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PITADA FRANCISMARIANA

Publicado por Frei Edval da Costa Araujo | 01/06/2020 - 21:16

O texto reflete sobre duas importantes figuras da espiritualidade cristã, Católica Apostólica Romana. Trata-se de Maria de Nazaré, a “Escolhida” e Francisco de Assis, “O Seráfico”. Obviamente que considerando o rol dos Santos, Maria ocupa um lugar de destaque em relação a todos eles, por ser a Mãe do Salvador. Logo, Francisco em sua espiritualidade se aproxima de Maria não por ser um teólogo da mariologia, mas por seu espírito devocional à sua maternidade. Narra à história que a Mariologia Franciscana surge da tradição que tem origem em Francisco e seus seguidores. É matéria que culmina em um tratado de natureza teológica. Instrumento que veio se estabelecer institucionalmente no início do século XX. Contudo, na prática, Francisco já havia intuído a grandeza de Maria através dos ensinamentos da Igreja. Por isso, nada é atribuído a Ele como mariologia, senão, a experiência cristã que o levou a transcender aos apelos de Deus. Sua práxis no serviço aos pobres, precedida de vigorosa conversão, toma força na doação de Maria como modelo de confiança em Deus.

A contemplação de Francisco a Maria está completamente inserida no plano de Salvação. Para ele, venerar a Mãe de Deus é exprimir a realidade da história da salvação, no sentido do que Deus realizou nela, em sua história concreta, colocando em evidência a própria realidade concretizada em toda a humanidade. Para o jovem de Assis, a misericórdia de Deus para com homens/mulheres se manifesta prioritariamente por Maria, conforme afirma (2Cel 198): “Ela fez irmão nosso, o Senhor da majestade”. Em consonância, afirma Francisco na segunda Carta aos Fiéis, que Jesus é tão digno e tão santo que “recebeu de Maria a carne da nossa humanidade e fragilidade”.

O exemplo de total doação da “Escolhida” no serviço ao Reino tornou-se basilar para Francisco e seus seguidores, no serviço dispensado aos pobres. Dado que, Maria é para Francisco a “Senhora” pobre. Aquela que se deixa envolver pelo Espirito Santo na resposta ao chamado de Deus e na dinâmica do entendimento “de como isso pode acontecer”. Início da realização do projeto proposto e cumprido por Deus.

Outro aspecto da Mariologia franciscana em destaque é a santíssima Trindade. De modo especial, o Espírito Santo. Para Francisco, a pessoa da Trindade mora no interior do fiel como sinônimo de força, amor e vida. Maria não substitui o Espírito Santo porque como nela, nos homens, vive o mesmo espírito que, faz dele dependente. Assim, São Boaventura conclui que a conversão de Francisco foi obra do Espirito santo (Cf. LM 1,2. 4.6.). Do mesmo modo, ele afirma que em nossa caminhada terrena tornamo-nos como Maria, Mãe de Deus não somente porque o concebemos na fé, e o geramos pelas obras, mas também porque à luz do nosso exemplo fazemos renascer Cristo nos corações dos outros. Cf. (2Cel 164;174).

Finalmente, a “pitada francismariana”, não tem a intenção de esboçar temática exaustiva sobre Maria de Nazaré e Francisco de Assis. Mas, através da revisitação, chamar atenção da importância de Maria para vida de todo cristão, de modo particular do Santo de Assis e do mundo. De igual modo, dar destaque ao mês de maio como mês mariano, expressando um sentimento pessoal dentro da Espiritualidade Francismariana. Pois, não se pode negar que Maria e Francisco são instrumentos de inspiração divina na vida do cristão de todos os tempos.

Sobre o autor
Frei Edval da Costa Araujo

Frade Capuchinho da Província São Francisco das Chagas do Ceará e Piauí.

Mestre em Filosofia pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB; Especialista em Ensino de Filosofia pela Universidade Federal do Ceará-UFC; Pós Graduado em Formação de Professores para o Ensino Superior e Educação Continuada pela Faculdade de Juazeiro do Norte – FJN; Licenciado em Filosofia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Cajazeiras – FAFIC; Bacharel em Teologia pela Faculdade Católica de Fortaleza – FCF; Licenciado em Letras Português pela Universidade Federal do Ceará – UFC.