade e lutando pela qualidade de vida, não desprezando quem pede comida, emprego e roupa na porta da sua casa ou loja. Pois o passado delas, não cabe a nós julgarmos, mas sim, ter compaixão e estender a mão até quanto pudermos, amenizando o sofrimento do irmão.

O leproso da Idade Média, o qual Francisco abraçou, somente mudou de nome e doença, contudo ainda continua a balançar os sinos, para serem ouvidos. Não tampe os ouvidos! Vá mais longe do que seus próprios desejos aspiram, veja o que por muitos é inexistente. Muitos ainda hoje sofrem: com o frio, a fome, a injustiça nos tribunais, uma saúde largada as traças e uma educação precária, é enquanto tudo isso acontece se importamos com nossos próprios desejos, desperdiçando e desprezando e ainda se considerando cristões. Qual será minha mudança a partir da agora?           

 

Paz e Bem.

Sobre o autor
Bruno Ravaneli

Formando capuchinho, da província São Lourenço de Brindes (Pr/Sc).