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Por que a visita do Papa é tão simbólica para os franciscanos?

04/02/2019 - 17h19
Nas redes sociais, frades comemoraram a visita do Papa aos Emirados. Um encontro histórico.

Oitocentos anos depois do encontro entre Francisco de Assis e o sultão al-Malik al-Kāmil, o Papa que leva o nome do santo de Assis apresenta-se aos “irmãos muçulmanos” como um “cristão sedento de paz”. E, juntamente com o Grande Imame de Al-Azhar, assina uma Declaração destinada a marcar não só a história das relações entre o Cristianismo e o Islã, mas também a própria história do mundo islâmico. O Papa Francisco, inventor da expressão “guerra mundial em pedaços”, com esta viagem e este gesto se insere no caminho traçado pelos seus antecessores, dando um passo a mais.

Hoje, o Papa Francisco assinou um documento no qual não só se rejeita firmemente qualquer justificação para a violência cometida em nome de Deus, mas são feitas declarações importantes e vinculativas sobre o Islã e certas interpretações do mesmo. As palavras relativas ao respeito pelos fiéis de diferentes religiões, à condenação de toda e qualquer discriminação, à necessidade de proteger todos os locais de culto e ao direito à liberdade religiosa, bem como ao reconhecimento dos direitos das mulheres, constituem um empenho.

“Deus não quer que o seu nome seja usado para terrorizar as pessoas”

Mas por que este encontro é tão simbólico para os franciscanos?

Para Frei José Moacyr Cadenassi, capuchinho que trabalha sobretudo no diálogo inter-religioso e no ecumenismo, a missão universal dos cristãos é de criar condições de fraternidade. Sem ter, em primeiro lugar, o interesse em impor a mensagem de Jesus e a tradição cristã-católica. "A mensagem de Jesus, que São Francisco assimila, é a mensagem da reconciliação". 

A visita do Papa aos Emirados Árabes também acontece 800 anos depois do encontro de São Francisco de Assis com o Sultão Malik al-Kamil. 

O encontro com o Sultão

Em plena Quinta Cruzada, em junho de 1219, Francisco, depois de várias tentativas fracassadas, sai com alguns irmãos em um barco de militares e comerciantes e chega ao porto de São João do Acre, no norte da Palestina (atual cidade israelense de Akka) com o objetivo de visitar o sultão do Egito. O encontro aconteceu, provavelmente, na trégua entre agosto e setembro, no porto de Damieta, no delta do Nilo, cerca de 200 km ao norte de Cairo, onde o sobrinho de Saladino, contra a opinião de seus dignitários, acolheu com grande cortesia os frades, oferecendo-lhes também presentes que foram recusados em respeito ao voto de pobreza.


Com recortes de Vatican News e Unisinos


Ouça o áudio completo com Frei José Moacyr Cadenassi:

Fonte: Capuchinhos do Brasil /CCB

Por Paulo Henrique (Assessoria de Comunicação e Imprensa, São Paulo - SP)

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