17.08.1928 - Jaraguá do sul/Santa Catarina
31.05.2003 - Curitiba/Paraná
Frei Celso nasceu aos 17 de agosto de 1928, em Jaraguá do Sul-Santa Catarina. Foi batizado (29.9.1928) e crismado (27.4.1931) nessa mesma cidade e, em Nereu Ramos-Santa Catarina, fez sua primeira comunhão aos 29.06.1939.
Entrou no seminário Santo Antônio, em Butiatuba-Paraná, aos 7.9.1940, sendo diretor Frei Damião Antonio Girardi de Thiene. Sua vestição ocorreu na mesma casa de Butiatuba aos 5.1.1947, em cerimônia presidida pelo guardião Frei Beda Toffanello de Gavello. Frei Gaspar Zonta de Fellette acompanhou durante o noviciado como mestre de noviços. Fez sua primeira profissão temporária aos 02.02.1948, em Butiatuba, nas mãos de Frei Henrique Breda de Paese. Naquela época o superior provincial era Frei Inácio Dal Monte de Ribeirão Preto. Durante seus estudos de filosofia e teologia, emitiu a profissão perpétua aos 12.2.1951 na igreja Nossa Senhora das Mercês, sendo celebrante Frei Beda Toffanello de Gavello, e superior provincial Frei Patrício Kódermaz de Nébola. Recebeu os Ministérios do Leitorado (22.12.1951) e do Acolitado (29.3.1952) das mãos do arcebispo de Curitiba, Dom Manuel da Silveira D'Elboux, em nossa igreja Nossa Senhora das Mercês, Curitiba-Paraná, durante o superiorato de Frei Patrício Kódermaz de Nébola. Com dimissória de superior Frei Nereu José Bassi, recebeu o Diaconato na capela particular do Arcebispado de Curitiba, das mãos de Dom Manuel da Silveira D'Elboux. O mesmo arcebispo conferiu-lhe o presbiterato aos 5.12.1954, também em nossa igreja das Mercês.
Completou os cursos primário e ginasial em Butiatuba (1940-1945); quando trabalhava em Mandaguaçu cursou na Escola Normal São João Batista de La Salle (1964); estudou a filosofia e teologia (1948-1954) em nosso covento das Mercês, em Curitiba. Licenciou-se em filosofia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Mogi das Cruzes-São Paulo, em 1971. Além destes cursos fundamentais, frei Celso participou de outros cursos de formação permenente sobre pastoral, pastoral catequética, franciscanismo, especialização em Bioética e pastoral da saúde, psicologia da terceira idade e outros. Como capelão do Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba, demonstrou grande interesse em anualmente atualizar-se em questões de bioética, participando de cursos e encontros.
Trabalhou nos seguintes lugares: Butiatuba (1955-1957), Barra Fria-Santa Catarina (1958), Mandaguaçu (1959-1964), Bandeirantes (1965), Ponta Grossa (1966), Bandeirantes (1966-1970), Santo Antônio da Platina-PR (1971-1977), Vera Cruz do Oeste-Paraná 1979-1981), Reserva (1985-1986), Florianópolis (1987-1990), Umuarama (1991), Curitiba na Casa de Oração (1992), Laurentino-Santa Catarina (1993), Joinville na casa de Noviciado (1994), Santo Antônio da Platina (1994-1995), Curitiba (1996-2003).
Na fraterna local exerceu diversos encargos: vice-diretor do seminário Santo Antônio em Butiatuba; professor no seminário de Barra Fria-Santa Catarina; professor de religião em escolas públicas; superior e vice-superior local; assistente espiritual da OFS; diretor da escola vocacional de Laurentino.
Seu campo de apostolando extendeu-se a estes setores: vigário paroquial em diversas paróquias; pároco; reitor da igreja de Barra Fria-Santa Catarina; professor de religião em escolas públicas; auxiliar e membro da equipe missionária; assistente espiritual da OFS e animador vocacional. Desde 1997 até sua morte (2003) sempre trabalhou como capelão do hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba, atendendo aos doentes na parte da manhã e da tarde, mas residindo sempre no convento das Mercês. Durante seu período sabático (1997), viajou à Itália com a finalidade de estagiar e conhecer as capelanias de hospitais da região vêneta, onde eram capelães os capuchinhos da Província-mãe de Veneza.
Frei Celso tinha três irmãs religiosas e dois irmãos irmãos maristas. Conseguiu movimentar seus familiares para conhecer melhor os antepassados. Para isto, planejou e organizou um encontro geral com eles, que o realizou em nossa casa de Butiatuba.
Construiu a igreja matriz de Vera Cruz do Oeste-Paraná e outras capelas rurais em Mandaguaçu e lançou a pedra fundamental da capela do Canto da Lagoa, em Florianópolis (1989). Dedicou-se em organização sindicatos rurais. Em Bandeirantes, fundou o Clube Bandeirantes Vocacional e o Movimento Familiar Cristão, e fez muitas palestras e conferências para todo o professorado do curso primário para fins de catequese. Em Santo Antônio da Platina fundou o movimento do Serra Clube e com ele trabalhou intensamente em prol das vocações religiosas e sacerdotais. Suas iniciativas e seus trabalhos em favor das vocações eram bem conhecidos pelos seus confrades. Demonstrava verdadeira paixão por esta causa.
Tinha pendor também para trabalhos manuais. Gostava, desde os tempos de seminário, de trabalhar na carpintaria e consertos em geral. Esta característica conservou-a durante toda sua vida. Mostrava-se atento em consertar janelas, portas, chaves e semelhantes.
Nos encontros e reuniões, sempre pedia a palavra e falava com muita espontaneidade sobre o assunto em questão. Era constante na sua vida de oração e consagração religiosa, nos seus deveres com os irmãos da fraternidade local.
Seus últimos dias
Em abril de 2003, enquanto estava atendendo os doentes no Hospital Nossa Senhora das Graças, onde era capelão desde 1998, frei Celso Andriolli sentiu tonturas e dificuldades em falar. Atendido imediatamente, foi internado (23 de abril), onde permaneceu alguns dias para exames. Constatou-se a presença de coágulos nas carótidas. Desde os primeiros exames, a equipe médica julgou o caso não muito simples e o frei deveria submeter-se a uma cirurgia. Nosso Ministro provincial foi avisado que a cirurgia seria de risco. Frei Celso internou-se aos 28.05.2003, ou seja, após um mês de tratamento e repouso. Foi operado no dia seguinte (29.05) e a cirurgia durou quase todo o dia. Em si, a cirurgia ocorreu bem e passou a noite dentro da normalidade. Na manhã de 30 de maio, começaram as complicações: um coágulo impediu a oxigenação do cérebro, causando-lhe graves prejuízos; os aparelhos não acusavam atividade cerebral e, por isso, alguém divulgou que estava morto, quando na realidade seus pulmões e coração funcionavam, embora com auxílio de aparelhos. Seu falecimento foi mesmo constatado às 14h15 de 31.05. 2003, no hospital Nossa Senhora das Graças. O certidão de óbito elenca estas causas da morte: Apnéia central, Hipertensão endocraniana, Infarto cerebral hemisfério esquerdo.
Frei Celso sabia que sua cirurgia não seria simples, embora alimentasse grande esperança de melhorar e continuar em sua atividade. Os frades também conheciam a complexidade da cirurgia. Quando os médicos chamaram um dos superiores, na manhã de 30 de maio, frei Manoel Braz da Silva Noite (vigário provinciL) falou com os responsáveis sobre o caso. O médico cirurgião informou que frei Celso, antes da cirurgia lhe teria dito que "se viesse a falecer, paciência, mas que não o deixasse paraplégico".
No mesmo dia do falecimento de frei Celso, faleceu também, às 14h45 (hora italiana) o vigário geral da Ordem Capuchinha, Frei Antônio Ascenzi, vítima de acidente rodoviário ocorrido em Franco fonte, na Província de Catânia (Sicília), Itália.
Missa na igreja das Mercês
A missa exequial foi celebrada às 6h30 de 1.6.2003 (domingo da Ascenção), em nossa igreja matriz NOSSA SENHOra das Mercês, em Curitiba, presidida por Frei Moacir Antônio Nasato. Estavam presentes os freis das fraternidades da Cúria provincial e do convento das Mercês. Na acolhida, o definidor provincial Frei José Gislon lembrou o falecido, seus familiares e também o falecimento trágico do vigário geral da Ordem Capuchinha, Frei Antônio Ascenzi. Em sua breve homilia, Frei Moacir Antônio Nasato recordou que, quase dominicalmente, o falecido frei Celso celebrava a missa deste horário das 6h30. Lembrando a festa da Ascenção do Senhor – fato sempre vivo em nossa vida – acenou ao grande amor que o falecido Frei Celso nutria por Cristo, pela sua vida de consagração religiosa e pela sua missão de atender os doentes no hospital Nossa Senhora das Graças. Convidou os presentes a imitarem este legado ardoroso do falecido em viver a própria missão e vocação.
Funeral em Butiatuba
Terminada a celebração na igreja das Mercês, em Curiba, os restos mortais de Frei Celso foram transportados pela Funerária Almirante Tamandaré até nossa casa de Butiatuba, e levado diretamente à capela do cemitério, onde foi velado até a hora do sepultalmento (a missa exequial iniciou às 15h30).
Durante o dia foram chegando os familiares, parentes, frades, amigos e conhecidos de Frei Celso. Presenças especiais foram suas três irmãs religiosas (Ir. Tarcísia, Ir. Jovina e Ir. Leonora Andriolli) e um irmão Marista (Ir. Hilário). Um outro irmão Marista já é falecido. Note-se que, no dia do falecimento, estava sendo celebrado, em Ponta Grossa, o segundo Congresso Vocacional da Província, com o qual diversos freis estavam empenhados. O Ministro provincial, Frei João Dom Lovato, também participou do mesmo com uma palestra. Logo após o encerramento, viajou para Butiatuba para participar do funeral.
Missa - A missa exequial foi presidida pelo Ministro provincial, com início às 15h30, celebrada na frente da capela do cemitério, e concelebrada por diversos freis da Cúria Provincial, do convento das Mercês, da fraternidade de Butiatuba, da Vila Nossa Senhora da Luz, de Almirante Tamandaré, Santo Antônio da Platina, Foz do Iguaçu, Siqueira Campos. Um grupo de freis que estavam participando do segundo Congresso Vocacional fretaram um ônibus para a missa e funeral. No entanto, houve problemas com o veículo e somente chegaram os das duas casas de Ponta Grossa. Durante o mesmo Congresso Vocacional houve um momento especial no qual se destacou, de maneira forte, o trabalho vocacional frei Celso. Os postulantes, além dos comentários iniciais e durante a missa, participaram com cantos adaptados ao momento. O Ministro provincial lembrou o bem imenso feito pelo falecido Frei Celso através das missas celebradas, as inumeráveis confissões, palestras e atendimentos, batisados e unções dos enfermos por ele ministrados ao longo de sua vida.
Em sua homilia, o celebrante lembrou alguns traços do falecido: religioso e sacerdote zeloso e cheio de ardor; em todo lugar demonstrou grande empenho pelas vocações religiosas e sacerdotais principalmente em Santo Antônio da Platina e Vera Cruz do Oeste; diversos de nossos freis foram por ele acompanhados e encaminhados ao seminário, entre eles, Frei Antoninho Martins Ferreira, Frei Vanderlei Aparecido Sanches, Frei Jorge Corsini, Frei Daniel Alves de Castro, Frei Antônio Aparecido de Lima, Frei Luís Bernine, Frei João José dos Santos e várias jovens que são religiosas em algumas congregações. Tinha especial carisma e atenção pelo problema vocacional, estimulando os/as jovens em busca de outros caminhos na vida. Deixou marcas em sua vida. Pessoa de temperamento forte, pertinaz em suas idéias e planos. Deixou transparecer seu grande idealismo pela vida religiosa e sacerdotal, manifestado por seu zelo pela Igreja, pela evangelização. Homem de oração. Participou e vibrou com as Oficinas de Oração. O Ministro provincial narrou este fato: há uns 15 dias antes de seu falecimento, quando foi detectada a gravidade de sua doença pude falar com ele longamente em seu quarto. Gostava de sempre estar ocupado e sentia-se bem quando trabalhava com seus martelos, chaves de fenda e outros instrumentos de trabalho. Conversei longamente com ele sobre sua vida. Ele estava muito conformado com sua situação. Respondeu: "Conheço a gravidade da doença porque o médico de tudo me esclareceu. Eu tenho duas chances: a cirurgia, durante a qual poderei morrer; a outra é de tomar remédios, mas também posso morrer logo, embora tomando remédios. Sobre isto estou pensando seriamente. Creio que vou escolher a cirurgia. Vi muitos doentes operados da mesma doença e que os atendi na UTI. Eles melhoraram e voltaram para suas casas". Nossa conversa versou sobre isto. No fim, disse-me: "Afinal, a gente vive para servir a Deus e foi por isso que me tornei religioso e sacerdote. Procuro fazer tudo da melhor maneira possível. Espero, se Deus quiser, continuar trabalhando depois deste tratamento". Depois desta conversa, não tive mais contato com ele por causa de minhas viagens. No entanto, foi acompanhado pelo vigário provincial, Frei Manoel Braz da Silva Noite. Ele estava muito preparado para se encontrar com Deus. Aliás, toda sua vida foi uma preparação para este momento. Agora, estará olhando e rezando por todos nós.
A convite do Ministro provincial, houve também estes pronunciamentos:
- "Na última conversa que tive com ele, disse-lhe que ele foi missionário durante dez anos. Mas, agora, no Hospital Nossa Senhora das Graças ele cumpriu sua principal missão porque nele encaminhou mais almas para Deus do que em sua vida missionária. E ele me confirmou tudo. Nossa família conservará imensa gratidão por essas Irmãs, principalmente pela Irmã Hilda que o acompanhava em sua missão da pastoral da saúde. Só temos motivos para agradecer. E, lá do céu, invocá-lo porque ele é o mais jovem de nossa família religiosa que Deus levou. Ele nos está dizendo que vale a pena viver e morrer com Deus. A vida é tão breve que, de um dia para outro, podemos nos encontrar com o Senhor, e levaremos somente o que tivermos feito por Deus e para Deus".
- "Agradeço imensamente os frades capuchinhos. Quando frei Celso falava de São Francisco transfomava-se. Minha irmã contou-me que, um dia, ele explicou que são Francisco tanto se exaltou falando da glória de Deus que disse assim: Quase tenho a certeza que um dia até irá acabar com os demônios para mostrar a grande misericórdia de Deus. Aquilo me chamou muito a atenção e minha irmã Eleonora ficou impressionada. Fui diante do Tabernáculo, pedindo a Cristo que acabasse com o inferno! Agradeço as orações por ele e por toda a nossa família. Tenho a certeza que, lá do céu, ele nos concederá graças. Falando da Ascenção do Senhor, quero recordar que nosso pai faleceu no dia da Ascenção do Senhor e a mãe no dia da Assunção de Nossa Senhora. Nossos pais deram cinco filhos a Deus, mas Ele deu mais ainda para eles. Muito obrigado! (uma irmã de Frei Celso).
- "Em nome da Pastoral da Saúde, queremos agradecer a presença de Frei Celso em nosso Hospital Nossa Senhora das Graças. Era muito zeloso e constante em atender os doentes. Fazia questão de preparar-se para as liturgias. Em todas as quartas-feiras, por exemplo, ele se preparava estudando o folheto das missas, organizando suas homilias. Mostrava-se fervoroso e de intensa oração. Perseverante em missão. Tinha muito zelo pelo seu horário comunitário. Em nome de todas as religiosas do Hospital, agradecemos os freis capuchinhos pela presença de frei Celso em nossa Pastoral da Saúde. Vi grandes exemplos de oração, mesmo no hospital, quando ele, com o livro da Liturgia das Horas, se concentrava em Deus para fazer suas preces. Isto era um exemplo porque a gente vê que o mundo se esquece de louvar e agradecer o Senhor. Seu exemplo era mais do que uma pregação" (Uma religiosa do hospital).
- "Quero lembrar que Frei Celso, quando trabalhou em Santo Antônio da Platina, fundou o movimento Clube Serra em favor das vocações religiosas e sacerdotais. Conseguiu reunir jovens e outras pessoas. Até hoje, este trabalho do Clube Serra está marcado pela dedicação, amor, perseverança e zelo de Frei Celso" (pessoa de Santo Antônio da Platina).
Depois destes testemunhos, Frei João Daniel Lovato concluiu com estas palavras.
Frei Celso era um grande idealista. Lembro quando a gente trabalhava em Vera Cruz do Oeste. Lá havia muitos meninos pelas ruas da pequena cidade. Além de construir a grande bonita igreja de Vera Cruz do Oeste que, segundo o bispo, poderia ser a catedral da diocese, Frei Celso construiu uma oficina para ensinar os meninos o artesanato e outros trabalhos. Queria encaminhá-los para o bem com a catequese, ministrada por ele mesmo e pelas catequistas. Havia também outras pessoas que se prontificaram em ensinar aos meninos os trabalhos artesanais.
Diria que Frei Celso era uma pessoa que se empenhava em tudo o que fazia. Vamos conservar estes bons exemplos do frei e caminhemos em frente. Hoje estamos sepultando seu corpo, mas sabemos que intercederá por nós junto de Deus. Desejo agradecer todos os que trabalham no hospital Nossa Senhora das Graças. Temos certeza que os médicos, especialmente o Dr. João Cândido, e enfermeiros/as fizeram todo o possível para que Frei Celso pudesse continuar sua missão. Agradecemos todo esforço das Irmãs, dos médicos e enfermeiros/as, feito a favor do frei. Deus a todos abençoe e retribua. Possa a medicina avançar em suas descobertas maravilhosas como as que teve até agora. Na ação de graças, Frei Juarez De Bona recordou que os pais de Frei Celso morreram em festas de Nossa Senhora e que o mesmo frei também recebeu uma graça especial: morreu no dia 31 de maio, festa da Visitação de Maria e que, certamente ele estaria presenciando no céu a festa da coroação de Nossa Senhora. E assim motivou os presentes a cantarem o Magnificat. Antes de iniciar o rito da bênção do túmulo, os postulantes cantaram o Trânsito de São Francisco, canto que se usa aos 3 de outubro, lembrando a morte de São Francisco de Assis. Terminada a missa, procedeu-se a cerimnia do sepultamento, oficiada por Frei Manoel Braz da Silva Noite (vigário provincial), enquanto Frei José Gislon (Definidor provincial) dirigiu a colocação do caixão mortuário no túmulo.