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SUBSÍDIOS EXEGÉTICOS PARA A LITURGIA DOMINICAL ANO A Dia:13 de setembro 2020

Publicado por Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana (ESTEF) | 08/09/2020 - 09:48

SUBSÍDIOS EXEGÉTICOS PARA A LITURGIA DOMINICAL
ANO A
Dia:13 de setembro 2020
24º Domingo do Tempo Comum
Evangelho: Mt 18,21-35
Primeira Leitura: Eclo 27,33 – 28,9
Segunda Leitura: Rm 14,7-9
Salmo:  102,1-4.9-12 (R.8)
Evangelho
A pergunta de Pedro é crucial: “quantas vezes devo perdoar ao irmão que pecar contra mim?”
Está subentendido um limite ao perdão. Jesus fará ver que o perdão devido aos outros é
ilimitado. O “setenta e sete vezes” ou “setenta vezes sete” não é uma questão aritmética. É a
derrubada da lógica vingativa de Lamec, que é a lógica do ressentimento humano: “Caim é
vingado sete vezes, mas Lamec, setenta e sete vezes” (Gn 4,24).
O maior é aquele/a que sabe perdoar mais. Não por acaso a pergunta aparece na boca de
Pedro. Ele deve saber que não existem limites ao perdão, que se trata de um padrão indicador
onde ele é julgado pelo mesmo parâmetro com o qual julga os outros (7,1s), será tratado com
a mesma misericórdia que usou na sua relação com outros (6,12-15).
Mais profundamente ainda, a parábola que é própria de Mt, ilumina o contraste entre a lógica
gratuita de Deus e aquela dos seres humanos. E de como o perdão fraterno/sororal pode
nascer unicamente da experiência do perdão que cada um de nós recebe de Deus.
A parábola apresenta três cenas: a) um primeiro diálogo entre senhor e servo, no qual fala
somente o servo (v.23-27); b) um diálogo entre os servos (v.28-31); c) um segundo diálogo
entre senhor e servo, no qual fala somente o senhor (32-34). Na conclusão aparece um
versículo parenético (v.35).
As quantias na parábola são extraordinariamente contrastantes: cerca de trezentas e quarenta
toneladas de ouro (v.24) e menos de trinta gramas de ouro (v.28). O rei não perdoa a dívida na
esperança de ser ressarcido, mas somente porque “tendo-se compadecido” (v. 27:
splanchnistheís, um particípio que sempre é cristológico em Mt: 9,36; 14,14; 15,32; 20,34).
Portanto a esperança do servo não é conseguir pagar, mas somente a magnanimidade
(makrothymía, v.26) do seu senhor.
Nos v. 25 e 30 a identidade de comportamento ressalta como o servo quisera imitar o senhor
sem o sê-lo (porque não sabe ser misericordioso como ele). Os outros companheiros de
serviço “ficaram penalizados” com o ocorrido (observe a ressonância com 17,23; 26,22): uma
traição a Jesus está ocorrendo, uma subversão da lógica evangélica, de todo o ensinamento do

Mestre.
Nos v. 32-34 o senhor (kýrios) repreende asperamente o “servo mau” pela sua incapacidade
de ter compaixão: “Não devias, também tu, ter compaixão?” No texto aparece uma
“necessidade” formal; se utiliza o mesmo verbo que encontramos na primeira profecia da
paixão: deî, é necessário (16,21). É a necessidade evangélica de renunciar a si mesmo para
seguir Jesus (16,24).
Note-se a evidente correspondência entre os dois particípios “tendo-se compadecido” (v.27:
splanchnistheís) e “tendo-se irado” (v.34: orghistheís). O Senhor é compassivo e também
exigente, e a sua exigência é precisamente a misericórdia.
Relacionando com os outros textos
A perícope do Eclo aparece como um comentário a Lv 19,17-18: Deus se vinga do vingativo e
perdoa quem perdoa. É destacada a dimensão humana da solidariedade relacionada ao fim do
ser humano e a prática dos mandamentos da aliança.

Subsídio elaborado pelo grupo de biblistas da ESTEF

Dr. Bruno Glaab – Me. Carlos Rodrigo Dutra – Dr. Humberto Maiztegui – Me. Rita de

Cácia Ló

Edição: Prof. Dr. Vanildo Luiz Zugno

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Sobre o autor
Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana (ESTEF)

Faculdade de Teologia, iniciou suas atividades em 1986 no municipio de Porto Alegre -RS.