*16.02.1920 Serra Negra-SP
+11.12.2007 Curitiba-PR
FREI INÁCIO, filho de Ângelo Minali e de Zefira Garutti, nasceu em Serra Negra-SP, então diocese de Campinas, hoje, de Amparo. Era de uma família composta por 12 irmãos e Frei Inácio era o quarto mais velho. Foi batizado na paróquia NOSSA Senhora do Rosário, em Serra Negra, aos 20.02.1920. Recebeu o sacramento do Crisma na paróquia Santa Gertrudes, diocese de Limeira-SP, aos 29.07.1920. Em Cosmópolis, capela da paróquia Santa Gertrudes-SP, fez a Primeira Comunhão em 1932.
Frei Inácio viveu até os 30 anos com seus familiares, trabalhando em diversas atividades. Tendo mudado para Bandeirantes, no Paraná, conheceu os capuchinhos e em setembro de 1950 foi recebido no convento Nossa Senhora das Mercês, em Curitiba, mas viveu seus primeiros anos na fraternidade de Butiatuba, onde pôde completar os primeiros estudos. Mais tarde cursou o ginásio em Almirante Tamandaré, concluindo-o em 1976. Foi considerado, tanto pelos professores como pelos colegas, um aluno exemplar.
Após três anos de preparação, foi para Barra Fria-SC (hoje, Lacerdópolis), onde, aos 17.7.1954 iniciou o ano de noviciado sob a guia do mestre, Frei Germano Barison de LioNossa Segundo a tradição de então, trocou o nome de Ângelo (nome de Batismo) por Frei Inácio, que o conservou sempre.
Emitiu a profissão temporária aos 25.7.1955, nas mãos de Frei Bamabé Tenani, e a perpétua aos 21.12.1958 na fraternidade do Seminário Santa Maria, em Riozinho- PR, em cerimônia presidida por Frei Mansueto Bozic de Vipacco.
Frei Inácio sempre viveu como religioso e residiu nestas fraternidades: Butiatuba (1956,1971-1985; 1988-1992), Riozinho (1961-1963, 1968-1970), Siqueira Campos (1957- 1961; 1963-1965), Curitiba (1965- 1968,1986-1987,1999-2007), Joinville (1992-1997). Em 1989, por ocasião de suas bodas de vida religiosa, fez uma viagem à Europa, visitando os lugares franciscanos na Itália, Lourdes na França e Fátima em Portugal.
Nos lugares onde esteve desenvolveu estas principais atividades: auxiliar de cozinha, hortelão, cozinheiro, chacareiro, assistente de vocações adultas, à disposição do Ministro Provincial, recepcionista e responsável pelo parque de Butiatuba, diversos serviços gerais nas fraternidades. Passou os últimos anos de sua vida no convento das Mercês em tratamento e auxiliando em atividades de limpeza da quadra do convento das Mercês. Nos últimos anos, começou a perder, progressivamente, a noção do tempo e lugar por causa do mal de Alzheimer e necessitou, ultimamente, acompanhamento constante.
Antes de seu falecimento passou mais de um mês na UTI do Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba, e quase sempre sedado para deixá-lo mais calmo de suas convulsões provocadas, em parte, pelo mal de Alzheimer. Faleceu no mesmo hospital às 10h30 de 11.12.2007. 0 laudo médico constatou disfunção de múltiplos órgãos, broncopneumonia aspirativa, demência senil e convulsões.
Seu corpo foi levado ao nosso convento de Butiatuba e ali, velado. Às 9h30 de 12.12.2007, foi iniciada a missa de corpo presente, presidida pelo Ministro Provincial, Frei Cláudio Nori Sturm, com a presença de Freis que representaram as fraternidades de Butiatuba, de Curitiba (convento das Mercês, Cúria Provincial, Vila Nossa Senhora da Luz, capela São Leopoldo Mandic, Casa de Oração, Almirante Tamandaré), de Ponta Grossa (convento Bom Jesus, paróquia Imaculada Conceição, Equipe Missionária). Estavam presentes dois de seus irmãos: Luís e Jesus Minali, além de outras pessoas conhecidas. A encomendação final foi feita pelo Vigário Provincial (Frei Darci Roberto Catafesta) e Frei Luizinho Marafon (Definidor Provincial) benzeu o túmulo.
Durante a missa, o Ministro Provincial comentou, em sua homilia, a festa de Nossa Senhora de Guadalupe unindo-a a diversos aspectos desta devoção marial coma vida de Frei Inácio. Com suas reflexões e as de Freis e outras pessoas presentes, a vida de Frei Inácio pode assim ser resumida:
Como São João Diego, impulsionado pelas mensagens de Nossa Senhora de Guadalupe, soube fazer sua caminhada e peregrinação de fé, assim foi com Frei Inácio. Com muita simplicidade, sempre serviçal e disponível ao serviço dos irmãos, Frei Inácio fez bela caminhada de fé na vida religiosa. Embora tenha entrado com 30 anos de idade, assimilou, com facilidade, os valores da vida capuchinha, traduzindo-os com simplicidade na vida das fraternidades onde viveu.
Foi jovial, alegre e constante em seus trabalhos, desenvolvidos com amor e simplicidade. Demonstrou entusiasmo e vitalidade impressionante tanto nos trabalhos como em horas de lazer. Amava o futebol, jogando, nos dias festivos, de manhã e de tarde, mas nunca faltava aos momentos de oração pessoal e comunitária.
Nas horas livres, mesmo ouvindo jogos pela rádio, ele tinha seu terço na mão e rezava. A devoção marial foi uma constante em sua vida. Amava a Ordem e a Província, demonstrando seu amor pela interioridade de vida, com a perseverança na oração, no trabalho e na vivência do carisma franciscano. Tomou-se exemplo de vida profunda na casa de noviciado e em outras fraternidades.
Revelava sempre uma alma aberta, livre, mostrando ser um frade feliz, realizado e com transparência que se assemelhava à infância espiritual. Frade satisfeito com sua vocação, testemunhando-a através do serviço e disponibilidade aos irmãos e à fraternidade.
Frei Inácio viveu a promessa desta bem-aventurança de Cristo: “Felizes os puros de coração porque verão a Deus”. Viveu de maneira simples, com inocência de mente e coração. Nele não se percebiam malícias ou segundas intenções. Viveu esta bem-aventurança que, agora, o toma mais feliz ainda na glória do céu. Como São Francisco de Assis, amou muito a natureza e está o elevava a Deus. Seu grande livro de oração foram o rosário e a natureza. Com eles se realizou, cumpriu as etapas da vida religiosa, tomando-se grande companheiro na vida fraterna, no serviço simples do dia-a-dia, que fazia com amor e dedicação. Esse amor à natureza manifestou pelas inúmeras árvores que ele plantou principalmente em Butiatuba e na antiga casa de noviciado, em Joinville-SC. Com seu trabalho, oração e coerência tomou- se exemplo de vida também para os formandos que, nas diversas etapas, estiveram ao seu lado.
No início de sua formação religiosa, Frei Inácio sofreu bastante com os ataques de epilepsia. Houve casos em que ele, sendo epiléptico e trabalhando em lugares perigosos, bastava ouvir a voz do superior, logo se retirava e até ia rezar na capela. Alguns frades aconselharam-no a fazer uma novena a São Leopoldo Mandic para que o libertasse desses males. Ele a fez com muita fé e devoção. O certo é que, depois da novena, nunca mais nele se repetiram esses ataques epilépticos.
Foi exemplo de humildade, oração, trabalho intenso, de obediência e pobreza. Tinha apenas o indispensável para a vida. Quando morava em Joinville e dormindo com a janela aberta, os ladrões entraram pelo quarto dele. Perguntado por eles porque deixou a janela aberta, Frei Inácio simplesmente respondeu aos ladrões que não tinha nada para ser roubado!
Seu irmão de família (Luiz) reforçou a ideia que Frei Inácio, mesmo antes de entrar no convento dos Freis, gostava muito de rezar e o fazia com frequência. Percebia-se nele a necessidade de pertencer a uma Ordem, como a dos Capuchinhos. Luiz agradeceu os Freis por terem acolhido seu irmão, onde se sentiu
realizado como capuchinho.
Frei Inácio permanecerá em nossa memória e será nosso intercessor, confirmou o Ministro Provincial. Exemplo de frade simples, humilde e de devoção muito grande e espiritualidade ao qual se pode aplicar a frase de Jesus: “Quem se fizer como uma criança, tomar-se-á grande no reino dos céus”.
Frei Inácio repousa em nosso cemitério de Butiatuba, onde seu nome e seus exemplos continuarão a transmitir mensagens de vivência franciscana.