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Sobre a Oração de São Francisco de Assis

Publicado por Frei Hermínio Bezerra de Oliveira | 20/02/2020 - 22:55

São Francisco de Assis nasceu em 1181 e morreu em 1226, em Assis. Existe uma prece conhecida como Oração de São Francisco, que inicia dizendo: Ó Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz!

É uma oração anônima apresentada ao Terceiro Franciscano, Bento XV, Papa de 1914 a 1922. Ele publicou-a no jornal do Vaticano, Osservatore Romano, do dia 20/01/1916. Esta oração não consta nas Fontes Franciscanas, livro de 1550 páginas, que reúne os escritos de São Francisco, Crônicas e as suas primeiras biografias.

O seu conteúdo revela piedade medieval. Aplica à espiritualidade, o princípio da cura pela alopatia: “contraria contrariis curentur” = cura pelo antídoto. Ela propõe: o amor para aplacar o ódio; o perdão para apagar a ofensa; a união para a acabar com a discórdia; a fé para dissipar a dúvida; a verdade para substituir o erro; a esperança para vencer o desespero; a alegria para extirpar a tristeza; a luz para eliminar as trevas.

A 2ª parte tem claros elementos da espiritualidade franciscana: “São pacíficos verdadeiramente, aqueles que por tudo o que sofrem nesse mundo, conservam a paz da alma...” (S. Francisco, Admoestação XV). E ainda: “Onde há amor, não há temor; onde há paciência, não há ira, nem perturbação; onde há misericórdia, não há dureza de coração; onde há paz, não há desassossego e nem dissipação” (Idem, Adm. XXVII).  

Um dos companheiros de São Francisco, o beato Frei Egídio de Assis, escreveu: “Bem-aventurado aquele que ama sem desejar ser amado; aquele que serve, sem desejar ser servido” (Ditos do Beato Egídio de Assis, in: Fontes Franciscanas).

Frei Benoit, um capuchinho francês, logo após o término da I Guerra Mundial em 1918, fez imprimir esta oração no verso de uma estampa de São Francisco de Assis e recomendou aos Terceiros Franciscanos que a rezassem pela paz na Europa.

Frei Willibrod van Dijk diz que foram os protestantes franceses, os primeiros a publicar em 1927 este texto, indicando São Francisco como seu autor. Os anglicanos, em 1936 a divulgaram na Inglaterra, com o título: A prayer of Saint Francis. Mais tarde, em 1945, os calvinistas suíços intitularam-na: Prière de Saint François d’Assise = Oração de São Francisco de Assis.

Em seu Testamento, São Francisco diz: O Senhor me revelou que usássemos a saudação, o Senhor te dê a paz! A paz que São Francisco propõe não é apenas a proxenia, tampouco a simples tolerância, mas a aceitação do outro e a superação da aversão, da ira e do ódio. Ele propõe a plena empatia = pôr-se no lugar do outro.

As duas maiores autoridades de Assis, entraram em litígio: o Bispo excomungou o Alcaide e este publicou um Decreto proibindo a todos os seus munícipes de vender, comprar ou assinar contrato com o bispo de Assis. São Francisco chamou os dois e conseguiu a superação do impasse. Eles selaram a paz e até se tornaram amigos.

Frei Willibrod diz: “É uma oração breve, objetiva, concreta e não sentimental. Não importa quem seja o seu autor. Ela traz um grande ensinamento, que se seguido, faz muito bem a toda e qualquer pessoa, independente de sua religião”.

Sobre o autor
Frei Hermínio Bezerra de Oliveira

Frade Capuchinho pertencente a Província São Francisco das Chagas do Ceará e Piauí.  Possui Licenciatura em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará (UECE), Bacharelado em Teologia pela Universidade Católica de Salvador (UCSal) e Psicologia pela universidade Federal da Bahia (UFBA).Tem mestrado em Psicologia pela Universiadde Católica de Lovaina, Bélgica; e Diploma Especial em Patrística Grega pela Universidade de Friburgo, Suiça. 

Trabalhou como Professor no Seminário da Prainha em Fortaleza-CE e no Seminário da Arquidiocese de Teresina, Piauí. atualmente é colaborador da página "OPNIÃO" do Jornal O Povo em Fortaleza e colunista do Jornal DIÁRIO DO NORDESTE.

Foi Ministro Provincial dos Capuchinhos do Ceará e Piauí e trabalhou como Tradutor e Secretário da língua portuguesa na Cúria Geral da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos.

Faz parte da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, CAD. N° 01. e da Academia Cearense da Língua Portuguesa, Cadeira, Nº 27.