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SACERDÓCIO DE CRISTO E NOSSA PARTICIPAÇÃO NO SEU SACERDÓCIO AOS MODOS BATISMAL E APOSTÓLICO A PARTIR DE SERMÕES DE SÃO LOURENÇO DE BRÍNDISI

Publicado por Frei Jonas Matheus | 25/07/2019 - 21:35

SACERDÓCIO DE CRISTO E NOSSA PARTICIPAÇÃO NO SEU SACERDÓCIO AOS MODOS BATISMAL E APOSTÓLICO A PARTIR DE SERMÕES DE SÃO LOURENÇO DE BRÍNDISI

Jonas Matheus Sousa da Silva OFMcap[1]

Em nossos tempos em que no espaço secular se prima pela ética dialógica da alteridade, seja na esteira de pensadores como Martin Bulber (1878-1965) ou Emmanuel Levinas (1906-1995) na esfera da cultura erudita, ou da predileção por literaturas tais quais “O pequeno príncipe” de Antoine Saint-Exupéry (1900-1944), na esfera da cultura mais democratizada e; no âmbito eclesiástico, e neste o da nossa Ordem Capuchinha, imperativos como o de sair ao encontro da alteridade nas periferias, de uma interpretação democrática da sinodalidade da Igreja (Ex: no Instrumentum Laboris do Sínodo para a Amazônia), comunidade de comunidades, primazia emergencial da comunidade ou fraternidade. Nesse panorama com a tendência de se dar a importância suprema à práxis da ética do encontro, pode-se por a dimensão do fundamento ontológico, dogmático e da própria identidade como algo amorfo e dado na hermenêutica da liberdade cunhada pelo existencialismo ateu, seja na opção do indivíduo, seja na conveniência corporativa dos grupos sociais.

Nota-se, atualmente, em discursos teológicos-pastorais e documentos de pastores da Igreja, uma ênfase bem visível em torno do sacerdócio batismal e do protagonismo dos fiéis leigos, quase em detrimento do sacerdócio ministerial, talvez como uma resposta natural aos escândalos de clérigos que desordenados em suas sanidades afetivas, mancharam a fama da Igreja e do sacerdócio ordenado perante o mundo, assediando menores e pessoas vulneráveis, para não enfatizar outros escândalos, como os de ordem econômico-administrativa. Não é difícil notar, ainda no âmbito eclesial,  grupos de fiéis leigos (coroinhas e mestres de cerimônia) que se clericalizam no rubricismo liturgico e grupos de ministros ordenados que se secularizam.

Nesse ambiente sintomático, o perigo de querer nivelar tudo ao sacerdócio batismal é renunciar a própria natureza da Igreja, humana, porém de instituição divina, reafirmando os mesmos erros eclesiológicos de Martinho Lutero, do século XVI. Quanto a isso, afirma Bernard Sesboüe (2005, p.163-164): “No que diz respeito a Lutero, sua doutrina se apresenta assim: (1) Todos os batizados são igualmente sacerdotes; (2) não há mais, portanto, distinção entre sacerdotes e leigos; (3) a ordem não é um sacramento; a única ordenação sacramental que existe é a ordenação batismal; (4) aquele que é encarregado do ministério é um sacerdote tirado dentre os sacerdotes; cabe à comunidade reconhecer a autenticidade da vocação do candidato e ordená-lo. Essa ordenação, necessária é um simples rito, uma instituição humana”.

A impostação de Lutero foi combatida e corrigida pela Igreja que afirmou a participação no único sacerdócio de Cristo como sacerdócio batismal (interno ou invisível) e como sacerdócio apostólico (externo ou visível), afirmados dogmaticamente no Concílio de Trento (1545-1563), asseverando que: “Se alguém afirma que todos os cristãos indistintamente são sacerdotes do Novo Testamento, ou que todos estão dotados de poder espiritual igual entre si, não parece fazer mais que pôr em desordem a hierarquia eclesiástica [cân. 6], que é “como um exército em ordem de combate” [cf. Ct 6,4], como se, contrariamente à doutrina do bem-aventurado Paulo, todos fossem apóstolos, todos profetas, todos evangelistas, todos pastores, todos doutores [cf. 1Cor 12,29; Ef 4,11]” (DS 1767).

Também o Concílio Vaticano II (1962- 1965), explicitou de modo inequívoco a existência desses dois modos de participar e exercer o único sacerdócio de Cristo na Igreja[2], dado que “foi Cristo quem comunicou seu sacerdócio à Igreja, Ele que foi santificado e enviado ao mundo (cf. Jo 10, 36), fez com que todo o seu Corpo Místico participasse da unção com a qual ele mesmo foi ungido: nele, todos os fiéis formam um sacerdócio santo e real (cf. Presbyterorum Ordinis n.2)” (DANTAS, 2011, p.43).

Nesse contexto o pensamento e a existência concreta de São Lourenço de Brindisi (1559-1619), frade capuchinho, presbítero e doutor da Igreja – nesse ano jubilar dos 400 anos de sua gloriosa páscoa, pode nos dar luzes para vivenciarmos a pluriformidade dos carismas e ministérios ao interno da nossa fraternidade capuchinha, na Igreja e no mundo, compreendendo-nos com o lume da verdade e justiça que refletem em nós a beleza do Espírito Criador e da luz pascal de Cristo que coliga Deus e homem no seu único sacerdócio ao qual participamos com impressão do caráter em nosso ser seja pelos sacramentos da iniciação cristã (Batismo e Crisma), seja pelo sacramento da Ordem, em torno do Seu e nosso sacrifício eucarístico que gera a comunhão do novo povo de Deus.

Conforme o papa teólogo, Bento XVI, na catequese sobre o Doutor apostólico (2011):

Até os fiéis mais simples, não dotados de uma grande cultura, beneficiaram da palavra convincente de São Lourenço, que se dirigia às pessoas humildes para exortar todos à coerência da própria vida com a fé professada. Este foi um grande mérito dos Capuchinhos e de outras Ordens religiosas que, nos séculos XVI e XVII, contribuíram para a renovação da vida cristã, penetrando em profundidade na sociedade com o seu testemunho de vida e o seu ensinamento. Inclusive hoje, a nova evangelização tem necessidade de apóstolos bem preparados, zelosos e intrépidos, para que a luz e a beleza do Evangelho prevaleçam sobre as orientações culturais do relativismo ético e da indiferença religiosa, e transformem os vários modos de pensar e de agir num autêntico humanismo cristão. É surpreendente que são São Lourenço de Bríndisi tenha podido realizar, ininterruptamente, esta atividade de pregador apreciado e incansável em muitas cidades da Itália e em diversos países, não obstante desempenhasse também outros cargos delicados e de grande responsabilidade. Efetivamente, no interior da Ordem dos Capuchinhos, ele foi professor de teologia, mestre dos noviços, várias vezes ministro provincial e definidor-geral e, finalmente, de 1602 a 1605, ministro geral. No meio de tantos trabalhos, São Lourenço cultivou uma vida espiritual de fervor extraordinário, dedicando muito tempo à oração e de maneira especial à celebração da Santa Missa, que prolongava frequentemente durante horas, arrebatado e comovido no memorial da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor”.

Relembrando de modo sintético a sua vida, sob o influxo da Reforma Capuchinha (1528) e da Reforma eclesial no Concílio de Trento (1545-1563). Júlio César Rossi, após itinerário formativo com os Franciscanos conventuais é admitido entre os capuchinhos, tomando o hábito e o nome religioso de Frei Lourenço de Brindisi. “Homem de profunda doutrina e poliglota, dedicou-se ao ministério da pregação na Itália e na Europa. Desempenhou importantes encargos diplomáticos a serviço da Igreja e da própria comunidade civil. Escreveu muitas obras para a difusão e defesa da fé” (MISSAL ROMANO, 2017, p.618). Foi presbítero capuchinho, poliglota, pregador apologista, emissário da Santa sé; Ministro Geral da ordem capuchinha, adorador da Eucaristia, piedoso filho de Maria Santíssima. Em suma, “pastor, teólogo e santo” (cf. BALTHASAR apud PEREIRA). Declarado doutor da Igreja – Doutor Apostólico, por São João XXIII em 1959.

Para elucidarmos o nosso tema na esteira do egrégio doutor capuchinho, tomaremos enfoques de acenos do Marial, de quatro dos seus sermões publicados em I Frati Cappuccini III/2, a saber: 1. O Santíssimo sacramento do altar; 2. A admirável mulher do Apocalipse; 3. Para a vestição dos noviços; e 4. Para a profissão dos noviços, e do Sermão Quaresmal, que está no Ofício das Leituras da sua memória litúrgica.

1 SACERDÓCIO DE CRISTO

No único sacerdócio de Cristo feito ato na união hipostática das suas naturezas humana e divina na sua única pessoa de Verbo Encarnado, na sua entrega no mistério pascal e na sua presença real no sacramento da Eucaristia, mistérios da humildade do Senhor mais caros ao franciscanismo, dá-se a divinização da humanidade que presta ouvidos no Espírito Santo ao Verbo de Deus Pai, vivenciando o Sacrum Commercium, na vida em Cristo como novo povo de Deus, transfigurando a existência pela graça da vida cristã que o insere na dinâmica do Reinado de Deus pela participação nos sacerdócio do redentor, nas modalidades batismal e apostólica.

São Lourenço de Brindisi soube compreender e se deixar impregnar no pensamento e na ação do único sacerdócio de Cristo, vivenciado por ele nas dimensões sacramentais do batismo e do presbiterado. De fato, o Doutor apostólico aprendeu a se instruir na contemplação transformadora do Verbo de Deus feito homem e glorificado, conforme as Constituições Capuchinhas que observava e ordenava que “quem não sabe ler a Cristo, livro da vida, não tem a doutrina suficiente que o habilite para poder pregar, ainda que estudem. Se proíbe, pois, aos pregadores que levem consigo muitos livros, dado que em Cristo encontrarão todas as coisas [...]  em suas pregações usem a Sagrada Escritura e especialmente o Novo Testamento, e sobretudo o sagrado Evangelho, a fim de que sendo nós pregadores evangélicos mesmos capazes de gerar a povos evangélicos” (CONSTITUIÇÕES DE ROMA, 1536, p.41).

Afirmando que “as inúmeras maravilhas feitas por Deus, na criação e na redenção do gênero humano, todas estão compreendidas em Cristo”(BRINDISI, 2007, p. 511), São Lourenço, conforme as teologia paulina e joanina (cf. Cl 1; Jo 1), cara aos padres da Igreja como Santo Irineu de Lião, São Gregório de Nissa e ao escritor eclesiástico Orígenes, assegura a fé no Verbo de Deus, o Cristo, que confere a justiça e beleza a toda a criação como Sabedoria do Pai, por isso nele está o principio da divinização e redenção humana que transfigura a história e o universo, conectando pelo mistério da encarnação, o temporal ao eterno.

1.1 O mistério da Encarnação

Conforme o escrito aos Hebreus 2, 14-18, a encarnação do  Filho de Deus, é evento essencial para que ele fosse o Sumo sacerdote da nossa fé assim, “uma vez que os filhos têm em comum a carne e o sangue, por isso também ele participou da mesma condição, a fim de destruir pela morte o dominador da morte, isto é, o diabo; e libertar os que passaram toda a vida em estado de servidão, pelo temor da morte. Pois não veio ele ocupar-se com anjos, mas, sim,  com a descendência de Abraão. Convinha, por isso, que em tudo se tornasse semelhante  aos irmãos, para ser, em relação a Deus, um sumo sacerdote misericordioso e fiel, para expiar assim os pecados do povo. Pois, tendo ele mesmo sofrido pela tentação, é capaz de socorrer os que são tentados”

Para São Lourenço, a Virgem Maria, eleita e consagrada ao Pai pela obediência à sua Palavra, é como a tenda da reunião de Deus com a sua humanidade envolvida pela nuvem do Espírito, como na peregrinação do povo hebreu no deserto; porém, a Virgem Cheia de Graça vai mais além que a simples figura, pois na sua abertura e escuta de fé ao Verbo de Deus, ela aceita a incumbência de tecer a túnica indivisível da humanidade de Cristo, “Aquele que o céus não podiam conter, ela o fechou em seu seio: ‘O Senhor cria uma coisa nova na terra: a mulher circundará o homem; Eis a virgem que concebe e dá a luz um filho’ (Jr 31,22; Is 7, 14): o Emanuel, o homem-Deus, perfeito Deus e perfeito homem”(BRINDISI, 2007, p. 520).

Em Maria de Nazaré, Deus se faz presente conosco, assumindo o tempo e a mortalidade, elevando-os na irrupção da graça e da eternidade, fazendo brotar na história o hoje teológico e salvador que é Cristo e a dinâmica do reinado de Deus. A graça de Deus pela Encarnação do Verbo assume o drama da morte e da fragmentação do criado, consequência da desobediência de Adão e Eva, para na cruz do Servo do Senhor (cf. Is 53) restituir ao que foi fragmentado, a beleza da glória de Deus. Por isso, “Hoje se encarnou o Verbo de Deus, o Unigênito Filho de Deus: O Verbo se fez carne (Jo 1, 14): assumiu a carne passível e mortal, para poder padecer e morrer, para satisfazer a Deus por nossos pecados e merecer para nós a graça e a glória” (BRINDIS, 2004, p.81).

Nessa trilha São Lourenço propaga o pensamento soteriológico, legado por Santo Anselmo de Aosta no “Cur Deus homo”, da salvação como necessária satisfação a Deus na cruz do Filho eterno que se fez homem; dado que a gravidade da ofensa e da injustiça do ser humano, ao pecar desde Adão, exige justiça e reparação perante a majestade de Deus, preço inviável a simples criatura humana. Assim, São Lourenço apresenta o sacerdócio de Cristo iniciado no mistério da Encarnação para que execute a satisfação em nome da humanidade que assumiu, no sacrifício da cruz. No entanto, o Doutor apostólico acentua mais a graça divina que a influência do pecado, no mistério da assunção da nossa humanidade pelo Verbo do Pai e no seu mistério Pascal. São Lourenço, alia-se ao ilustre co-irmão franciscano beato Duns Scotus, o Doutor sutil e, revestido do franciscano estupor perante o mistério da humildade do nosso Deus, segue a via da teologia dos padres gregos contemplando a glória de Deus que quer divinizar o ser humano; enfatizando na sua teologia a admiração e solenidade vivenciada pela espiritualidade franciscana perante o mistério do natal do Senhor. É no sentido de dar a primazia à graça de Deus que quer manifestar a sua glória dando a vida eterna à criatura humana mediante a contemplação da Sua face, que é o Verbo, Imagem do Deus invisível (cf. Cl 1; IRINEU, 1995, p.430-438), que transfigura a humanidade. São Lourenço faz ecoar na sua teologia o teologúmeno do Doutor sutil: “Se Cristo não houvesse vindo como redentor na carne passível, haveria vindo como glorificador em um corpo glorioso, como se manifestou na Transfiguração: haveria vindo como fonte de graça e como autor da glória”(BRINDIS, 2004, p.82).

Na via da teologia paulina contida no primeiro capítulo da epístola aos Colossenses, refletida abundantemente na patrística grega e na de Santo Irineu de Lião, o Doutor Apostólico anuncia que “Cristo é o fundamento de toda a criatura, de toda a graça e de toda a glória, posto que ele é o fim de todas as coisas, por ele todas foram criadas [...] Deus, nosso criador, colocou Cristo como fundamento de nossa salvação, já antes do princípio do mundo, a fim de que, no caso de nossa prevaricação, pudéssemos ser renovados nele. Por isso Cristo foi predestinado também como Redentor, por si chegara a ser necessária a redenção”(BRINDIS, 2004, p.85).

Por esse fundamento, São Lourenço apresenta Cristo em relação com o conjunto das criaturas, como o centro e finalidade de tudo o que foi criado. Pois se tudo foi criado por vontade do Pai no Filho e para o Filho, só o Filho pode restituir tudo ao Pai pelo dom do Espírito, sendo o sacerdócio que lhe é próprio realizado na sua relação com o criado, sobretudo com o ser humano que é microcosmo (cf. BASÍLIO, 2015, p.75)[3], marcado pela possibilidade de assumir e conferir à criação que geme em dores de parto, esperando a revelação dos filhos de Deus (cf. Rm 8) a beleza da transfiguração e divinização, posto que no Amor de Deus manifesto em Cristo, Deus regenera, atraindo a si todo o ser (cf. Apc 21, 1.5; Jo 6,44; 12, 32).; assim, “Deus ama a Cristo sobre todas as coisas e ama a todas as coisas por causa de Cristo”(BRINDIS, 2004, p.91).

Disso compreendemos que toda a bondade, beleza e verdade presente na criação, foram feitas no Filho, para participar da comunhão trinitária, no Amor do Pai ao Filho unigênito. O Filho pode colocar tudo na própria atuação do Espírito de Amor para que em tudo seja glorificado o Pai, fazendo brilhar na nova humanidade, a imagem de Deus uno e trino, pela transfiguração que o Espírito do Senhor realiza, fazendo-nos semelhantes a Ele, filhos no Filho, pois “em Cristo homem se dá toda a perfeição da natureza, da graça e da glória pela graça da união divina: fruto bendito, não apenas tesouro da divindade, mas também tesouro de quanta perfeição da natureza, da graça e da glória se pode encontrar na terra entre a humanidade e no céu entre os anjos”(BRINDIS, 2004, p.251)

Ao assumir de modo perfeito e total tudo o que é genuinamente humano no mistério da Encarnação, Cristo salva o que lhe pertence, pois tudo foi criado para Ele. A natureza humana assumida se torna o templo e o propiciatório onde o Filho de Deus exerce o seu sumo sacerdócio, pela aspersão do seu sangue, obtendo-nos o perdão e a paz. De fato, “aquele mesmo Deus que assumiu nossa carne e dela se fez um tabernáculo mais amplo e perfeito, não criado pela mão humana, mas por obra divina: ‘E o Verbo se fez carne e habitou entre nós’(Jo 1, 14)”(BRINDISI, 2007, p. 505).

Na homilética de São Lourenço, em diálogo com o povo hebreu, todo o Antigo Testamento aponta para o mistério do sacerdócio de Cristo que se dá na Encarnação e na cruz. Afirma o Doutor apostólico: “E que pensais, meus ouvintes, que fosse aquele divino tabernáculo senão um enigma incompreensível de Cristo? O que era aquela arca senão a figura da carne de Cristo assumida pelo Verbo em unidade pessoal? "Nele habita, conjunta com a humanidade, a plenitude da divindade” (Col 2,9). Que pensais que fossem aquela vara florida, as tábuas da lei e o vaso de maná senão os símbolos manifestos do poder, da sabedoria e bondade divina em Cristo, comunicadas à natureza humana pela união hipostática das naturezas, da qual resulta a comunicação dos "idiomas" naturais? E o propiciatório divino sobre o qual estava Deus, não era a figura da alma santíssima de Cristo, à qual principalmente se uniu a divindade e da alma à carne? E os querubins da glória não se assemelhavam ao intelecto e ao afeto na parte superior da alma de Cristo, que sempre foi bem-aventurada e gloriosa desde o primeiro instante da concepção? Eis enigmaticamente descrito, todo o Cristo.”(BRINDISI, 2007, p. 506-507)

Na esteira de São João Damasceno (1996, p.190), sem desmerecer o título franciscano de Maria, esposa do Espírito Santo, São Lourenço, no seu discurso apologético do mistério da divindade de Cristo, Filho de Deus, e do realismo da sua encarnação, não subestima em chamar a Virgem Maria, não só de Mãe de Deus, mas também de “Esposa de Deus”, no sentido de esposa do Pai eterno, pois a partir da Encarnação do Verbo no seu ventre e da perfeita união das naturezas divina e humana na única pessoa do Verbo encarnado, se dá o sacerdócio de Cristo como sacrum commercium entre Deus e a humanidade, não apenas na união hipostática em Jesus Cristo, mas no matrimônio místico e concreto entre a primeira pessoa da Trindade e a Virgem toda santa. Pois o unigênito de Maria é o mesmo unigênito de Deus Pai; nesse sentido a atuação do Espírito Santo na Encarnação é de ser o próprio vínculo de Amor, o meio divino no qual o Pai desposa a humanidade re-criada em Maria, entregando ao mundo criado o seu Filho, pelo Espírito, para atrair todos a si. Pois “Cristo rei dos reis e Senhor dos governantes, o Unigênito Filho de Deus e da Virgem Maria. A Virgem Mãe de Deus, a Mãe de Cristo, a Esposa de Deus... [...] a Virgem é esposa de Deus e Mãe de Cristo, assim como Eva foi mulher de Adão e geradora de homens [...] Rainha do céu, Esposa do Sumo Rei, e que concebeu e gerou Cristo, Filho Unigênito de Deus e verdadeiro Deus”(BRINDISI, 2007, p. 515 / 517).

1.2 O mistério da Cruz

O drama da Cruz do Verbo encarnado é visto por São Lourenço com todo o realismo do amor divino que se faz concreto na história e que não desdenha entrar no mistério do sofrimento que é a pedra de toque do amor humano que progride de eros e phília e se faz oblação no ágape de Deus; assim, “a dor nasce do amor e o amor mesmo é a medida exata da dor. De um amor grande se deriva uma grande dor”(BRINDIS, 2004, p.65).

Jesus Cristo, genuíno membro do seu povo, “nascido sob a Lei” (Gl 4,4) conheceu e vivenciou as escrituras vetero-testamentárias, compreendendo sempre mais claramente o seu modo singular e próprio de ser filho de Deus Pai, à luz das profecias e do testemunho de João Batista; compreendeu com sua inteligência humana a sua missão de ser o Cordeiro/servo do Senhor, profetizado por Isaias (cf. Jo 1,29 / Is 53). Para o Doutor Apostólico este conhecimento está presente no Senhor desde a sua concepção. Desse modo, afirma que “Cristo, no primeiro instante da sua concepção não só conheceu o beneficio a ele conferido, senão também a vontade de Deus de sobre a redenção e salvação do gênero humano por meio da paixão e morte de cruz. Pois ele se ofereceu desde então ao Pai para sofre a Paixão e morte de cruz para a salvação do mundo. Essa disposição foi já um verdadeiro sacrifício de infinito mérito e valor, até o ponto que não foi de maior mérito o sacrifício real da Cruz. Com efeito, o mérito não surge do ato externo, mas do amor e da graça.”(BRINDIS, 2004, p.155).

Sobre o sacrifício redentor do Verbo encarnado, São Lourenço, enfatiza os frutos da Cruz do Senhor, expressando: “foi dádiva muito grande, ó almas estimadas, que Cristo se deu a nós como preço, morrendo [...] como preço nos deu medicina contra os vícios [...] conseguiu que não pecássemos, [...] reconciliou-nos com Deus, [...] resgatou-nos da escravidão do demônio e do pecado, [...] libertou-nos da morte, [...] justificou-nos”(BRINDISI, 2007, p. 512).

Nessa trilha, o tomo aos Hebreus 9, 24-26[4], evidencia a excelência do único e eficaz sacerdócio de Cristo, que se ofereceu na Cruz e está glorificado com a nossa humanidade assumida à direita do Pai: “Cristo não entrou num santuário feito por mão humana, réplica do verdadeiro, e sim no próprio céu, a fim de comparecer, agora, diante da face de Deus a nosso favor. E não foi para oferecer-se a si mesmo muitas vezes, como o sumo sacerdote que entra no Santuário cada ano com  sangue de outrem. Pois, se assim fosse, deveria ter sofrido muitas vezes desde a fundação do mundo. Mas foi uma vez por todas, agora, no fim dos tempos, que ele se manifestou para abolir o pecado através do próprio sacrifício”

Compreendendo os frutos da Paixão do Senhor, também presentes na Eucaristia, e na vida do cristão nutrido pelo Pão Celeste; seguindo São Paulo e São Gregório Magno, São Lourenço afirma o prolongamento da cruz redentora na vida cristã dizendo que: “embora a Paixão de Cristo tenha sido suficiente e a Redenção copiosa, e para nós satisfez ao Pai Eterno de maneira exuberante, é também verdadeiro o que diz São Gregório ‘Cristo não completou todas as coisas’”[...] Deixou alguma coisa também para nós [...] a fé ajude ao cristão a obter a herança eterna que o Filho de Deus, feito homem, adquiriu com sua Paixão e derramamento de sangue e morte aceita por seu amor” (BRINDISI, 2007, p. 527).

A Paixão gloriosa do Verbo encarnado e glorificado se faz presente no sacramento do seu Corpo e Sangue, no coração da Igreja, como sua fonte e ápice (cf. Sacrosanctum Concilium; Lumen Gentium). Por isso a Eucaristia é ao centro do novo povo de Deus o memorial realizador do único sacrifício de Cristo, Deus e homem, verdadeiro Sumo sacerdote.

1.3 O mistério da Eucaristia

O Doutor Apostólico vivencia, defende e propaga a adoração ao Sacramento da Eucaristia, anunciando a presença real do Filho de Deus, encarnado e glorificado, no Sacramento do Altar, pois: “Cristo é o diviníssimo sacramento da Eucaristia. Este é o sacramento da graça, da caridade e do amor entre todos os sacramentos. Não é, porém, tão superior aos demais sacramentos, como o sol aos demais planetas e estrelas, o fogo aos outros elementos, o firmamento aos outros céus, o homem aos demais animais e o serafim aos demais anjos, mas quanto Deus é superior às outras criaturas, porque o que contém neste sacramento é Jesus Cristo, Filho de Deus e da Virgem  Maria, Deus e homem”(BRINDISI, 2007, p. 504).

Na trilha de São Francisco de Assis na Carta a toda a Ordem (cf. FRANCESCO, 1978, p.90), São Lourenço ver no sacramento da Eucaristia, um novo modo de descida de Deus da Glória do Pai para junto da humanidade redimida no mundo assim como no mistério da Encarnação. Afirma o santo que “não somente quis este Deus estar conosco pelo admirável mistério da encarnação, Deus feito homem para fazer dos homens participantes da natureza divina (cf. 2 Pd1,4), mas também, outrossim, incompreensível e inefável através do diviníssimo sacramento do altar, no qual verdadeiramente Deus está no meio de nós. Cristo Jesus, Filho de Deus e da Virgem Maria, verdadeiro Deus e perfeito homem, vive neste Santíssimo Sacramento: "Deus está no meio de nós. E eis que estou convosco todos os dias até o fim do mundo" (Mt 28,20).”(BRINDISI, 2007, p. 506).

Afirmando a presença real do Senhor sob as espécies sacramentais, São Lourenço ver que o Redentor ao se fazer alimento de vida eterna para os cristãos, ao mesmo tempo os diviniza (cf 2 Pd); assim,“este diviníssimo sacramento da Eucaristia deifica-nos, une-nos com Deus, transforma-nos em Deus, faz-nos outros deuses.Os outros sacramentos são vasos da graça de Cristo. Este contém o próprio Cristo, com toda sua plenitude fontal da graça, dos méritos, da glória e da divindade de Cristo: Deus está conosco.”(BRINDISI, 2007, p. 508).

Pela presença real do Filho de Deus, no sacramento do altar, excedendo a graça de todos os demais sacramentos é justo e necessário prestar à Eucaristia o mesmo culto de adoração e esmero litúrgico que se presta ao Deus uno e trino. “A mesma honra devida a Deus deve ser dada a este sacramento, o louvor que convém a Deus deve ser prestado a este sacramento. A adoração e o culto que se concedem a Deus devem ser dados a este sacramento diviníssimo, porque é o mesmo Deus: Deus está conosco” (BRINDISI, 2007, p. 511).

Participando da comunhão da Igreja ao seu divino esposo presente na Eucaristia, os cristãos, em virtude do Batismo, exercem na história a sua participação no sacerdócio de Cristo, oferecendo-se unidos a Ele, pelo Espírito de amor ao Pai.

2 O SACERDÓCIO BATISMAL E A CONVERSÃO CRISTÃ

Fortificados pelo Sacramento da Eucaristia, os batizados e crismados, libertos do domínio do demônio e do pecado se tornam membros da família dos redimidos e combatentes em nome de Cristo para viver na liberdade dos filhos de Deus. Assim, o Doutor Apostólico exclama sobre os dois primeiros sacramentos da vida cristã: “Que excelência a do batismo, que de trevas nos faz luz, de réus de morte a sermos dignos da glória do paraíso, de escravos do demônio, filhos de Deus! O crisma faz-nos soldados de Cristo, heróis e semideuses de valor invencível para combater contra todos os inimigos do vivo espírito de Cristo” (BRINDISI, 2007, p. 508).

Vivenciando a vida cristã, na busca de estar sempre conservando em si o mistério da salvação, o cristão deve fazer seguir à fé as boas obras, pois “toda boa obra merece perante Deus não apenas o aumento da recompensa e do premio futuro, mas também o incremento da graça e da caridade no tempo presente, na Igreja”(BRINDIS, 2004, p.578).

Dessa forma, a participação do batizado no sacerdócio de Cristo é vida de oblação de si mesmo, unindo a própria existência e o sacrifício cotidiano, ao sacrifício sacerdotal do Senhor. De tal modo, “ ao cristão [...] é preciso agir bem, fugir dos pecados, viver na graça de Deus e suportar, com paciência, a cruz de Cristo, renegando a própria vontade, mortificando a si mesmo e conformando-se em tudo com a vontade de Deus” (BRINDISI, 2007, p. 527). Como exortam os santos apóstolos Pedro e Paulo: “Chegai-vos a ele, a pedra viva, rejeitada, é verdade, pelos homens, mas diante de Deus eleita e preciosa. Do mesmo modo, também vós, como pedras vivas, constituí-vos em um edifício espiritual, dedicai-vos a um sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo (1 Pd 2, 4-5)”; e “pela misericórdia de Deus, ofereçais vossos corpos como hóstia viva, santa e agradável a Deus: este é o vosso culto espiritual (Rm 12,1)”

Vinculando a eclesiologia e a mariologia, o Doutor apostólico ver a Imaculada Mãe de Deus como modelo do sacerdócio batismal dos membros da Igreja, pois nela se reflete perfeitamente a imagem de Deus que é Cristo salvador, e na sua virgindade no corpo e na alma, o exemplo de fidelidade a Deus que deve ser vivenciado pelos cristãos, na sua união ao sacerdócio de Cristo, como verdadeira via de sabedoria. “A concepção imaculada manifesta a ‘sabedoria’, porque na alma da Virgem pintou em um só instante a mais perfeita imagem de Cristo em cores vivas, inteiramente sem mancha; porque muito melhor é a virgindade intacta e perpétua do espírito que a da carne. Desse modo Deus fez que, assim como não conheceu homem, permanecendo intacta no corpo, também não fosse violada no espírito pelo diabo”(BRINDIS, 2004, p.477).

Para a vivência da vocação cristã, como fiel união ao Cristo, faz-se necessária a presença do Espírito Santo, para conformar sempre mais o batizado ao Senhor em estreita união ao seu Sacerdócio que restitui a humanidade ao Pai. Por isso São Lourenço exorta que “invoquemos o Espírito Santo para que vos assista com a sua graça divina e encha vosso coração com o divino amor, a fim de que a oferta seja melhor aceita e, em contrapartida, vos dê a perseverança para agir bem e cumule vossa almas de méritos nesta vida e de glória na outra” (BRINDISI, 2007, p. 531).

Em correspondência aos cristãos que ofertam com Cristo as oblações de suas próprias existências assinalada pela cruz do Senhor, como sacerdócio interno e invisível, Cristo instituiu nos seus apóstolos e seus sucessores o sacerdócio visível e externo que perpetua, no anúncio da Palavra e na efetivação da vida sacramental, o sacerdócio do Filho de Deus que, mediante suas encarnação, cruz e ressurreição, trouxe aos que aderem ao seu chamado para participar do seu corpo místico, a Igreja, os dons da graça, da redenção e da glorificação.

3 O SACERDÓCIO APOSTÓLICO

O Sacerdócio apostólico é apresentado por São Lourenço como um excelso e transcendente mistério, ilustrado pelo sacerdócio de Melquisedec, tipo do próprio sacerdócio de Cristo, de modo que “como fez com o grande sacerdote de Deus, Melquisedec, rei de Salém [...] desta maneira e com certa majestade divina foi apresentado o sacerdócio, como algo celeste e divino, não humano nem nascido da terra” (BRINDISI, 2007, p. 516). Essa transcendência do ofício sacerdotal confere ao ministro ordenado, o representar o próprio Deus salvador, posto que “a ordem sagrada faz-nos quase outros deuses na terra pela dignidade, honra e poder” (BRINDISI, 2007, p. 508).

Ainda o ofício do sacerdócio apostólico implica em pregar a Palavra de Deus para suscitar a fé e a salvação, cooperando para que os Cristãos cresçam nas virtudes. Afirma São Lourenço: “veio Cristo, Deus e homem, para pregar a palavra de Deus. E para esse mesmo fim enviou os Apóstolos, como antes enviara os Profetas. Por conseguinte, a pregação é um dever apostólico, angélico, cristão, divino. Assim se manifesta por meio da palavra de Deus a multiforme riqueza da sua bondade, porque ela é um tesouro onde se encerram todos os bens. Dela procedem a fé, a esperança e a caridade, todas as virtudes, todos os dons do Espírito Santo, todas as bem-aventuranças do Evangelho, todas as boas obras, todos os méritos da vida, toda a glória do paraíso: Recebei a palavra que em vós foi semeada e que pode salvar as vossas almas.”

Porém, esse ofício sagrado, que imprime um caráter a mais, que o batismo e a Crisma, deve impulsionar os que receberam o múnus do sacerdócio apostólico a viverem mais estreitamente unidos a Cristo, seguindo o exemplo do apóstolo São João que “amava a Cristo acima de tudo, com todo o afeto, com sinceridade de coração” (BRINDISI, 2007, p. 514). “João, que com amor especial reclinou-se sobre o peito do Senhor e que tinha escolhido a melhor parte de Maria e que não lhe será tirada, dedicou-se à contemplação divina após a ascensão de Cristo ao céu. No entanto, mais intensamente, consagrou-se aos problemas de Deus durante a perseguição, sendo este sempre o costume dos santos” (BRINDISI, 2007, p. 513).

CONCLUSÃO

Por tudo isso, é genuíno se fiar no Doutor Apostólico para embasar a realidade cristológica do sacerdócio do Senhor nos mistérios da Encarnação, da Cruz e da Eucaristia –caros à espiritualidade seráfica - e, ao mesmo tempo, haurir da doutrina lourenciana, para compreender de modo eclesiológico a participação dos membros do novo povo de Deus, em dois modos, do único sacerdócio de Cristo, através do sacerdócio comum que se recebe no Batismo e do sacerdócio apostólico que se recebe no sacramento da Ordem, de modo que se compreenda esse mistério como reflexo das perfeitas naturezas divina e humana na única pessoa do Verbo encarnado que incide essa realidade na própria natureza da Igreja, conforme a fé proclamada nos Concílios da Igreja de Cristo, para que se respeite a pluriformidade na única sinfonia da Igreja, que revela a verdade de Deus e da humanidade, no mistério de Cristo.

 

REFERÊNCIAS

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NOTAS


[1] Frei Jonas Silva é membro da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, atuando na  Província N. Sra. do Carmo (Maranhão, Pará, Amapá e delegação em Cuba). É presbítero. Cursou Licenciatura plena em Filosofia no Instituto de Estudos Superiores do Maranhão e, Teologia pela Arquidiocese de Belém-PA. Publicou seis livros com gêneros poético, filosófico e catequético, dispondo suas obras na editora virtual Clube de Autores.

[2] “Cristo Nosso Senhor, Pontífice escolhido de entre os homens (cf. Hebr. 5, 1-5), fez do novo povo um «reino sacerdotal para seu Deus e Pai» (cf. Apc. 1,6; 5, 9-10). Na verdade, os batizados, pela regeneração e pela unção do Espírito Santo, são consagrados para serem casa espiritual, sacerdócio santo, para que, por meio de todas as obras próprias do cristão, ofereçam oblações espirituais e anunciem os louvores daquele que das trevas os chamou à sua admirável luz (cf. 1 Ped. 2, 4-10). Por isso, todos os discípulos de Cristo, perseverando na oração e louvando a Deus (cf. At 2, 42-47), ofereçam-se a si mesmos como hóstias vivas, santas, agradáveis a Deus (cf. Rm 12,1), deem. testemunho de Cristo em toda a parte e àqueles que lha pedirem deem razão da esperança da vida eterna que neles habita (cf. 1 Ped. 3,15) .O sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial ou hierárquico, embora se diferenciem essencialmente e não apenas em grau, ordenam-se mutuamente um ao outro; pois um e outro participam, a seu modo, do único sacerdócio de Cristo. Com efeito, o sacerdote ministerial, pelo seu poder sagrado, forma e conduz o povo sacerdotal, realiza o sacrifício eucarístico fazendo as vezes de Cristo e oferece-o a Deus em nome de todo o povo; os fiéis, por sua parte, concorrem para a oblação da Eucaristia em virtude do seu sacerdócio real,que eles exercem na recepção dos sacramentos, na oração e ação de graças, no testemunho da santidade de vida, na abnegação e na caridade operosa”. (Lumen Gentium 10).

[3] “A moldagem feita por Deus não é desta espécie. Ele plasmou o homem, e sua atividade criadora o organizou em profundidade, partindo do interior. Se dispusesse de tempo suficiente para te mostrar a estrutura do homem, aprenderias pelo conhecimento de ti mesmo a sabedoria de Deus ao te criar. Na verdade, o homem é uma miniatura do cosmo (microcosmo), e têm inteira razão os que o honram com tal designação. Quantos estudos se empregaram nesta questão!” (BASÍLIO, II Homília Sobre a Origem do homem. n.14).

[4] Sobre a Cristologia sacerdotal em Hebreus, afirma Vanhoye (1983, p65): “O autor de Hebreus releu os textos antigos à luz da Paixão de Cristo [...] desse modo completou sua demonstração. Para reconhecer Cristo como Sumo Sacerdote, como já vimos, ele havia partido da situação atual de Cristo e dos Cristãos. Agora, Cristo está junto de Deus e nos coloca em relação com Ele, integrando-nos em seu próprio corpo. Assim, ele é o nosso mediador e, mais do que ninguém, tem direito ao título de sumo sacerdote”.

Sobre o autor
Frei Jonas Matheus

Frei Jonas Silva é membro da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, atuando na Província Nossa Senhora do Carmo (Maranhão, Pará, Amapá e delegação em Cuba). É presbítero. Cursou Licenciatura plena em Filosofia no Instituto de Estudos Superiores do Maranhão e, Teologia pela Arquidiocese de Belém-PA. Publicou seis livros com gêneros poético, filosófico e catequético, dispondo suas obras na editora virtual Clube de Autores.