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SUBSÍDIOS EXEGÉTICOS PARA A LITURGIA DOMINICAL ANO A Dia: 27/09/2020

Publicado por Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana (ESTEF) | 23/09/2020 - 09:51

SUBSÍDIOS EXEGÉTICOS PARA A LITURGIA DOMINICAL ANO A
Dia: 27/09/2020
XXVI Domingo do Tempo Comum
Evangelho: Mt 21m18-32
Primeira Leitura: Ez 18,25-28
Segunda Leitura: Fl 2,1-11
Salmo:  24,4bc-5.6-7.8-9 (R 6a)
Evangelho
Todo o AT tem como meta fazer a vontade de Deus. As leis eram a expressão clara
deste desejo. Por isto mesmo, da parte das elites religiosas, não observar as leis era visto
como estar longe da vontade de Deus. Assim, quem não estava em dia com as leis, era
visto como maldito (Jo 7,49). Os verdadeiros filhos eram os que cumpriam todas as
prescrições (Lc 18,9ss). Os pecadores públicos e as prostitutas nem sequer eram vistos
como filhos de Deus. E, na opinião das elites religiosas, estariam excluídas do Reino de
Deus.
A justiça do Reino, trazida por Jesus entra em conflito com justiça da religião
petrificada das autoridades. Para começo de história, nesta parábola exclusiva de
Mateus, os dois são filhos do pai, tanto os “bons observantes da Lei”, como também os
pecadores que eram considerados malditos. O mesmo apelo é dirigido a ambos.
Depende agora da resposta dada por cada um.
Ter como herança toda história de Israel, desde Abrão, Moisés, os profetas pode ser um
solene “Sim” verbal a Deus. No entanto, não aceitar o Filho enviado pelo Pai (Mt
3,16s), é dar um solene “Não” na prática, pois a vontade do Pai se realiza no Filho.
Ninguém vai ao Pai se não for por Jesus (Jo 14,6). Não se está realizando a vontade do
Pai só observando a Lei do AT e rejeitando o seu Filho. Ele é a plenitude da revelação.
Fechando-se a Jesus, o plano do Pai não se realiza.
Muitos daqueles que não estavam em dia com a velha Lei, talvez por opção própria, ou
até, por serem ignorantes, ou não terem condições de cumpri-la, ao encontrar Jesus,
perceberam nele um apelo do amor de Deus aos pequeninos, coisa que as elites
religiosas, empedernidas nas leis, não perceberam. Por isto mesmo, muitos pecadores
impuros, em contato com o Filho, sentindo-se amados por Deus, abraçaram a Boa Nova
e se comprometeram com ela. No amor de Deus, manifestado em Jesus, encontraram o
caminho do Reino.

Este relato ilustra bem a comunidade de Mateus, dos anos 80. Muitas pessoas que não
se enquadravam na observância da antiga Lei, como queriam os escribas e fariseus,
formavam os fiéis discípulos de Jesus. O próprio Mateus que, como cobrador de
impostos era considerado pecador público, em Cristo encontrou seu caminho, deixando
para trás um tipo de vida desonesta, comprometendo-se com uma nova realidade. Na
comunidade cristã, tinha lugar para todos, desde que se abrissem à graça trazida pelo
mestre (cf. Ef 2,11ss).
Entrar no Reino (v.31) não é sinônimo de ir para o céu. Reino é uma realidade que já
começa aqui na terra, ou seja, a nova realidade onde as pessoas se comprometem com o
amor e a justiça, realidade esta que certamente culmina no céu, mas entrar ou não entrar
é algo daqui da terra. Em outras palavras, pecadores públicos e prostitutas, abrindo-se
aos apelos de Jesus entenderam a novidade do amor que acolhe a todos, por isto
entraram na lógica do Reino, enquanto os autossuficientes observantes do AT, que se
fecharam a Jesus, não puderam entrar nesta nova comunidade de verdadeiros irmãos
onde se acolhe o próximo no amor e na justiça de Deus. Logo, não é Deus quem impede
a estes entrar no Reino, mas a sua cegueira diante do enviado do Pai.
Relacionando com os outros textos
No Exílio da Babilônia, os exilados estão culpando a Deus pelos seus infortúnios.
“Nossos pais pecaram e nós pagamos a conta”. O profeta discorda desta visão e mostra
que Deus não está punindo os pais nos filhos. Cada um é responsável. Mesmo aqueles
que erraram, encontram em Deus a remissão.
Continuando a lógica do Reino refletida no evangelho, pode-se também perceber no
profeta que, um dia ter dado um sim a Deus e depois se fechar, não leva a nada. Mas
aqueles que que só despertaram mais tarde para o amor de Deus, sempre encontram nele
a graça do perdão. Assim aconteceu com Paulo, com Agostinho e como muitos outros.
Eles encontraram em Jesus o caminho que conduz ao Pai, mesmo que no passado
tivessem feito muito mal.

Subsídio elaborado pelo grupo de biblistas da ESTEF

Dr. Bruno Glaab – Me. Carlos Rodrigo Dutra – Dr. Humberto Maiztegui – Me.

Rita de Cácia Ló

Edição: Prof. Dr. Vanildo Luiz Zugno

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Sobre o autor
Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana (ESTEF)

Faculdade de Teologia, iniciou suas atividades em 1986 no municipio de Porto Alegre -RS.