Necrologia

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Frei Ângelo João Rozulen

30/10/1912
09/12/1982

30.10.1912 - Santo Antônio da Platina/Paraná
09.12.1982 - Curitiba/Paraná

Frei Ângelo nasceu aos 30 de outubro de 1912, em Santo Antônio da Platina, diocese de Jacarezinho. Vestiu o hábito em Curitiba, aos 2 de julho de 1935, sendo o seu mestre de noviciado Frei Barnabé Ivo Tenani. Emitiu a profissão temporária em Curitiba, aos 5 de julho de 1936 e, os votos perpétuos, nas mãos de Frei Tarcísio Mastena de Bovolone, aos 9 de julho de 1939, na igreja de Nossa Senhora das Mercês, Curitiba.

Com entusiasmo iniciou sua vida religiosa, passando por várias fraternidades da nossa Província. Curitiba (1940-1941; 1942-1947; 1949-1950) 1968, Barra Fria (1941, 1947-1948), Engenheiro Gutierrez (1951-1968), Santo Antônio da Platina (1969), Siqueira Campos (1970) e Butiatuba (1971-1982)

Frei Ângelo faleceu na noite do dia 9 de dezembro de 1982, em Butiatuba. Como não aparecesse na oração da manhã, os freis começaram procurá-lo. Foi encontrado morto, sentado numa poltrona, na sala da televisão. O médico julgou que teria falecido pelas 21h30 e constatou a causa da morte um infarto agudo do miocárdio. Conta-se que no dia anterior tinha ido a Curitiba para cortar o cabelo e confessar-se.

Comunicando seu falecimento no boletim «Atos» da Província, assim se escreveu: "Frei Ângelo, você partiu. Partiu e nos deixou assim, naquela sensação de devedores em atraso, com o cheque assinado na mão. Você foi. mas a sua imagem antitética de uma aparente fragilidade física e um espírito veemente vai demorar muito tempo para se esvair do nosso espírito. O seu perfeccionismo nas coisas, a eterna insatisfação do opus imperfectum. A angústia existencial, não pela explicação, mas pela conciliação dos contrários, na harmonia de uma graça que se anuncia, retardando, contudo, em fazerse presente. Uma distância quase cismática entre o ideal perseguido e a realidade disponível. O preço e o peso de alguma decisão obediencial": 'Quando eu era jovem, queria ser padre: não me deixaram. Agora que sou velho, me deixam; mas para mim é tarde. Por que será que a gente é assim' "?

Uma formação radical, mais a estoicismo que a cristianismo, com muito de anjo e pouco de homem, bem distante do Irmão de Assis. Era visão préconciliar da vida religiosa, mais empenhada na luta contra o mal do que na realização do bem. Se os votos foram todos eles para você uma opção desafiante, o desafio foi assumido: "Sei em quem acreditei".

Um dia Ele me mandou dar um salto no escuro. No começo hesitei, mas depois pulei. Um tombo, uns arranhões, mais susto que ferimentos. é que Ele também pulou e estava a meu lado. E caminhamos juntos, passo a passo, dialogando em silêncio...' "Três vezes roguei ao Senhor... e ele me respondeu: Basta-te a minha graça".

Esta foi a tua e a nossa história de Província emergente: inexperiência, tateamentos, procura do próprio caminho. Frei ângelo, adeus! E deixenos contemplar ainda por algum tempo a foto panorâmica, em preto e branco, da tua vida: Uma batalha renhida, alguns lances perdidos, aqui e ali mortos e feridos. Mas, no fim, o saldo positivo da vitória final. E para concluir, uma pergunta: Será que os santos não foram assim?"».

Está sepultado no cemitério de Butiatuba.

Frei Inácio Minali

16/02/1920
11/12/2007

*16.02.1920 Serra Negra-SP

+11.12.2007 Curitiba-PR

FREI INÁCIO, filho de Ângelo Minali e de Zefira Garutti, nasceu em Serra Negra-SP, então diocese de Campinas, hoje, de Amparo. Era de uma família composta por 12 irmãos e Frei Inácio era o quarto mais velho. Foi batizado na paróquia NOSSA Senhora do Rosário, em Serra Negra, aos 20.02.1920.   Recebeu o sacramento do Crisma na paróquia Santa Gertrudes, diocese de Limeira-SP, aos 29.07.1920.           Em Cosmópolis, capela da paróquia Santa Gertrudes-SP, fez a Primeira Comunhão em 1932.

Frei Inácio viveu até os 30 anos com seus familiares, trabalhando em diversas atividades. Tendo mudado para Bandeirantes, no Paraná, conheceu os capuchinhos e em setembro de 1950 foi recebido no convento Nossa Senhora das Mercês, em Curitiba, mas viveu seus primeiros anos na fraternidade de Butiatuba, onde pôde completar os primeiros estudos. Mais tarde cursou o ginásio em Almirante Tamandaré, concluindo-o em 1976. Foi considerado, tanto pelos professores como pelos colegas, um aluno exemplar.

Após três anos de preparação, foi para Barra Fria-SC (hoje, Lacerdópolis), onde, aos 17.7.1954 iniciou o ano de noviciado sob a guia do mestre, Frei Germano Barison de LioNossa Segundo a tradição de então, trocou o nome de Ângelo (nome de Batismo) por Frei Inácio, que o conservou sempre.

Emitiu a profissão temporária aos 25.7.1955, nas mãos de Frei Bamabé Tenani, e a perpétua aos 21.12.1958 na fraternidade do Seminário Santa Maria, em Riozinho- PR, em cerimônia presidida por Frei Mansueto Bozic de Vipacco.

Frei Inácio sempre viveu como religioso e residiu nestas fraterni­dades: Butiatuba (1956,1971-1985; 1988-1992), Riozinho (1961-1963, 1968-1970), Siqueira Campos (1957- 1961; 1963-1965), Curitiba (1965- 1968,1986-1987,1999-2007), Joinville (1992-1997). Em 1989, por ocasião de suas bodas de vida religiosa, fez uma viagem à Europa, visitando os lugares franciscanos na Itália, Lourdes na França e Fátima em Portugal.

Nos lugares onde esteve de­senvolveu estas principais atividades: auxiliar de cozinha, hortelão, cozi­nheiro, chacareiro, assistente de vo­cações adultas, à disposição do Ministro Provincial, recepcionista e responsável pelo parque de Butiatuba, diversos serviços gerais nas fraternidades. Passou os últimos anos de sua vida no convento das Mercês em tratamento e auxiliando em atividades de limpeza da quadra do convento das Mercês. Nos últimos anos, começou a perder, progressiva­mente, a noção do tempo e lugar por causa do mal de Alzheimer e necessitou, ultimamente, acompa­nhamento constante.

Antes de seu falecimento passou mais de um mês na UTI do Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba, e quase sempre sedado para deixá-lo mais calmo de suas convulsões provocadas, em parte, pelo mal de Alzheimer. Faleceu no mesmo hospital às 10h30 de 11.12.2007. 0 laudo médico constatou disfunção de múltiplos órgãos, broncopneumonia aspirativa, demência senil e con­vulsões.

Seu corpo foi levado ao nosso convento de Butiatuba e ali, velado. Às 9h30 de 12.12.2007, foi iniciada a missa de corpo presente, presidida pelo Ministro Provincial, Frei Cláudio Nori Sturm, com a presença de Freis que representaram as fraternidades de Butiatuba, de Curitiba (convento das Mercês, Cúria Provincial, Vila Nossa Senhora da Luz, capela São Leopoldo Mandic, Casa de Oração, Almirante Tamandaré), de Ponta Grossa (convento Bom Jesus, paróquia Imaculada Conceição, Equipe Missionária). Estavam presentes dois de seus irmãos: Luís e Jesus Minali, além de outras pessoas conhecidas. A encomendação final foi feita pelo Vigário Provincial (Frei Darci Roberto Catafesta) e Frei Luizinho Marafon (Definidor Provincial) benzeu o túmulo.

Durante a missa, o Ministro Provincial comentou, em sua homilia, a festa de Nossa Senhora de Guadalupe unindo-a a diversos aspectos desta devoção marial coma vida de Frei Inácio. Com suas reflexões e as de Freis e outras pessoas presentes, a vida de Frei Inácio pode assim ser resumida:

Como São João Diego, impul­sionado pelas mensagens de Nossa Senhora de Guadalupe, soube fazer sua caminhada e peregrinação de fé, assim foi com Frei Inácio. Com muita simplicidade, sempre serviçal e disponível ao serviço dos irmãos, Frei Inácio fez bela caminhada de fé na vida religiosa. Embora tenha entrado com 30 anos de idade, assimilou, com facilidade, os valores da vida capuchinha, traduzindo-os com simplicidade na vida das fraternidades onde viveu.

Foi jovial, alegre e constante em seus trabalhos, desenvolvidos com amor e simplicidade. Demonstrou en­tusiasmo e vitalidade impressionante tanto nos trabalhos como em horas de lazer. Amava o futebol, jogando, nos dias festivos, de manhã e de tarde, mas nunca faltava aos momentos de oração pessoal e comunitária.

Nas horas livres, mesmo ouvindo jogos pela rádio, ele tinha seu terço na mão e rezava. A devoção marial foi uma constante em sua vida. Amava a Ordem e a Província, demonstrando seu amor pela interioridade de vida, com a perseverança na oração, no trabalho e na vivência do carisma franciscano. Tomou-se exemplo de vida profunda na casa de noviciado e em outras fraternidades.

Revelava sempre uma alma aberta, livre, mostrando ser um frade feliz, realizado e com transparência que se assemelhava à infância espiritual. Frade satisfeito com sua vocação, testemunhando-a através do serviço e disponibilidade aos irmãos e à fraternidade.

Frei Inácio viveu a promessa desta bem-aventurança de Cristo: “Felizes os puros de coração porque verão a Deus”. Viveu de maneira simples, com inocência de mente e coração. Nele não se percebiam malícias ou segundas intenções. Viveu esta bem-aventurança que, agora, o toma mais feliz ainda na glória do céu. Como São Francisco de Assis, amou muito a natureza e está o elevava a Deus. Seu grande livro de oração foram o rosário e a natureza. Com eles se realizou, cumpriu as etapas da vida religiosa, tomando-se grande companheiro na vida fraterna, no serviço simples do dia-a-dia, que fazia com amor e dedicação. Esse amor à natureza manifestou pelas inúmeras árvores que ele plantou principalmente em Butiatuba e na antiga casa de noviciado, em Joinville-SC. Com seu trabalho, oração e coerência tomou- se exemplo de vida também para os formandos que, nas diversas etapas, estiveram ao seu lado.

No início de sua formação religiosa, Frei Inácio sofreu bastante com os ataques de epilepsia. Houve casos em que ele, sendo epiléptico e trabalhando em lugares perigosos, bastava ouvir a voz do superior, logo se retirava e até ia rezar na capela. Alguns frades aconselharam-no a fazer uma novena a São Leopoldo Mandic para que o libertasse desses males. Ele a fez com muita fé e devoção. O certo é que, depois da novena, nunca mais nele se repetiram esses ataques epilépticos.

Foi exemplo de humildade, oração, trabalho intenso, de obediência e pobreza. Tinha apenas o indispensável para a vida. Quando morava em Joinville e dormindo com a janela aberta, os ladrões entraram pelo quarto dele. Perguntado por eles porque deixou a janela aberta, Frei Inácio simplesmente respondeu aos ladrões que não tinha nada para ser roubado!

Seu irmão de família (Luiz) re­forçou a ideia que Frei Inácio, mesmo antes de entrar no convento dos Freis, gostava muito de rezar e o fazia com frequência. Percebia-se nele a necessidade de pertencer a uma Ordem, como a dos Capuchinhos. Luiz agradeceu os Freis por terem acolhido seu irmão, onde se sentiu

realizado como capuchinho.

Frei Inácio permanecerá em nossa memória e será nosso intercessor, confirmou o Ministro Provincial. Exemplo de frade simples, humilde e de devoção muito grande e espiritualidade ao qual se pode aplicar a frase de Jesus: “Quem se fizer como uma criança, tomar-se-á grande no reino dos céus”.

Frei Inácio repousa em nosso cemitério de Butiatuba, onde seu nome e seus exemplos continuarão a transmitir mensagens de vivência franciscana.

Frei Bernardo (Francisco Felippe)

08/07/1930
13/12/2016

Fr. Bernardo, filho de José Felippe e Catharina Coziolo nasceu em Ribei­rão Claro-PR, aos 08.07.1930. Seus pais vieram casados da Iugoslávia, com o primeiro filho. São três irmãos: Adão (foi seminarista em Butiatuba), Pedro (faleceu com 10 anos). Fr. Bernardo é o último. Foi bati­zado aos 20.07.1930 com o nome de Francisco Felippe. Em Joaquim Távora-PR, foi cris­mado aos 30.12.1935 e recebeu a primeira eucaristia aos 29.06.1938, das mãos de fr. Tarcísio de Bovolone.

Entrou no Seminário Santo Antônio, em Butia­tuba aos 07.07.1940. O diretor de então era Ffr. Damião de Thiene. Neste local, recebeu o hábito capuchinho aos 24.12.1945 com o nome de Frei Bernardo Maria de Ribeirão Claro. O mestre de noviciado foi fr. Gaspar de Fellette. Emitiu a profissão temporária aos 29.12.1946 nas mãos de fr. Henrique de Treviso. Nas Mercês emitiu os votos perpétuos aos 15.08.1951. Re­cebeu os ministé­rios de leitor, aos 22.12.1951 e acólito, aos 29.03.1952. Foi ordenado diácono, aos 21.03.1953, na igreja Imacu­lado Coração de Maria (claretianos), por Dom Manuel da Silveira D'Elboux. Recebeu a ordenação sacerdotal das mãos de D. Carlos de Sabóia Bandeira de Melo, bispo de Palmas, no dia 19.09.1953, na igreja das Mercês. Celebrou a primeira missa solene em Butiatuba no dia do seu onomástico e bênão da imagem de São Francisco de Assis: 4 de outubro de 1953.

Residências: Fr. Bernardo trabalhou como sacerdote nos seguintes lugares: Curiti­ba:Mercês, 1954-1955;1957-1962;1966-1967; 2012-2016; Ponta Grossa: Imaculada, 1955-1957; Ponta Grossa: Bom Jesus, 1962-1965; 1969-1976; 1978-1980;1986-1990; Siqueira Campos:Convento N. Sra. de Fátima (Seminário São José): 1967-1968; Postulantado São Conrado de Parzão, 1982-1984; Florianópolis, 1976-1978; Uraí, 1980; Curitiba: Cúria Provincial, 1981; Ponta Grossa: São Cristóvão,1985; Curitiba: Casa de Oração, 1991; Joinville: Noviciado, 1992-1994; Siqueira Campos, 1995-1996; Arapongas, 1996-2000; Londrina, 2001-2012.

Além dos estudos normais de Filosofia e Teologia era Licenciado em Letras Clássicas, pela Universidade do Paraná.

Exerceu os seguintes cargos na Província: vigário pa­roquial, pároco, professor,  diretor dos filósofos, diretor dos teólogos, mestre de postulantes, mestre de noviços, secretário da formação, secretário provin­cial, ecônomo provincial, 2º Assistente  do Comissariado, 2º Definidor provincial, 1º Definidor provincial, Vigário Provincial (duas vezes),  Ministro Provincial.

Participou, como provincial, do Capítulo Geral, em Roma, no ano de 1970.

Desde agosto de 2012 se encontrava enfermo no Convento das Mercês. Sua saúde foi definhando e veio a falecer no Hospital N. Sra. das Graças, em Curitiba, na manhã do dia 13 de dezembro de 2016.

Fr. Bernardo distinguiu-se como aluno inteligente (o mais novo de sua turma e com melhores notas). Em todos os cargos que desenvolveu na Província sempre se demonstrou muito competente, responsável, dedicado, desprendido, disponível, atualizado, fraterno, discreto, humano, compreensível. Falava pouco a atuava muito.  Um exemplo raro de frade.  

Contava 86 anos de idade, 70 anos de Vida Religiosa e 63 de Vida Sacerdotal.

Foi sepultado no cemitério dos Freis da Província, em Butiatuba.

Frei Mário de Irani

02/12/1935
19/12/1963

02.12.1935 - Irani/Santa Catarina
19.12.1963 - Curitiba/Paraná

Frei Mário, filho de Luiz Galvan e Angelina Camuzatto, nasceu em Irani Santa Catarina, aos 2 de dezembro de 1935. Fez o ginásio no seminário de Barra Fria e de Butiatuba. Ingressou na Ordem com 18 anos de idade no dia 1º de fevereiro de 1954. Vestiu o hábito capuchinho a 1º de feverereiro de 1954, em Barra Fria, tendo por mestre de noviciado Frei Germano Barison de Lion. Emitiu os votos temporários aos 2 de feverereiro de 1955.

Em Curitiba, no convento das Mercês, estava concluindo o primeiro ano de filosofia. Ele mesmo descreveu o acidente, em sua autobiografia escrita no hospital Nossa Senhora das Graças: "Era o dia 11 de novembro de 1955 (...) Frei Amadeu de Capinzal e eu, marchamos torre acima (das Mercês) em busca de uma corda. (...) Partimos. (...) Chegamos, no pasto da casa dos pais de Frei Estanislau de Pilarzinho. Conversamos alegres até chegarem os portadores dos instrumentos. Amarrada uma pedra numa das pontas da corda, experimentamos lança-la por cima de alguns galhos do pinheiro. Falharam os primeiros golpes. (...) De novo... pegou! Fiz o sinal da cruz e toquei para cima. Parei numa forquilha, ali posta com antecedência. Naquele momento, um frei, da outra banda do córrego começou rolar pedras morro abaixo fazendo um barulhão danado. (...) por um triz não arrepiei caminho. (...) Enfim, abracei o pinheiro, agarrei a corda e subi. Fui indo. Parei. Não dava mais. De baixo, os demais gritavam: "Mais um pouco! Está perto! Força!". Qual o quê. Faltou gasolina. O único recurso era voltar. E voltei. As forças iam faltando. Procurei alcançar logo a forquilha. Naquilo me desprendi. Robei para baixo e cai quase de costas. Quis levantar... da cintura para baixo estava tudo amortecido. Quis falar e consegui gaguejar um pouco. Percebi logo que fraturara a espinha dorsal. O que senti no momento não sei descrever. Os companheiros queriam convencer-me que não era nada, mas estavam mais espantados do que eu. Transportaram-me um pouco mais para cima e fiquei deitado na grama. Dois estudantes correram para o convento das Mercês avisar o diretor. Logo depois chegou o jipe para me carregar ao hospital. Não foi possível. Uma hora depois chegou uma ambulância. Como foi horrível a viagem (...)".

Frei Mário nunca mais pôde levantarse, pois fraturara a espinha dorsal, tornando-se paraplégico. Tinha apenas 20 anos. Superiores e confrades fizeram de tudo com médicos e especialistas para reavivar os movimentos de Frei Mário. Um médico que o acompanhava suspeitou que a medula estivesse apenas comprimida e props ao guardião das Mercês, Frei Cassiano (Orlando Busatto), fazer uma cirurgia da vértebra, com esperanças de recuperação. A proposta foi aceita e Frei Orlando assistiu a cirurgia. Infelizmente, não obstante esta intervenção, o estado de Frei Mário continuou irreversível. Ao invés de lamentar-se, procurava ser útil, ocupando o tempo com aulas complementares, trabalhos artesanais e confecção de terços.

No Hospital, emitiu a profissão perpétua aos 2 de fevereiro de 1962.

Merece destaque especial o cuidado zeloso que as Irmãs Vicentinas dispensaram a ele durante os oito anos que permaneceu no Hospital Nossa Senhora das Graças.

Frei Mário faleceu neste hospital no dia 19 de dezembro de 1963. Tinha 28 anos de idade. Seus restos mortais repousam na capela-ossário de Butiatuba.

Frei Belino Pellin de Treviso

23/12/1885
01/12/1960

23.12.1885 - Santa Bona/Itália
01.12.1960 - Curitiba/Paraná

Nasceu em Santa Bona (Itália), diocese de Treviso, aos 23 de dezembro de 1885. Concluído o ginásio no seminário de Verona, aos 25 de maio de 1901 entrou no noviciado de Bassano, tendo como mestre Frei Alberto de Conegliano. Após sua primeira profissão religiosa (26.05.1902) na casa de noviciado, emitiu a perpetua (06.09.1905) em Veneza, sendo ministro provincial Frei Serafim de údine. Cursou filosofia e teologia em Pádua e Veneza. No dia 8 de novembro de 1908 foi ordenado sacerdote pelo Cardeal Patriarca Aristides Cavallari.

De outubro de 1912 a junho de 1914 foi professor no seminário de Verona. Sua índole vivaz e entusiasta lançouo à conquista do Reino em terra dálmata. Com a Guerra de 19141918 foi enviado pelos austríacos ao convento de Leibnitz (Áustria). No meio de sofrimentos e renúncias amadureceu seu ideal missionário.

Despediu-se de sua terra natal aos 16 de novembro de 1922 e, com Frei Leonardo de Fellette veio ao Brasil. Chegaram ao Paraná aos 5 de dezembro de 1922.

Inicialmente trabalhou em Jacarezinho (1923-1926) como vigário paroquial. Em seguida, foi nomeado pároco de Siqueira Campos onde permaneceu de 8 de março de 1926 até 29 de fevereiro de 1952. Tornou-se um apóstolo de Siqueira Campos durante 27 anos. Exerceu o cargo de superior local e pároco em Ponta Grossa, na igreja Imaculada Conceição (1953-1954) e em Guaratuba (1955-1960).

Desde 1925 até 1941 e de 1951 a 1954, além dos trabalhos paroquiais, desempenhou o encargo de 1 e 2 conselheiro da Missão e da Custódia. Em quase todos os lugares onde viveu, sempre foi superior local. Cultivou povo siqueirense no amor, com a paixão de um santo. Era tido em alta consideração pelas autoridades civis. Defendia sua gente das intrigas que os maus faziam para obstaculálo no bem. Vivia totalmente pelo seu povo e a todos dava acertados conselhos.

Assíduo confessor, passava muitíssimas horas no confessionário. Batalhou incansavelmente até conseguir que a imagem do Senhor Bom Jesus da Cana Verde permanecesse para sempre em Siqueira Campos. Cultivou uma intensa vida interior. Pelos seus merecimentos o povo e o Município de Siqueira Campos conferiulhe o título de «Cidadão Honorário Siqueirense».

Além do ministério pastoral foi um colaborador sincero, um conselheiro bem iluminado no governo da Custódia. Amava os confrades e sempre tinha uma palavra de encorajamento para os estudantes.

Uma longa enfermidade cardíaca o levou à morte no hospital da Santa Casa de Misericórdia em Curitiba, a 1 de dezembro de 1960. Foi sepultado no cemitério de Siqueira Campos e ainda hoje sua é lembrado com muita gratidão por aquele povo. Restos mortais – Segundo dizem, no seu sepultamento, houve certa confusão. Seu túmulo não estava preparado. Por isso, foi colocado em túmulo bem simples, perto do atual que aparece naquele cemitério. Após o término do mesmo, não se explica como não houve interesse de exumar Frei Belino e depositar seus restos mortais no novo túmulo. O povo visitava e continua visitando esse novo túmulo para orar por Frei Belino quando, na verdade, seus restos se encontravam em túmulo lateral. Neste ano de 2006, a Prefeitura de Siqueira Campos estava para limpar os túmulos antigos e abandonados. Os conveiros abriram também o túmulo abandonado de Frei Belino. Interessante também notar que, no registro do cemitério (que depende da Prefeitura local) não constava o falecimento de nosso Frei Belino. No caixão, ainda encontraram o hábito capuchinho e, por isso, fecharam o túmulo e avisaram que de direito. O caso foi conhecido pelos nossos freis que o relataram ao Ministro Provincial. Frei José Gislon (Min. Prov.), na viagem que fez ao norte do Paraná nesta semana, passou por Siqueira Campos. Os restos mortais de frei Belino foram exumados aos 12.04.2006, na presença de Frei Gislon, que os trouse para Curitiba. Permaneceram na Cúria Provincial apenas durante uma noite, porque, aos 13.04.2006, ele mesmo os levou para Butiatuba. A cerimônia foi bem simples,, com a participação dos freis da fraternidade de Butiatuba e dos postulantes. Lembrou-se a sua vida, seu trabalho em Siqueira Campos. Logo após, os restos mortais foram depositados numa urna no interior da capela de nosso cemitério de Butiatuba.

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