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O PAPEL DA ESPIRITUALIDADE FRANCISCANA NA PANDEMIA

Publicado por Frei José Gleison Silva Carlos, OFMCap | 25/06/2020 - 11:01

Estamos vivenciando tempos difíceis e turbulentos por causa da manifestação da pandemia do coronavírus. A ciência tenta buscar um antídoto, mas os sintomas e as consequências do vírus dificultam a eficiência da ciência em busca da cura. Por ocasião dessa dificuldade, os sintomas físicos estão interferindo no espírito de cada individuo. Os malefícios da pandemia estão evoluindo da matéria para o espírito humano. Não se trata apenas de uma contaminação ou doença, mas o perigo está em atingir o coração do povo de Deus. Nesta problemática mundial, estamos vulneráveis a contrair tal risco de sofrer em nosso estado de ânimo, os sintomas da pandemia.

O coração de cada pessoa está correndo grande perigo. Mas, qual perigo? O perigo da falta de fé em Deus. A antiga pergunta ainda nos interpela: Onde está Deus nesse momento de dor e sofrimento? Devemos e temos a obrigação como batizados e ainda mais como filhos de São Francisco, de suscitar através da oração e da Palavra de Deus, novas luzes ao coração do povo de Deus. Lembremos como inicia a oração de São Francisco diante do crucifixo: “Altíssimo, glorioso Deus, iluminai as trevas do meu coração, dai-me uma fé reta”.

São Francisco de Assis era um homem que levava a todos a Palavra de Deus, não importava o local ou a circunstância, a Palavra de Deus o impulsionava a evangelizar. Mas antes, precisamos lembrar que o encontro de Francisco com o leproso, foi o que levou à verdadeira conversão (1 Cel 17, 1-5). Aquele encontro levou Francisco a sentir doce o que antes era para ele, muito amargo. Nestes tempos de pandemia quem são os novos “leprosos” dos nossos dias? Na época de Francisco existia um grande preconceito em relação aos leprosos, mas o arauto de Deus venceu esta barreira. Não era o encontro físico que levava as pessoas a se encantarem com a vida de São Francisco, mas era a sensibilização do outro através da Palavra de Deus, e, de seus gestos de amor, bem como de suas palavras de conforto e de carinho.

Precisamos voltar à origem da espiritualidade franciscana. Os tempos são outros, mas, “A Palavra de Deus é viva, eficaz e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes; penetra até dividir alma e espírito” (Hb 4, 12). O Papa Francisco nos pede uma Igreja em saída. No momento, não podemos fazê-lo ao pé da letra, mas com criatividade e através dos meios de comunicação podemos evangelizar o povo de Deus. Relembremos o que S. João Paulo II enfatizou quando visitou o Monte Alverne: “O mundo tem saudades de ti, Francisco!” O século XXI jamais poderá ver fisicamente o santo de Assis, mas poderá ver os filhos de São Francisco dando continuidade à sua missão.

Não deixemos irmãos, que a pandemia impeça a pregação do evangelho, mas realizemos na fraternidade e no amor a manifestação de nossa fé em Jesus Cristo. Sejamos sinal de luz para o mundo que sofre por causa de pandemia. Como disse o nosso pai: “Comecemos, irmãos, a servir ao Senhor Deus, porque até agora apenas pouco ou em nada progredimos” (1 Cel 103, 6).

Sobre o autor
Frei José Gleison Silva Carlos, OFMCap

Frade Capuchinho pertencente à Província São Francisco das Chagas do Ceará e Piauí