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Ação de Graças que se transforma em Amor

Publicado por Frei Reymond Xavier | 19/06/2014 - 15:05

Diz-nos são João que Jesus tendo amado os seus que estavam no mundo amou-os até o fim (Jo 13, 1b). Que mistério de amor se oculta por trás destas palavras! Por isso, paremos e contemplemos este gesto maravilhoso e profundo com o qual Jesus, nosso Senhor, nos presenteou: o seu corpo e sangue.

O Divino Mestre sabendo que tinha chegado a sua hora decidiu amar-nos até o fim, isto é, tornar-se alimento, Pão da Vida que nos alimenta e dá coragem.

Ora, que isto fique gravado em nossas mentes e cravado em nossos corações: Jesus tornou-se alimento para nos fortalecer no dia a dia e em tudo. Não só em um momento, mas em todos os momentos de nossa vida Ele quis ficar muito perto de nós. Aliás, muito mais que isto: Ele quis ficar dentro de nós e conosco. Como Ele mesmo nos diz: Coragem! Eis que estou com vocês até o fim do mundo! E de que maneira Ele está tão intimamente unido a cada um de nós senão pela Eucaristia? Por isso, convém que seja repetido sempre e com maior intensidade: Ele nos amou até o fim.

Vejamos. Amou-nos! E não instruiu-nos; e não glorificou-nos; e não exaltou-nos; e não engrandeceu-nos e sim, amou-nos; Se há uma forma do modo como Deus está ao nosso lado e com cada um de nós é no Amor. Se Ele está com cada um de nós com seu poder o seu poder é, acima de tudo, amor; se está com cada um de nós com sua sabedoria a sua sabedoria é, acima de tudo, amor; se está com cada um de nós com misericórdia a sua misericórdia é, acima de tudo, amor; Mas não só amou-nos, mas amou-nos até o fim. E a Eucaristia é um gesto concreto de seu amor para com cada um de nós.

Por isso, tudo hoje nos convida a contemplar as maravilhas de Deus que se derrama abundantemente sobre a humanidade e sobre cada um de nós em particular. Assim é porque somos convidados a olhar para o grande mistério de amor que Deus tem para conosco. E, a melhor maneira de se aproximar e a de entrar neste mistério, ou seja, neste gesto de ardente e profundo amor que Deus tem pelos seus filhos e filhas, é com a humildade.

São Francisco dizia a todos os cristãos de seu tempo e também aos cristãos de todos os tempos: irmãos, peço a cada um de vocês, beijando os seus pés e com toda a humildade e caridade de que sou capaz que manifestem toda a reverência e toda a honra que forem capazes ao Santíssimo Corpo e ao Santíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo porque nele todas as coisas foram pacificadas: as da terra e as do céu. Ou seja, o que são Francisco pedia aos cristãos de seu tempo e a nós hoje é que aproximemos deste grande mistério de amor com grande humildade. Porque é por meio da humildade que poderemos nos aproximar totalmente sem nenhuma amarra ou impedimento daquele que totalmente se entrega a nós por amor. Sem humildade não nos aproximaremos de Deus da forma com ele se aproxima de nós. Por isso sejamos humildes para nos aproximarmos do Senhor que se entrega na forma de pão e de vinho.

Vejamos só a grande humildade de Deus! Jesus, o Filho de Deus, Rei dos céus e da terra, Senhor de tudo o que existe e, por meio de quem tudo foi feito, e para quem tudo foi feito, se humilha a ponto de se esconder na modéstia aparência de pão e de vinho para a nossa salvação.

Naquele gesto humilde de se abaixar e lavar os pés dos discípulos Jesus deixa-nos o exemplo. Lá os discípulos nada viam de sua divindade e, no entanto, foram convidados a seguirem o seu exemplo. Aqui, nada vemos de sua humanidade, mas somente de sua divindade na fé que temos de sua presença real nas humildes ofertas de pão e de vinho e também somos convidados a seguir o seu exemplo. Lá, com os apóstolos abaixar e lavar os pés uns dos outros; Aqui abaixar-se para que os outros possam achegar-se a nós; Lá eles não entendiam o gesto de Jesus; aqui, nós não queremos aceitar o gesto de Jesus.

E por que não queremos aceitar? Não queremos aceitar o gesto de abaixamento por meio do qual é aberta a porta de nossa vida de modo que o outro possa entrar, porque estamos muito voltados para nós mesmos e para os nossos próprios interesses. E isto nos vem de todos os lados. Vem das propagandas de televisão; vem dos sonhos de realização por meio do consumo; vem das conversas com amigos; vem do ambiente de trabalho; vem da sociedade; vem das novelas, enfim, vem de todos os lugares. Por isso, não queremos aceitar o gesto de Jesus: gesto de humildade e de abaixamento, de simplicidade e de ternura em vista do qual a pessoa do outro se apresenta a nós e a nossa vida.

E por que não aceitamos o gesto de Jesus? Porque intuímos que aceitar o gesto de Jesus é fazer o mesmo que ele fez: amar uns aos outros até o fim. É custoso para nós aceitarmos este gesto porque queremos: ser amados pelos outros até o fim, isto é, até o sacrifício de suas vidas.

Disse-nos Jesus: Se eu o Senhor e mestre vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz” (Jo 13, 15).

Eis a nossa tarefa, caros irmãos e irmãs: ser cristãos é realizar a obra de Cristo! E a obra de Cristo passa pelo gesto concreto, pela caridade concreta, pela solidariedade concreta, pela paz concreta, pelo sorriso concreto, pela humildade concreta, enfim, pela vida concreta. Não se ama um pobre na África e um doente da comunidade a não ser que você esteja na África com um pobre ou em um hospital solidarizando-se com a enfermidade de alguém de sua comunidade. Ou mais uma vez: dei-vos o exemplo: lavei os vossos pés. Façam o mesmo: Ame concretamente até o fim. Se isto fizermos teremos a vida em nós: Jesus Cristo. E assim a nossa alegria será completa.

 

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Sobre o autor
Frei Reymond Xavier
Reymond Xavier de Lima, Professo Perpétuo. Nasceu no ano de 1983 em Ceres-GO. Filho de Edson Vieira de Lima e Maria da Conceição Xavier de Lima.