Necrologia

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Frei Marcelo de Assis Pereira

30/07/2011

Frei Demétrio Beldí de Dueville

15/12/1910
31/07/2000

15.12.1910 - Dueville/Itália
31.07.2000 - Conegliano/Itália

Nascido aos 15 de dezembro de 1910, em Dueville, na diocese de Vicenza, Itália, Natal Isaías Beldi é filho de Isidoro Beldì e de Maria Pertegato. No dia do Natal do mesmo ano, na igreja matriz de Dueville, recebeu o batismo, onde também foi crismado aos 31 de agosto de 1916, pelo bispo Dom Rodolfo.

Foi admitido ao seminário de Rovigo, na Província de Veneza, aos 02 de setembro de 1922, pelo diretor Frei Miguel de Mason. Terminada a primeira fase de estudos, iniciou o ano de noviciado no convento de Bassano del Grappa aos 5 de maio de 1926, sendo seu mestre Frei Rufino de Cadore e Ministro provincial Frei Vigílio de Valstagna. No ano seguinte, aos 05.05.1927, emitiu sua primeira profissão nas mãos do Ministro provincial Frei Vigílio de Valstagna.

Estudou filosofia e teologia em Thiene (1928), em Pádua (1929-1930) e em Veneza (1931-1934). Durante os estudos teológicos, emitiu sua profissão perpétua em Veneza aos 25 de dezembro de 1931 em cerimônia presidida por Frei Paulino de Premariacco, sendo Ministro provincial Frei Jacinto de Trieste. Preparou-se ao sacerdócio recebendo a Tonsura (19.09.1931) na Basílica de Nossa Senhora da Saúde do cardeal Pedro La Fontaine; o Ostiariato e Leitorato (19.12.1931) na capela do palácio patriarcal de Veneza do mesmo cardeal La Fontaine; o Acolitato e Exorcistado (12.03.1932) na Basílica de São Marcos em cerimônia presidida pelo Cardeal La Fontaine; o Subdiaconato (17.03.1934) e o Diaconato (25.07.1934) na igreja dos capuchinhos do Santíssimo Redentor também das mãos do Cardeal Pedro La Fontaine. Nos esplendores da Basílica de São Marcos, em Veneza, foi ordenado sacerdote (22.12.1934) pelo cardeal Pedro La Fontaine, sendo Ministro provincial Frei Jacinto de Trieste.

Sua vida missionário iniciou logo após o término de seus estudos. Aos 4 de maio de 1935, recebeu do Ministro geral a obediência para trabalhar na Missão do Paraná e, aos 15 de junho de 1935 embarcou no navio Oceania, em Nápoles, com os freis Damião Girardi e Ciríaco Coatti, rumo ao Brasil. Aos 28 de junho de 1935, os freis desembarcaram no porto de Santos, São Paulo e, passados alguns dias, já se encontravam entre os confrades do Paraná em Curitiba (02.07.1935).

Frei Demétrio permaneceu em Curitiba para aprender a língua e, no mesmo ano, foi destinado (02.09.1935) para Jaguariaíva onde iniciou sua vida missionária como vigário paroquial, sob a guia de Frei Irineu de Pádua onde aprendeu mais a língua, os costumes do povo e a realidade brasileira. Desempenhou sempre atividades pastorais nestes campos missionários: Jaguariaíva (1935-1936; 1946), Curitiba (1936-1938) percorrendo as capelas de Almirante Tamandaré e Votuverava, Joaquim Távora (1939), Congonhinhas (1940-1942), Tomazina (1943-1946), Cerro Azul (1946-1955), Ribeirão do Pinhal (1955-1961), Barracão (1961-1962), Reserva (1962-1963), Rio Branco do Sul (1964), Mandaguaçú (1965), Siqueira Campos (1966) para tratamento de saúde, viajou à Itália onde permaneceu de 1966 a 1969, Capitão Leônidas Marques (1969-1970), Linha Sete (1971-1974), Butiatuba (1975), Santo Antônio da Platina (1976-1979), Butiatuba (1980-1981) e em Tomazina (1981-1985). Aos 3 de junho de 1985 regressou à Província de Veneza, Itália, onde permaneceu até seu falecimento. Em todos esses lugares trabalho como vigário paroquial e pároco.

Além de sua atividade apostólica em diversas paróquias e inúmeras capelas rurais, Frei Demétrio apresenta longo elenco de atividades materiais.

De 1936 a 1939, percorreu a cavalo mais de 40 capelas na vasta e difícil região do Açungui e Votuverava e reformou a igreja de Campo Magro e adquiriu o terreno para o cemitério local.

Em Joaquim Távora (1939), auxiliou o pároco Frei Leonardo de Fellette e ampliou a casa paroquial. Em Quatiguá iniciou a bela igreja, em estilo românico, com a casa paroquial. Em Congonhinhas (1940-1942) construiu a casa paroquial e adquiriu 30 alqueires para as obras paroquiais. Em São Jerônimo da Serra edificou diversas capelas. Em Uraí, lançou os alicerces da igreja matriz e comprou terrenos para a casa e obras da igreja. Em Assaí, adquiriu o terreno e construiu a casa paroquial. Em Jataizinho renovou a igreja construída, na metade do século 18, pelo capuchinho frei Timóteo de Castelnuovo.

Muitas atividades marcam sua estadia na paróquia de Tomazina (1942-1946). Em Ibaiti, escolheu e comprou o terreno para a construção da igreja e da casa paroquial. Em Japira, comprou terrenos e iniciou a igreja. Em Pinhalão, adquiriu o terreno e levantou a casa paroquial e a igreja de madeira. Em Jaboti, comprou o terreno, construindo a casa e renovou a capela. Em Maria Souza, construiu a capela. Em Lavrinhas, reiniciou os trabalhos da capela e, em Eusébio de Oliveira, construiu a capela.

Rica de atividades apostólicas e materiais foi também sua estadia na paróquia de Cerro Azul (1946-1954): rodeou a igreja matriz com calçamento, colocou ladrilhos no seu interior, reformou a sacristia e a casa paroquial e construiu o salão paroquial.

Em Linha Sete, Santa Catarina, construiu as capelas de Linha Vitória, Leãozinho e Banhadão. Em Ribeirão do Pinhal (1955-1961), outras obras resultaram de sua criatividade: acabamento da igreja, aquisição do hospital público, vinda das Irmãs de Caridade, escrituração dos terrenos, terrenos para a Província, bolsas de estudo, ensino religioso no grupo e ginásio, construção de três casas para operários.

Em Barracão, onde permaneceu um ano (1961), mobiliou a casa paroquial, organizou as capelas e continuou a igreja matriz. Levou avante outras obras como em Reserva (igreja matriz e casa paroquial), em Rio Branco do Sul (compra de lotes, creche e grupo escolar), em Mandaguaçú (legalizou o terreno em Guadiana), em Abatiá (prosseguiu a construção da casa paroquial).

Um fato que o marcou até a morte foi quando se viu, de um dia para o outro, na cadeia. Era o ano de 1943. O presidente Getúlio Vargas sofreu um atentado, que quase lhe custou a vida. Em todo território nacional foram organizadas ações de graças. Nesse tempo, Frei Demétrio trabalhava em São Jerônimo da Serra e Congonhinhas. Os representantes do governo vieram pedir-lhe a celebração de uma missa em ação de graças às 10h de 7 de setembro (domingo). Neste dia, celebrava-se no local a festa de Nossa Senhora Aparecida com missa solene, marcada e programada há tempo, para a mesma hora. Frei Demétrio propôs fazer a festa no dia marcado e celebrar a missa de ação de graças em outro dia. Não adiantaram as explicações. No fim, frei Demétrio foi preso e acusado como quinta coluna e levado preso a Curitiba. O arcebispo de Curitiba e frei Tarcísio de Bovolone muito se interessaram pela libertação do frei e o conseguiram. Finalmente, frei Demétrio foi levado ao palácio do arcebispo onde encontrou nosso frei Tarcísio. Assim ele termina seu longo relato: «Chegamos ao convento de Nossa Senhora das Mercês. Fomos recebidos pelo barulhento Frei Irineu Giacon de Pádua, guardião. Oh, que felicidade! Agora podia descansar, dormir e morrer»

Aos 07.11.1983, a Câmara municipal de Ribeirão do Pinhal aprovou, por unanimidade e talvez em reparação à ofensa recebida, a concessão do título de Cidadão Honorário de Ribeirão do Pinhal ao frei Demétrio Beldì.

Após seu retorno à Província-mãe de Veneza (03.06.1985), permaneceu alguns anos em Bassano del Grappa, onde funciona a pré-enfermaria da Província. Neste ano de 2000 foi transferido para a enfermaria provincial em Conegliano Vêneto, onde faleceu aos 31 de setembro de 2000. Foi sepultado no cemitério de Dueville, onde nasceu e viveu seus primeiros anos.

Frei Demétrio viveu toda sua vida no apostolado paroquial. é louvável e admirável seu espírito de sacrifício e amor pelas almas, enfrentando inúmeras dificuldades para atender o povo de Deus, em qualquer lugar onde fosse necessário. Quem o conheceu lembra que, quando passava alguns dias nas fraternidades grandes, participava assiduamente da oração comum. Tinha um espírito alegre e vivaz e, às vezes, sua alegria misturava-se com expressões perspicazes, bem expressas pelo seu olhar. Sofreu muito por causa de sua prisão. Com freqüência recordava o fato, que o marcou. Escreveu dois relatórios com muitos detalhes interessantes sobre parte de sua vida.

Frei Mário Ernesto Barp

17/01/1917
31/07/2005

Segredo - Vila Ipê


Homem de fé, empreendedor, acompanhou a construção de igrejas, capelas, centros comunitários e o Instituto de Crianças e Adolescentes, Bagé. Na vida militar recebeu e mereceu todas as distinçoes possíveis.

 

Registro
Faleceu no dia 31/07/05 as 16 horas 15 minutos no Hospital N. Senhora da Oliveira. Contava 87 anos de idade. às 19horas na Igreja de Fátima em Vacaria teve celebração de corpo presente. No dia 01 de agosto, foi trasladado para a Igreja da Imaculada em Caxias do Sul. Frei Mario Ingressou nos Seminário São José Veranópolis em 15 de fevereiro de 1930, Fez o noviciado e profissão religiosa em 04 de agosto de 1936 em Flores da Cunha, estudos em Marau no ano de 1931 a 1939. Em Garibaldi Teologia no período de 1940 a 1943. Ordenação Sacerdotal em 03 e janeiro de 1943 em Garibaldi por dom José Baréa. Em 10 de janeiro do mesmo ano sua primeira Missa Na Igreja São Pedro em Vila Segredo. No período de 1943 Foi professor na Fraternidade de Veranópolis.

 

Em 1944 Passa a pertencer a Fraternidade da Oliveira como Vigário paroquial em Vacaria. Em 1949 a 1986 Capelão Militar da Capelania Militar por decreto do Getulio Vargas - Guarnição Militar de Bagé, como capitão Capelão e pároco da Paróquia São Sebastião, Bagé até o ano 1954. Como morador da Fraternidade de Fátima em Vacaria desde 1988, Frei Mário, além da presença fraterna, e Capelânia do Hospital Nossa Senhora da Oliveira tinha semanalmente um programa na Rádio Fátima que fez até o ano de 2002. Frei Mario acumulou títulos na sua trajetória: Medalha e Passador de Bronze; Medalha e passador de prata; Cidadão Bageense pela câmara municipal de Bagé em 1976. Medalha da Ordem do Mérito Militar 1980; Medalha de Ouro 1983; Promovido a Major do Exercito em 25 de dezembro 1982. Medalha Pacificador 1985. No período que esteve em Bagé Coordenou a construção de Várias atividades dentre elas a Construção de capelas, igrejas. Na educação: construção do Colégio São Judas Tadeu e o colégio Santo Antônio, na Assistência social a Construção do Salão paroquial São Sebastião, A construção do edifício do Instituto de menores de Bagé .

 

Livros:Frei Mario Publicou : -Cinqüentenário de Bagé: 1992. Por ocasião da celebração dos cinqüenta anos de presença dos capuchinhos em Bagé. -Memórias do Frei Mário: 1993. Por ocasião da celebração dos 50 anos de sacerdócio e em homenagem aos 100 anos de nascimento de seu pai Vitório. -Recolhei as Sobras – Livro de espiritualidade, por ocasião dos 100 anos de presenças dos capuchinhos no Rio grande do Sul – 1997. -Propostas de vida: 1998 - segundo livro de espiritualidade, por ocasião da celebração dos 80 anos de nascimento e dos 100 anos de nascimento da mãe Magdalena. -Novos Céus e Nova Terra: terceiro livro de espiritualidade por ocasião da passagem do ano 2000.

 

Frei Mário Falando de si nos seus escritos: “Tenho Consciência de ter Trabalhado, não ter perdido tempo, ter feito produzir meus poucos talentos, em favor da Igreja e dos irmãos. Reconheço e Aceito e me conformo com minha pobreza. Combati o bom combate, e consumi minha vida e aguardei a Fé, resta-me a coroa da vitória sem merecer” AOS MEUS CONFRADES, FAMILIARES E AMIGOS. Parto deste mundo em nome da Trindade que me criou. Parto louvando o Deus Pai que me criou pensou em mim com amor e me fez seu filho. Parto Glorificando o Deus filho que me fez irmão, e se fez alimento na caminhada da vida. Parto glorificando o Deus Espirito que me santificou no batismo e me fez sacerdote. Parto glorificando a Maria minha mãe que muitas vezes invoquei e que muito a amei. Parto contente e Feliz para a casa do Pai onde não há dor sofrimento e lagrimas, somente alegrias. Onde Verei Deus Face a Face.. Com Maria , São José, São Francisco, Santo Antonio, São Miguel, estes que muitas vezes invoquei. Parto Feliz conforme a Vontade do Pai que Quis morrer por mim. Preciso Morrer para viver. É condição de viver para sempre. “ se o Grão de trigo não morrer, não produzirá frutos...” Aceito a morte como último e supremo sacrifício de minha Vida para o louvor da trindade. Aceito a morte com o coração submisso, que for a sua natureza. Sei que Deus me acolherá na melhor hora. Jogo-me confiante nos Braços de Deus. Sei que devo prestar contas da minha vida a até o último instante. Mas serei julgado por um juiz justo e bom e misericordioso. Eu pecador confio na bondade e na misericórdia. Atiro-me confiante no coração misericordioso de Jesus como uma criança nos braços de um pai. Neste encontro com Deus, deposito toda a confiança em Maria Medianeira, em vós confio. Confio em São José meu mediador. Confio em São Miguel meu Advogado. Confio em todos os Santos meus protetores. Confio Em São Francisco meu pai. E todos os Santos Franciscanos. Confio na oração da Igreja, na oração dos Sacerdotes. familiares amigos Recomendo minha alma as orações dos meus amigos, confrades, minha família, meus conhecidos e a todos a quem eu servi por quem eu rezei. Quero agradecer ao bom Deus, mas escandalosamente bom para comigo. Agradecer o Dom da vida, te me feito religios Capuchinho e sacerdote. Agradecer a Deus á saúde e minha longa vida. Quero agradecer e me despedir de minha Família que tanto amei e de quem recebi carinho e apoio na minha vocação. Minha despedida e meu adeus as minhas irmãs, meus irmãos, cunhados cunhadas e sobrinhos primos e parentes. Quero despedir da minha Província, de meu Provincial, dos meus superiores, de minha comunidade , dos confrades, estudantes de noviços seminaristas, vocacionados. Sou Eternamente grato a minha província que me acolheu me educou e me cuidou como um filho e me fez religioso e sacerdote. Quero me despedir de todos os meus amigos, benfeitores, colaboradores, especialmente de Bagé onde passei a maior parte de minha vida. Agradeço o reconhecimento daquela comunidade. Quero agradecer e me despedir de meus irmãos Militares de Bagé onde servi como Capelão militar por 40 anos. Aos militares Da Brigada Militar de Vacaria onde dei apoio voluntário e espontâneo desde 1988. Despeço-me Contente e Feliz para a casa do Pai com consciência tranqüila de ter cumprido o meu dever minha missão apesar de todas as minhas limitações. Parto contente e feliz porque minha vida foi somente alegrias. E a todos quero o perdão do mal que tenha feito, e pelo bem que deixei de fazer, peço perdão a Deus e a meus irmãos. Me enterrem onde quiserem, contanto que rezem . Gostaria de ser revestido com o Habito Capuchinho, que com orgulho vesti por tantos anos. O qual protegeu das tentações e das vaidades do mundo, e sinal de minha consagração. Que minha despedida seja discreta, sem lagrimas, mas alegre, com cânticos, orações e missas. Desejo que todos sejam felizes como eu fui em meu sacerdócio, em minha vida. Rezemos uns pelos outros. Até Breve, até os Céus onde os aguardo a todos. Adeus. Frei Mário Barp Testamento escrito em 20 06/ 1986 E renovada em 30 de janeiro de 1993

 

Informações pessoais
ERNESTO BARP, filho de Victório Barp e Magdalena Agostini. Frei Mário Ernesto Barp, nasceu em 17 de janeiro de 1917, Segredo na época município de Vacaria. Foi sepultado no jazigo dos familiares, em Caxias do Sul - RS

Frei Cirino Primon (João)

20/08/1920
01/07/1996

Sacerdote.

Nasceu no dia 20 de agosto de 1920 em Getúlio Vargas/RS. Filho de Virgínia Bosa e José Primon.

  • Ingressou no Seminário no dia 10 de junho de 1932 em Veranópolis/RS.
  • Profissão Temporária no dia 06 de janeiro de 1938 em Flores da Cunha/RS.
  • Profissão Perpétua no dia 19 de setembro de 1941 em Garibaldi/RS.
  • Ordenação Diaconal no dia 19 de setembro de 1943 em Garibaldi/RS.
  • Ordenação Presbiteral no dia 13 de agosto de 1944 em Garibaldi/RS por Dom José Baréa.

 

Na Província do Rio Grande do Sul trabalhou em Vila Ipê, por um ano, seguindo, após para as missões, juntamente com Frei Amadeu Semin, em Portugal e Angola (por 23 anos).

Em 1970 integrou-se à Província do Brasil Central e trabalhou em Campo Grande/MS, Brasília/DF, Ceilândia Sul/DF, Rio Verde de Mato Grosso/MS e Coxim/MS.

Faleceu no ano de 1996 em acidente de carro na BR-163, próximo a Bandeirantes/MS, motivado por espessa fumaça de queimadas. Foi sepultado em Coxim/MS. Posteriormente seus restos mortais foram transferidos para Rio Verde de Mato Grosso/MS.

Estava com 76 anos, 58 de vida religiosa e 52 de Presbítero.

Frade severo e pobre consigo mesmo, mas bondoso, compreensivo com os mais necessitados, sacerdote decidido, empreendedor, bom administrador, zeloso na assistência religiosa ao povo que lhe era confiado.

Frei Epifânio A. Menegazzo

27/07/1906
01/07/2002

Frei Epifânio nasceu em Limeira no dia 27 de julho de 1906. Seu nome de batismo e civil era Antônio Menegazzo. Era filho de Agostinho Menegazzo e Letícia Cia. Foi batizado na igreja de Vila Americana, Tatu, em Limeira, aos 1º de setembro de 1906 e crismado na mesma igreja no dia 10 de fevereiro de 1909. Fez a Primeira Eucaristia na igreja de Santana, São Paulo, em setembro de 1915. Cursou os primeiros estudos no Grupo Escolar de Santana, em São Paulo.

Vocação adulta

Entrou para o Seminário São Fidélis de Piracicaba aos 29 de janeiro de 1930, com 24 anos de idade. Sua profissão era seleiro. Tinha uma selaria num sobradinho atrás da Estação Sorocabana em São Paulo.

Noviciado e profissão

Vestiu o hábito franciscano capuchinho, iniciando o noviciado no convento Sagrado Coração de Jesus, em Piracicaba, no dia 21 de fevereiro de 1932. Foi seu Mestre Frei Felicíssimo de Prada. Fez a profissão temporária perante Frei Jacinto de Prada no convento de noviciado, no dia 26 de fevereiro de 1933. Emitiu a profissão perpétua perante Frei Salvador de Cavêdine, no convento São José de Mococa, aos 1º de março de 1936.

Filosofia, Teologia e Ordenação

Estudou Filosofia em Piracicaba, Mococa e São Paulo, nos anos 1933 a 1935 e Teologia em São Paulo e Mococa, nos anos 1936 a 1939. Recebeu a Primeira Tonsura e duas Ordens Menores conferidas por Dom Alberto José Gonçalves, em São José do Rio Pardo, aos 17 e 18 de agosto de 1937 e as outras Ordens Menores conferidas por Dom José Gaspar de Afonseca e Silva, em São Paulo no dia 6 de março de 1938. Foi ordenado Subdiácono aos 11 de junho de 1938 e Diácono por Dom José Gaspar de Afonseca e Silva, em São Paulo aos 24 de setembro de 1938. Recebeu a Ordenação Sacerdotal pela imposição das mãos, de Dom José Gaspar de Afonseca e Silva, em São Paulo, no dia 8 de dezembro de 1938.

Mestre de Noviços

Concluídos os estudos em novembro de 1939, aos 7 de dezembro foi ser Vice-Mestre de Noviços no convento Santa Clara de Taubaté. Dois anos depois, em dezembro de 1942 foi nomeado Mestre de Noviços. Por oito anos desempenhou este serviço até dezembro de 1950, sendo nomeado Guardião do convento Santa Clara em Taubaté. De novembro de 1952 a dezembro de 1960 foi Mestre de Noviços em Barcelos, Portugal. De junho de 1955 a junho de 1958, Assistente do Comissário Geral de Portugal e Vice-Guardião do convento. Anos mais tarde, de 17 de janeiro de 1963 a 17 de janeiro de 1964, desempenhou outra vez o serviço de Mestre de Noviços, no convento Santa Clara, em Taubaté. Prestou serviços no noviciado por 20 anos, 3 como Vice-Mestre e 17 anos Mestre de Noviços.

Guardião e Pároco

Frei Epifânio foi Guardião em Taubaté nos anos 1951 e 1952. Em Marília foi Guardião e Pároco, de 1964 a 1969. Em Penápolis, foi Guardião e Pároco de 1975 a 1978.

Outros conventos e paróquias

Além do serviço de Mestre de Noviços, Guardião e Pároco, Frei Epifânio trabalhou em São Paulo, Imaculada Conceição, Piracicaba, no convento Sagrado Coração de Jesus, Santo André, Botucatu e Santos. Em todos estes conventos e paróquias foi Vigário Cooperador, confessor, orientador espiritual e sempre disponível para qualquer atendimento pastoral.

Obediência derradeira

Desde 1985 residia em Taubaté. Participou do último Capítulo Provincial no Seminário São Fidélis, de 13 a 16 de novembro de 2001. No início de 2002 foi para a Fraternidade Nossa Senhora dos Anjos, em Piracicaba, para tratamento de saúde. Aí recebeu a obediência derradeira, o chamado de Deus para a vida na eternidade. Frei Epifânio faleceu na Santa Casa de Piracicaba no dia 1º de julho de 2002, às 2 horas e 10 minutos da madrugada. O atestado de óbito deu como causa da morte: Septicemia, Arritmia Cardíaca, Broncopneumonia. Foi velado na igreja do convento Sagrado Coração de Jesus. Às 10 horas foi celebrada uma missa exequial. Seu corpo foi transladado para Taubaté a pedido de seus familiares.

Às 15 horas do dia 1º de julho, na igreja do convento Santa Clara, foi celebrada a missa exequial presidida por Dom Carmo João Rhoden, SCJ, Bispo diocesano de Taubaté, concelebrada pelo Ministro Provincial, Frei João Alves dos Santos, por vários sacerdotes capuchinhos, sacerdotes diocesanos, com participação dos pós-noviços, postulantes, grande multidão de fiéis, amigos e familiares. Após a celebração exequial, o corpo de Frei Epifânio foi sepultado na capela dos Frades Capuchinhos, no cemitério ao lado do convento Santa Clara, em Taubaté.

Estimado Confessor e Diretor Espiritual

Frei Epifânio era muito estimado como confessor e orientador espiritual, sendo considerado Pai Espiritual pelos fiéis, pelos sacerdotes e religiosas. Foi homem de verdadeira experiência de Deus em fervorosas e continuas orações.

Austeridade de vida

Viveu uma vida de austeridade mostrada em rigorosas abstinências, jejuns e práticas penitenciais, sendo prudente e zeloso com a saúde pessoal e dos outros. Manifestou austeridade na vida de pobreza e obediência. Até o fim da vida, em tudo dependia da obediência aos Superiores.

Gostava de fazer suas férias nos conventos da Província. Celebrava a santa missa de manhã ou nos horários permitidos, tomava refeições, lavava suas roupas pessoais e passava o dia na cela em oração.

Nos conventos onde morou era assim que vivia estando sempre atento ao chamado do porteiro ou ao toque da campainha para o pronto atendimento às confissões ou aconselhamentos na sala conventual.

Comprendia o trabalho como dom divino. Na segunda-feira, dia de folga para o descanso, ele atendia confissões, às vezes, o dia inteiro. Jamais se negava ao atendimento de quem o procurasse. A quem o questionasse sobre o cansaço respondia: “Se Deus me envia trabalho é porque sabe que darei conta”.

Apaixonado pelo Evangelho e por São Francisco

Nos Capítulos e Assembléias Provinciais, nos encontros regionais, reciclagens e retiros da Província, fazia eloqüentes intervenções em que demonstrava amor apaixonado pelo Evangelho, tendo como modelo nosso Seráfico Pai São Francisco ao escrever: “A Regra e Vida dos Frades Menores é esta: observar o Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo vivendo em obediência, sem propriedade e em castidade” (RB, Cap. I).

Em suas cartas e anotações pessoais afirmava com segurança que os Reitores, Diretores de Estudantes, Mestres de Noviços e frades nos conventos deviam ser exemplos vivos do Evangelho, da Regra e das Constituições, como fez São Francisco, Santa Clara e um exuberante catálogo de santos franciscanos e capuchinhos. Nas afirmações orais e escritas, com freqüência, fazia citações do Evangelho e das Cartas dos Apóstolos.

Escreveu e publicou “Opúsculo” sobre a vida de São Francisco, por ocasião do jubileu de sua morte (750 anos), mais uma novena de São Francisco de Assis.

Exemplo de vida capuchina

Frei Epifânio foi um exemplo vivo de simplicidade e alegria franciscana capuchinha. Acreditava e confiava na Providência Divina. Para ele, Deus, o único e supremo Senhor, é tão bom que liberta de todas as preocupações da vida aqueles que se põem ao seu serviço e se abandonam à sua Providência Divina. Nunca se deixava levar pela angústia. Não se inquietava, nem se afligia, mas “buscava em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça” (Mt 6, 33).

Os problemas da vida não lhe tiravam a alegria de viver. Acordava muito antes dos outros confrades, tomava seu suco de laranja e se dedicava ao seu cultivo espiritual nas primeiras horas da manhã. No convento onde morava e nos outros onde se realizavam encontros fraternos, era o primeiro a comparecer ao coro, à capela para o Ofício Divino e orações da comunidade.

Era muito compreensivo diante das mudanças provocadas pela renovação da Igreja e pelo progresso do mundo atual. Tinha capacidade de abertura ao novo, ao diálogo e de respeitar o diferente sem perder o que para ele era essencial. Participava intensamente de todos os eventos programados e de todos os encontros fraternos da vida da Província.

Gostava de futebol

Sem nenhum prejuízo para sua vida austera de observância regular, de orações e santas meditações, acompanhava o esporte de futebol. Conhecia tudo sobre times, jogadores, técnicos, árbitros atuais e antigos, sendo grande torcedor, especialmente da seleção brasileira quando havia copa mundial. Vibrava quando o Brasil ganhava e sofria com as derrotas. Não pôde torcer na copa de 2002 porque seu estado de saúde não permitia e foi comemorar o “Penta” no céu.

A cura pelo limão

Deixou uma pasta com muitas receitas de medicina caseira, tiradas de revistas, jornais e pequenos impressos. A principal delas, por ele fielmente utilizada, é a cura pelo limão, útil para tantas doenças, desde a simples gripe ao pior dos males. Acreditava que o limão é o remédio da longa vida, prolonga a juventude e afasta a velhice, rejuvenescendo as células do sangue e tecidos.

Frei Epifânio viveu 95 anos e 11 meses de idade. Faleceu no dia 1º de julho de 2002. No dia 27 do mesmo mês completaria 96 anos, sendo 69 de vida religiosa na Ordem Franciscana Capuchinha, 63 anos e 7 meses de ministério sacerdotal.

(Cf. “Vida Freterna” nº 237, 357 e 401. “Regra e Vida” nº 106, pag. 236-238).

Frei Joaquim Dutra Alves, O.F.M. Cap.

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