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A experiência de um Capuchinho na visita do Papa ao México

26/02/2016 - 11h26
Frei Francisco Erlânio está presente em missão na custódia dos Frades Capuchinhos no México e participou de celebração com o Papa

Durango, México -  Alegramos-nos com a visita apostólica do papa Francisco, mensageiro de misericórdia e de paz, em terras guadalupanas. Já a tempo, o povo mexicano esperava receber o papa em suas terras. Francisco, antes de sua chegada, se autodefiniu “peregrino”: vou a México como peregrino e desejo estar um momento sozinho com a Virgem. Em missa presidida no Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, Francisco rezou em silêncio, um silêncio reverente, aos pés da Virgem do Tepeyac. As palavras da Virgem ao índio San Juan Diego, ressonaram, novamente, no coração do papa: “Porventura não sou tua mãe? Não estou eu aqui?”.

 

E prosseguiu Francisco em sua homilia, parafraseando as palavras da Virgem: “Não te deixes vencer pelas tuas dores, pelas tuas tristezas: diz-nos Ela. Hoje, volta a enviar-nos como a Juanito; hoje repete para nós: Sê o meu mensageiro, sê o meu enviado para construir muitos santuários novos, acompanhar tantas vidas, consolar tantas lágrimas. Basta que caminhes pelas estradas do teu bairro, da tua comunidade, da tua paróquia como meu mensageiro, minha mensageira; levanta santuários compartilhando a alegria de saber que não estamos sozinhos, que Ela está conosco. Sê o meu mensageiro – diz-nos – dando de comer aos famintos, de beber aos sedentos; oferece um lugar aos necessitados, veste os nus e visita os doentes. Socorre os prisioneiros, não os deixes sozinhos, perdoa a quem te fez mal, consola quem está triste, tem paciência com os outros e sobretudo implora e invoca o nosso Deus”.   

 

Francisco, depois de rezar detidamente à Morenita, seguiu visitando lugares de México, previamente escolhidos por ele, e que se caracterizam pela violência. Presidiu missa em Ecatepec, subúrbio da Cidade do México, famoso pelo altíssimo número de sequestros, sobretudo de mulheres. Ainda na Cidade do México visitou um hospital pediátrico. Acolheu, abraçou e abençoou várias crianças. Em Tuxtla Gutiérrez, Francisco presidiu missa com as comunidades indígenas e pela tarde encontrou-se com as famílias.

 

Em Morelia- Michoacán, distante 310 km da Cidade do México, Francisco encontrou-se com sacerdotes, religiosos (as), e seminaristas. Há um particular quanto a Michoacán. No último consistório, Francisco criou cardeal a Dom Alberto Suárez Inda, até então arcebispo de Morelia, representando, assim, sua opção pelas zonas de conflito. 

 

 

Tivemos a alegria de estar com o papa em Morelia. Eu, juntamente com Frei Fernando Trujillo e os postulantes de primeiro ano (Francisco Estrada, Alfredo Rivas, Joanni Vega, Pablo Ventura e Juan Pablo Graciano) e de segundo ano (Ramón Sánchez, Santiago de la Garza, Ángel Medina e Victor Delgado) participamos da missa com o papa. Nesta missa, Francisco começou sua homilia desse modo: Há um dito entre nós que recita assim: «Diz-me como rezas e dir-te-ei como vives, diz-me como vives e dir-te-ei como rezas»; porque, mostrando-me como rezas, aprenderei a descobrir o Deus vivo e, mostrando-me como vives, aprenderei a acreditar no Deus a quem rezas, pois a nossa vida fala da oração e a oração fala da nossa vida. Aprende-se a rezar, como se aprende a caminhar, a falar, a escutar. A escola da oração é a escola da vida, e a escola da vida é o lugar onde fazemos escola de oração.  Pela tarde, ainda em Morelia, encontrou-se com centenas de crianças na igreja catedral e, em seguida, com milhares de jovens.

 

Em Ciudad Juárez, fronteira de México com Estados Unidos, Francisco dedicou especial atenção aos migrantes: Aqui em Ciudad Juarez, como noutras áreas fronteiriças, concentram-se milhares de migrantes da América Central e doutros países, sem esquecer tantos mexicanos que procuram também passar para «o outro lado». Uma passagem, um caminho carregado de injustiças terríveis: escravizados, sequestrados, objetos de extorsão, muitos irmãos nossos acabam vítimas do tráfico humano (...) Peçamos ao nosso Deus, o dom da conversão, o dom das lágrimas. Peçamos-Lhe a graça de ter o coração aberto, como os Ninivitas, ao seu apelo no rosto sofredor de tantos homens e mulheres. Não mais morte nem exploração! Há sempre tempo para mudar, há sempre uma via de saída e sempre há uma oportunidade, é sempre tempo para implorar a misericórdia do Pai.

 

O povo mexicano, marcado pelo sofrimento, acolheu ao papa Francisco como sinal de esperança. Num país marcado pela violência do narcotráfico, pela corrupção, pela falta de perspectivas, pelo desânimo e desalento, a presença de Francisco, suas palavras e gestos, foi uma semente de vida digna e plena, plantada nesta terra, já nos seus primórdios, pela especial presença de Nossa Senhora de Guadalupe.

 


Frei Francisco Erlânio Gomes Ribeiro, OFMCap

       

Fonte: Capuchinhos do Brasil /CCB

Por Paulo Henrique (Cúria Provincial - Província dos Capuchinhos de São Paulo)

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