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Capuchinho participa da Tenda Franciscana solidária, no centro de SP

03/09/2020 - 15h48
O jovem Frei João Paulo relata sua experiência no trabalho de distribuição de marmitas e atenção ao povo de rua

No dia 14 de julho comecei meu estágio na Tenda Franciscana, projeto dos frades menores (OFM) da Província da Imaculada, hospedando-me no Convento de Santo Antônio, no Pari. Fui muito bem acolhido, assim como pede nosso pai seráfico: "E, onde quer que estão e se encontrarem os frades, mostrem-se familiares mutuamente entre si" (Regra Bulada, capítulo 6). 

Ao me dirigir para o largo São Francisco, imediatamente iniciei o meu serviço junto aos frades e voluntários junto às pessoas em situação de rua. O trabalho aqui realizado envolve a distribuição de marmitas, lanches e bebidas no período do almoço e da janta. Ao todo, por dia, são distribuídas 2400 marmitas. Em apenas quatro meses, desde o início do fechamento dos comércios em função da pandemia, já foram distribuídas mais de 500 mil marmitas.

O dia aqui no Convento do Pari começa às 08h45, com as laudes, e às 10h00 partimos em direção ao Largo São Francisco para o serviço na Tenda onde começamos a organizar as doações para serem distribuídas ao meio dia. O frade que se encontra à frente do serviço chama-se João Paulo Gabriel e as funções são distribuídas por ele, como: distribuir fichas, organizar as marmitas, distribuir as bebidas, aplicar álcool em gel nas mãos dos assistidos, etc.

Após o almoço, dedicava meu trabalho junto dos voluntários na preparação de lanches que mais tarde seriam distribuídos junto às marmitas da noite e a escutar as pessoas que precisavam conversar, pois além do pão de trigo, essas pessoas que vinham ao nosso encontro também necessitavam de atenção e, prestando os devidos cuidados, as ouvia.

A parte da noite seguia praticamente o mesmo ritmo, com  lanches, marmitas e bebidas nos seus devidos lugares e às 18 horas se iniciava outra vez a distribuição. Algo que não posso deixar de dizer é o espírito de fraternidade que permeia todo o trabalho por parte dos frades e voluntários: todos formaram ali uma única fraternidade, uma família que oferece seus esforços para com o Cristo pobre, humilde e crucificado. Alguns dos voluntários não são cristãos ou católicos, o que enriquece ainda mais o espírito fraterno já que na diversidade encontramos a unidade. Volto para a minha fraternidade em Santo André chamando as pessoas que conheci aqui de irmãos e amigos.

Juntos dos assistidos, pude ver de perto o impacto que uma crise política e pandêmica pode causar. 90% deles clamam por um trabalho e um lugar digno para reclinar a cabeça. Nem todos vinham com máscaras ou álcool em gel e, pela própria condição de vida, mesmo que viessem, ainda estariam completamente expostos. Se tem algo que aprendi é que não tenho direito nenhum de pedir nada para mim. Eu sempre tive tudo e nunca passei necessidade nenhuma, já eles: possuem apenas a roupa do corpo e, se tiverem sorte de não serem roubados, uma cobertinha e um papelão.


por Frei João Paulo

Fonte: Capuchinhos do Brasil /CCB

Por Paulo Henrique (Assessoria de Comunicação e Imprensa, São Paulo - SP)

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