* 29.07.1935 - Lacerdópolis-SC
+ 28.04.2008 - Curitiba-PR
Frei Alcides Rossa, filho de Vitorio Rossa e Ema Pellegrini, nasceu em Barra Fria, hoje Lacerdópolis-SC, aos 29.7.1935 que, então, pertencia ao Município de Campos Novos-SC. Padre Mathias Michelizzo batizou-o na igreja São Paulo Apóstolo, em Capinzal-SC, aos 28.9.1935. Dom Daniel Hostin, bispo de Lajes-SC, crismou-o na igreja de Herval Velho-SC, aos 11.2.1943.
Recebeu a primeira eucaristia na igreja Nossa Senhora das Dores em Lacerdópolis, em missa presidida pelo Frei Augusto Wonelig, OFM.
Após ter iniciado o primeiro grau na Escola Municipal Pinheiros (1947-1949), ingressou no Seminário São Francisco de Assis, em Lacerdópolis, aos 5.2.1949, recebido pelo diretor Frei Sebastião Vieira dos Santos. Continuou seus estudos no Seminário Santo Antônio de Pádua em Butiatuba- PR e no Seminário Santa Maria em Riozinho, Irati (1950-1954).
Noviciado e estudos - Iniciou o noviciado aos 23.1.1955, em Lacerdópolis, sendo mestre de noviços Frei Germano Guerino Barison, tendo recebido o nome religioso de Frei Gregório de Barra Fria. Terminado o noviciado, emitiu sua primeira profissão religiosa aos 24.1.1956 nas mãos de Frei Bamabé Ivo Tenani, mestre de noviços. Durante seus estudos de filosofia e teologia, fez sua profissão perpétua aos 22.2.1959, na missa presidida por Frei Bernardo Francisco Felippe, quando Frei Patrício Kódermaz era o superior dos capuchinhos.
Durante seus estudos de filosofia (1956-1958), no convento Nossa Senhora das Mercês, em Curitiba, teve como diretores Frei Lúcio de Ásolo, Frei Bernardo Felippe e Frei Agostinho Sartori. No mesmo convento, completou o curso teológico (1959-1962), sob a orientação do diretor Frei Agostinho Sartori. Após a ordenação sacerdotal, continuou o curso de pastoral no mesmo convento das Mercês (1963), orientado por Frei Ovídio Zanini. Passou parte desse mesmo ano em Butiatuba, ajudando como vice-diretor do seminário.
Ordens Menores e Maiores - Enquanto estudava teologia foi recebendo as Ordens Menores (leitorado, 19.12.1959; acolitado, 11.6.1960) pelo arcebispo de Curitiba, Dom Manuel da Silveira D’Elboux; Diaconato (22.9.1962) e presbiterado (22.12.1962), conferidos por D. Jerônimo Mazzarotto, auxiliar de Curitiba, na igreja Nossa Senhora das Mercês. Em Lacerdópolis, entre seus familiares, parentes e conhecidos, celebrou sua primeira missa solene aos 30.12.1962.
Lugares de atuação - Após sua ordenação presbiteral, Frei Alcides desenvolveu suas atividades nas seguintes fraternidades e paróquias: Siqueira Campos (1963) Butiatuba (1963;1965-1966), Londrina (1966 - 1967); Ponta Grossa (1964-1965; 1976-191980; 1987-1990), Florianópolis (1967-1976; 1997-2002), Curitiba/Mercês (1980-1984; 1990-1993; 1996-1997), Curitiba/Cúria Provincial (1984-1987; 1993-1996), Casa de Oração (2003-2006), Curitiba/Mercês (2007-2008), em contínuo tratamento até seu falecimento.
Encargos - Nos vários lugares onde trabalhou, Frei Alcides desempenhou estes encargos: Na fraternidade provincial: mestre de pós-noviços e professor nos seminários, vice- superior, ecónomo local e guardião, Definidor e secretário provincial, secretário da SEASF. Na pastoral atuou como vigário paroquial; pároco em Ponta Grossa, Bom Jesus, Curitiba (duas vezes) e Florianópolis; em Florianópolis atuou como coordenador da pastoral da Arquidiocese, assessor técnico da Comarca, membro da equipe central de Pastoral e, por diversos anos, trabalhou na Pastoral Universitária daquela cidade.
Frei Alcides fez treinamento sobre Criatividade Comunitária ministrando diversos treinamentos. Em 1979 esteve em Medellín, na Colômbia, para um curso de dois meses sobre as conclusões de Puebla. Logo em seguida, expôs estes estudos, com muita clareza e didática, aos teólogos, em Ponta Grossa e nas reciclagens da Província. Continuou até fase adiantada o salão paroquial e apoiou a construção do Sepaboje (Centro de Pastoral Bom Jesus) em Ponta Grossa Nesta paróquia, com os leigos animou a promoção humana, visitava favelas, insistindo que ninguém devia passar fome nem viver sujo. Interessava-se pelas famílias em dificuldades, procurando aliviá-las. Quando era pároco nas Mercês pintou externamente a igreja e retocou a parte interna e construiu os confessionários externos da igreja das Mercês. Trabalhou nos Encontros do Diálogo e nos Meios de Comunicação Social. Ministrou muitos cursos de formação a lideranças e grupos, assessorou retiros para universitários e outros grupos eclesiais e de promoção humana. Participou e deu cursos em vários estados do Brasil. Orientou espiritualmente cursos do CERNE e da CRB Nacional e outros mais, em Florianópolis. Participou de peregrinações em vários santuários e visitou diversas nações.
Frei Alcides era inteligente e sabia expor os assuntos com muita clareza. Sua oratória fluente e clara prendia a atenção dos ouvintes. Sua dinâmica e metodologia nas palestras motivaram os muitos convites para assessorar cursos aos mais variados grupos. Tinha mente aberta e atualizada diante dos problemas da Igreja e do mundo. Era de convivência fraterna alegre, participativa e receptiva. Manteve e cultivava amizades, mostrando lealdade e fidelidade aos compromissos assumidos. Em seus trabalhos era muito preciso, atencioso e capaz. Sabia estar presente em todos os momentos para acompanhar atividades, celebrações religiosas, movimentos eclesiais e na vida fraterna. Quando foi guardião na Cúria Provincial, onde funcionava também a enfermaria, era muito atencioso com os frades doentes e cuidava para que nada lhes faltasse e também colaborava na secretaria provincial, escrevendo editoriais e na revisão de textos. Como Definidor Provincial sabia dar um parecer sábio, ponderado e prudente. Nas dificuldades e problemas sabia mostrar seu sorriso característico, que comunicava e ensinava. Sabia respeitar as pessoas, colocando-se no mesmo plano, mas, ao mesmo tempo, sendo muito franco. Procurou usar seus dons para servir a Igreja e a Ordem.
Anos dolorosos - Nos últimos anos de sua vida, Frei Alcides enfrentou diversas dificuldades de saúde, um verdadeiro calvário. Sofreu muito, mas nunca desanimou, demonstrando resistência admirável contra o mal que o devastava. Nesses revezes sempre demonstrou coragem na esperança de vencer. Após ter sido operado do coração por três vezes e ter tido complicações, inesperadamente viu-se diante de problemas provocados por um tumor maligno que, lentamente, foi invadindo seu organismo, obrigando-o a passar por diversas cirurgias penosas. Com os enfermeiros, Freis e pessoas que dele cuidavam, mostrava-se educado e amável. Passou o último mês de sua vida internado no Hospital Nossa Senhora das Graças, definhando, imobilizado, sem poder falar e até sem comer pois o câncer atingiu seu esôfago. No dia 28 de abril de 2008, às 21 h10, faleceu serenamente. Segundo o médico André Portella Reichmann, estas foram as causas da morte: caquexia cancerosa, metástases hepáticas, neoplasia estomacal, bronco aspiração, fístula ênterocutânea.
Às 6h30 houve missa exequial na Igreja das Mercês, com a presença dos Freis do convento e da cúria provincial e do povo. Às 11 h seu corpo foi transladado para Butiatuba, onde foi celebrada outra missa exequial, às15h30 na capela interna do convento de Butiatuba-PR, presidida por Frei Darci Catafesta, vigário provincial, e concelebrada pelos 14 sacerdotes presentes. No final da celebração, Frei Darci Catafesta leu esta pequena mensagem do Ministro Provincial, Frei Cláudio Nori Sturm, que se encontrava em Veneza (Itália), participando do 127a Capítulo Provincial da Província-mãe de Veneza: “Acabo de ler a notícia do falecimento de nosso querido Frei Alcides Rossa. Estava pressentindo que não o encontraria mais vivo, depois de meu retorno de Veneza. Acompanhei seu calvário com grande compaixão. Ultimamente mostrava-se muito conformado e resignado. Faça chegar aos familiares de Frei Alcides meus sentimentos de solidariedade".
Terminada a missa, Frei Mauro V. Rodrigues presidiu a encomendação. A seguir, o corpo foi conduzido ao cemitério e, após as orações rituais proferidas também por Frei Mauro, foi depositado na sepultura, enquanto os presentes cantavam “Com minha Mãe estarei”. Sua alma gozava da visão beatífica do Senhor na Glória. Interessante notar que choveu o dia inteiro. Durante a missa, a chuva foi parando e quando foi sepultado o sol apareceu no horizonte, pondo-se lentamente.