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31/05/2020 - 11h20
Por Frei Renato Marques de Oliveira, OFMCap

     Erguer a cruz sempre foi causa de horror para o mundo, pois nesse ato há uma desconfortável lembrança de alguém que entregou-Se por amor para salvar a humanidade, e isso cobra, de forma incisiva, uma resposta a esse Amor. É por isso que a figura de um fradezinho com burel surrado, um cordão na cintura, curvado pela santidade e erguendo uma cruz fez o Nordeste efervescer. Este foi frei Damião de Bozzano que, durante 66 anos, dedicou a sua vida no cuidado das almas.

     Sentado no confessionário, era médico das almas; andando pelas ruas, era um candeeiro que iluminava a vida dos que viviam nas sombras da morte; pregando, tornava-se arauto do Grande Rei; rezando, era a própria oração tal qual seu pai São Francisco. Eis, nas palavras de Frei Urbano de Sertânia, numa edição da Revista Dom Vital, de 1952, “Frei Damião é o modelo, perfeito missionário apostólico, é uma sombra vida de Francisco de Assis, ou melhor, uma rastro luminoso fulgurante de sua luz seráfica”.

     Sendo um fiel servidor de Cristo, enxergava o mundo para além daquilo que se apresentava, compreendendo perfeitamente que o Cristianismo é composto por paradoxos essenciais: aquilo que parece ser fim de caminho torna-se início de uma longa história; o que parece ser estéril torna-se fecundo; o que aparenta dor esconde uma alegria eterna... Estes e tantos outros exemplos que me abstive de colocar aqui revelam a “estranha mania” do cristão em não abandonar aquilo que fora abandonado pelo mundo.

     Foi esta visão que impulsionou frei Damião na busca das almas para Deus, mesmo aquelas que andavam sem rumo e sem esperança. Aquele humilde frade entendia a complexidade dos homens e a simplicidade de Deus. Via nos olhos dos homens o que eles mesmos eram incapazes, sozinhos, de ver. Um santo caminhou entre nós para nos ajudar em nosso próprio caminho.

     Não é de se admirar que a devoção ao Venerável capuchinho não conheça as barreiras do tempo e do espaço e, transcorridos 23 anos de sua partida para a Casa do Pai, permaneça presente de forma tão altiva no imaginário popular nordestino. Sendo Pastor de ovelhas, sua voz ressoa até hoje nos ouvidos daqueles que o escutavam.

Frei Renato Marques de Oliveira, OFMCap

Pós-Noviço Capuchinho, Discente do Curso de Licenciatura Plena em Filosofia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru (FAFICA). 

Fonte: Capuchinhos do Brasil /CCB

Por Maurício Soares de Souza (Convento Nossa Senhora da Penha)

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