Religioso e mártir da Primeira Ordem (1812-1860). Beatificado por Pio XI no dia 10 de outubro de 1926.
Francisco Pinazzo nasceu em Alpuente, província de Valência, Espanha, em 24 de agosto de 1812, de pais pobres, mas ricos em fé. Ele passou sua juventude nos campos e bosques pastoreando rebanhos. Seguindo o exemplo de São Pascoal Bailão, São Salvador de Horta, São Carlos de Sezze e muitos outros que entregaram sua vida a Deus, desde o grande livro da criação.
Com doze anos, seu pai morreu, e a mãe, por necessidade familiar, se casou pela segunda vez. Felizmente, Francisco teve um novo pai, religioso e cordial. Aos 20 anos, decidiu renunciar ao mundo para se dedicar a Deus.
No convento de Huelva tomou o hábito da Ordem dos Frades Menores como um irmão leigo. Durante 13 anos, ele desfrutou de uma grande paz com seus confrades. Um dos trabalhos que desempenhou foi o de sacristão no mosteiro de Gandia. Em 1843, ele obteve permissão para ir como missionário para o Oriente. Na Palestina, passou 17 anos em vários santuários, como Aim Karem, Haifa, Nazaré, Nicósia, em Chipre e, finalmente, em Damasco.
Até que um dia sofreram o martírio. Ele e seu confrade João Santiago Fernandez foram perseguidos pelos muçulmanos e, no momento de perigo, procuraram refúgio no campanário da igreja. Foram encontrados pelos perseguidores, que não tiveram piedade nem quando eles se ajoelharam em oração, com as mãos levantadas para o céu. Os muçulmanos quebraram suas colunas vertebrais com golpes fortíssimos e os jogaram do campanário para o pátio. Os corpos permaneceram no solo, como objetos de desprezo pela multidão, cheia de ódio contra os cristãos mártires.
O apostolado franciscano cresceu muito ao redor do convento franciscano, em Damasco, e outros massacres teriam acontecido se em favor dos cristãos não tivesse intervindo o mesmo Emir Abd-el-Kader. Embora muçulmano, ele apreciava o trabalho dos missionários franciscanos e estava muito triste por não poder impedir a matança de 10 de Julho.
Reconhecendo sua boa fé, o francês Lavigerie, alguns meses depois, foi visitar Emir e deu-lhe estas palavras: “O Deus que eu sirvo é o mesmo, sem dúvida, do seu Alá, que tem inspirado tanta devoção e generosidade”. Palavras que hoje, depois do Vaticano II, tornaram-se mais claras, mas que a Igreja nunca deixou de proclamar, especialmente com o sangue de seus mártires. Francisco tinha 48 anos.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Dedicação da Basílica patriarcal. Indulgência plenária do Perdão de Assis
O Seráfico Pai São Francisco, por seu singular amor à Bem-aventurada Virgem Maria, teve sempre particular cuidado por esta capelinha dedicada a Santa Maria dos Anjos, chamada também de Porciúncula. Neste lugar, Francisco fundou a Ordem dos Frades Menores e fixou morada estável para seus confrades; neste lugar iniciou com Santa Clara a Segunda Ordem das Clarissas; neste lugar recebeu os irmãos e irmãs da penitência da Terceira Ordem que chegavam de todas as partes. Neste lugar concluiu o curso de sua vida admirável.
Para esta capela, o Santo fundador obteve do Papa Honório III a célebre indulgência chamada também de Perdão de Assis, que os Sumos Pontífices confirmaram sucessivamente e estenderam a numerosas outras igrejas. Por estas gloriosas lembranças a Ordem Seráfica celebra com alegria a festa de Santa Maria dos Anjos.
No calendário litúrgico franciscano, o dia 2 de agosto é dedicado à celebração da Festa de Nossa Senhora dos Anjos, popularmente conhecida como “Porciúncula”. Na introdução do texto litúrgico do missal e da liturgia das horas, se diz o seguinte: “O Seráfico Pai Francisco, por singular devoção à Santíssima Virgem, consagrou especial afeição à capela de Nossa Senhora dos Anjos ou da Porciúncula”.
Religioso e mártir da Primeira Ordem (1808-1860). Beatificado por Pio XI no dia 10 de outubro de 1926
João Santiago Fernandez nasceu na Galícia (Espanha), filho de Benito e Maria Fernandez, em 25 de julho de 1808, o dia dedicado a São Tiago, padroeiro da Espanha. Passou sua infância e juventude no temor de Deus, dedicado ao estudo e, em seguida, ao trabalho manual. Ele tinha 22 anos quando, depois de ter conhecido o mundo, tomou o hábito dos Frades Menores. Depois do noviciado, fez a profissão religiosa de lutar pela perfeição seráfica. Eram anos difíceis para as ordens religiosas; muitos conventos foram fechados e os religiosos devolvidos ao mundo. João Santiago manteve sua vocação franciscana íntegra, mas convencido de que não é o hábito que faz o monge.
Em 1859, ele solicitou e obteve permissão para ir como missionário à Palestina. Depois de apenas 16 meses sacrificaram suas vidas para o Senhor no convento de Damasco. Em 1860, a Síria sofreu um massacre terrível nas mãos dos drusos, que viviam no Líbano, e que destruíram aldeias e campos e vinhas e mataram todos os cristãos, que eram cerca de seis mil, sem mesmo poupar as crianças. Em Damasco, junto com os muçulmanos, os drusos encheram de sangue e fogo as igrejas e casas dos católicos.
Entre os muitos mártires, sete foram franciscanos do convento de Damasco, que morreram heroicamente com seu guardião Manoel Ruiz Santíssima, tendo confiado a Maria e alimentados com o pão dos fortes, na noite entre 9 e 10 de julho de 1860.
João Santiago, juntamente com o confrade Francisco Pinazzo, tinha procurado refúgio no campanário, mas foram descobertos pelos drusos, que escalaram a torre do sino. Sob as ordens para abandonar a fé e tornarem-se muçulmanos, eles disseram: “Temos uma só alma e nunca a perderemos negando nossa fé. Somos cristãos e religiosos franciscanos e, como tais, queremos viver e morrer”. A tão heroica resposta agrediu com golpes de martelo, quebrando sua espinha dorsal e, em seguida, atirou-o para o quintal. Ele sobreviveu até a manhã em meio a um sofrimento incalculável. Quando passou por ele um turco e percebeu que o frade ainda estava vivo, agonizante com os membros quebrados e banhados em seu sangue, ele o matou com sua cimitarra.
Então, João Santiago Fernandez, a última vítima, alcançou o céu junto a seus irmãos que já estavam na glória de Deus. Toda a Fraternidade de Damasco havia sido imolada pela fé. A Custódia Franciscana da Terra Santa escrevia com caracteres de ouro uma nova página de sangue e de triunfos.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Sacerdote pároco de Ars, da Terceira Ordem (1786-1859). Canonizado por Pio XI no dia 31 de maio de 1925.
João Maria Batista Vianney nasceu em 8 de maio de 1786, no povoado de Dardilly, ao norte de Lyon, França. Seus pais, Mateus e Maria, tiveram sete filhos, ele foi o quarto. Gostava de frequentar a igreja e desde a infância dizia que desejava ser um sacerdote. Vianney só foi para a escola na adolescência, quando abriram uma na sua aldeia, escola que frequentou por dois anos apenas, porque tinha de trabalhar no campo. Foi quando se alfabetizou e aprendeu a ler e falar francês, pois em sua casa se falava um dialeto regional.
Para seguir a vida religiosa, teve de enfrentar muita oposição de seu pai. Mas com a ajuda do pároco, aos vinte anos de idade ele foi para o Seminário de Écully, onde os obstáculos existiam por causa de sua falta de instrução. Foram poucos os que vislumbraram a sua capacidade de raciocínio. Para os professores e superiores, era considerado um rude camponês, que não tinha inteligência suficiente para acompanhar os companheiros nos estudos, especialmente de filosofia e teologia. Entretanto era um verdadeiro exemplo de obediência, caridade, piedade e perseverança na fé em Cristo.
Em 1815, João Maria Batista Vianney foi ordenado sacerdote. Mas com um impedimento: não poderia ser confessor. Não era considerado capaz de guiar consciências. Porém para Deus ele era um homem extraordinário e foi por meio desse apostolado que o dom do Espírito Santo manifestou-se sobre ele. Transformou-se num dos mais famosos e competentes confessores que a Igreja já teve.
Durante o seu aprendizado em Écully, o abade Malley havia percebido que ele era um homem especial e dotado de carismas de santidade. Assim, três anos depois, conseguiu a liberação para que pudesse exercer o apostolado plenamente. Foi então designado vigário geral na cidade de Ars-sur-Formans. Isso porque nenhum sacerdote aceitava aquela paróquia do norte de Lyon, que possuía apenas duzentos e trinta habitantes, todos não-praticantes e afamados pela violência. Por isso, a igreja ficava vazia e as tabernas lotadas.
Ele chegou em fevereiro de 1818, numa carroça, transportando alguns pertences e o que mais precisava, seus livros. Conta a tradição que na estrada ele se dirigiu a um menino pastor dizendo: “Tu me mostraste o caminho de Ars: eu te mostrarei o caminho do céu”. Hoje, um monumento na entrada da cidade lembra esse encontro. Ele chegou como bom filho de São Francisco, humildemente, um pobre entre os pobres e pronto para conquistar almas. O espírito franciscano que havia assimilado ao entrar na Terceira Ordem da Penitência o guiou no ministério pastoral.
Treze anos depois, com seu exemplo e postura caridosa, mas também severa, conseguiu mudar aquela triste realidade, invertendo a situação. O povo não ia mais para as tabernas, em vez disso lotava a igreja. Todos agora queriam confessar-se, para obter a reconciliação e os conselhos daquele homem que eles consideravam um santo.
Na paróquia, fazia de tudo, inclusive os serviços da casa e suas refeições. Sempre em oração, comia muito pouco e dormia no máximo três horas por dia, fazendo tudo o que podia para os seus pobres. O dinheiro herdado com a morte do pai gastou com eles.
A fama de seus dons e de sua santidade correu entre os fiéis de todas as partes da Europa. Muitos acorriam para paróquia de Ars com um só objetivo: ver o cura e, acima de tudo, confessar-se com ele. Mesmo que para isto tivessem que esperar horas ou dias inteiros. Assim, o local tornou-se um centro de peregrinações.
O Cura de Ars, como era chamado, nunca pôde parar para descansar. Morreu serenamente, consumido pela fadiga, na noite de 4 de agosto de 1859, aos setenta e três anos de idade. Muito antes de ser canonizado pelo papa Pio XI, em 1925, já era venerado como santo. O seu corpo, incorrupto, encontra-se na igreja da paróquia de Ars, que se tornou um grande santuário de peregrinação. São João Maria Batista Vianney foi proclamado pela Igreja Padroeiro dos Sacerdotes e o dia de sua festa, 4 de agosto, escolhido para celebrar o Dia do Padre.
Missionário sacerdote da Primeira Ordem (1838-1916). Beatificado por João Paulo II no dia 25 de setembro de 1988.
Federico Janssoone é uma personalidade fora do comum. Ele se comprometeu totalmente ao Evangelho na fidelidade ao carisma franciscano. Foi todo de Deus e todo do próximo, desenvolvendo seu ministério em três áreas: em sua terra natal, França; na Terra Santa, em Belém, onde no lugar do berço de Jesus construiu a Basílica de Santa Catarina; e Canadá, a sua segunda terra natal, onde foi restaurador e promotor da Ordem Franciscana. Foi comparado a São Francisco pela austeridade de sua vida, sua extrema pobreza, o seu zelo apostólico, os milagres de conversões de pessoas a quem ele conduziu definitivamente a Cristo, e sua assiduidade na oração, mantendo-o sempre unido ao Senhor.
São numerosas suas realizações, projeção de sua fé e de seu carisma sacerdotal. Entre elas estão o Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Cap La Madeleine, convertido no templo de adoração perpétua de Quebec; as monumentais Vias-Sacras, erguidas por ele em vários lugares, a promoção da Ordem Franciscana Secular, divulgação e aumento da a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, de Maria, e São José e especialmente à Eucaristia com a Santa Missa e Adoração Eucarística.
Federico nasceu em Ghuvelde, diocese de Lille, França, em 19 de outubro de 1838, filho de Pedro e Maria Isabel Bollenger, de boas condições econômicas e de sólida fé cristã. Com 14 anos recebeu a Primeira Comunhão, após longa preparação. Realizou brilhantemente os estudos de ginásio e liceu. Sentindo-se chamado ao sacerdócio entrou para o seminário. Após a morte de seu pai, a família chamou-o para casa por causa de dificuldades econômicas. Por algum tempo, ele foi vendedor de tecidos, de cidade em cidade.
Em 1861, ao ficar órfão de mãe com a idade de 26 anos, entrou no noviciado dos Frades Menores, em Amiens, comprometendo-se a observar o Evangelho e a Regra franciscana. Em 7 de agosto de 1870 foi ordenado sacerdote. Primeiro foi um capelão militar durante a guerra entre a França e a Alemanha. Ele foi enviado para Bordeaux para fundar e dirigir um novo convento ali. Ele foi levado mais tarde para Paris, para assistir ao trabalho da Terra Santa, cujos santuários são confiados aos Franciscanos. Em 1876, ele foi para a terra de Jesus. Na Palestina, permaneceu até 1881 com o cargo de vigário da Custódia Franciscana. Depois ele foi enviado para o Canadá, onde se estabeleceu em Trois-Rivières. Em 4 de agosto de 1916, a irmã morte veio buscar seu espírito para levá-lo à visão radiante de Deus. Ele tinha 78 anos.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
(1844-1904) Fundadora das Irmãs Capuchinhas de Madre Rubatto. Beatificada no dia 10 de outubro de 1993 por João Paulo II.
Ana Maria Rubatto nasceu em Carmagnola, Itália, no dia 14 de fevereiro de 1844, penúltima de oito filhos de João Tomas Rubatto e Catarina Pavesio, pessoas notáveis pela piedade e de bons costumes cristãos. Quando tinha quatro anos, ficou órfã de pai.
Dotada de uma grande inteligência, embora não tivesse estudos alcançou um notável grau de cultura, que harmonizou constantemente com a vida prática. Cultivou desde pequena uma profunda espiritualidade.
Aos dezenove anos, em virtude do falecimento da mãe, Ana Maria se transferiu para Turim, para a casa de sua irmã mais velha, Madalena, onde ficou por cinco anos, dedicada as obras de caridade. Foi adotada por Mariana Scoffone, uma senhora riquíssima, de quem se tornou dama de companhia e colaboradora na administração de seu patrimônio, de 1864 até 1882. Nestes anos, visitava todos os dias o Cottolengo de Turim, servindo os doentes com alegria, ajudava os pobres, ensinava o catecismo às crianças. São João Bosco a teve entre seus colaboradores dos Oratórios.
Quando sua mãe adotiva faleceu, voltou para junto de sua irmã. No verão ia para Loano, na Riviera da Ligúria, onde ajudava os pescadores e os doentes, se interessava pelas crianças abandonadas. Neste local se uniu a um grupo de piedosas senhoras dedicadas às obras de caridade e de apostolado, sob a direção dos padres Capuchinhos.
No verão de 1883, ao sair da igreja, ouviu lamentos e prantos. Uma pedra havia caído de uma construção e havia ferido na cabeça um jovenzinho. Ana Maria socorreu o jovem, lavou e tratou a ferida e depois de lhe dar o equivalente a dois dias de trabalho, o enviou para casa para se recuperar.
A construção devia albergar uma comunidade feminina para a qual estavam procurando uma diretora. O padre capuchinho Angélico de Sestri Ponente, que apoiava esta iniciativa, pensou que Ana Maria Rubatto podia ocupar o cargo. E foi ele próprio quem convidou Ana Maria a colocar-se na direção do novo Instituto.
No dia 23 de janeiro de 1885, Ana Maria vestiu o hábito religioso franciscano, junto com algumas amigas, dando vida à família religiosa das Irmãs Terciárias Capuchinhas de Loano, depois chamada Irmãs Capuchinhas de Madre Rubatto, com o fim de prestar assistência aos doentes, especialmente nas casas, e a educação cristã da juventude.
No dia 17 de setembro de 1886 emitiu os votos, ocasião em que adotou o nome de Maria Francisca de Jesus, tornando-se a primeira superiora do Instituto, cargo que manteve até a morte. Três anos depois, o Instituto estava presente em Gênova-Voltri, Sanremo, Gênova-Centro. Depois de organizar as casas da Itália, iniciou viagens para fundações na América.
Desde 1892, Madre Francisca transpôs sete vezes o Oceano para fundar casas da sua Congregação no Uruguai e na Argentina. Abriu dezoito casas nos vinte anos de seu governo. Durante os oito anos que permaneceu na América, foram incontáveis as viagens do Uruguai a Argentina, e de uma casa a outra. Em 1899, ela acompanhou um grupo de Irmãs à Missão do Alto Alegre, Maranhão, no Brasil, onde em 1901 morreram assassinadas pelos índios sete de suas filhas, junto com missionários capuchinhos e muitos fiéis.
Quando se encontrava em Montevidéu, adoeceu de câncer, ocasião que para todos foi um exemplo admirável de força católica e de plena resignação. Morreu naquela cidade no dia 6 de agosto de 1904, lamentada especialmente pelos doentes e pelos pobres.
Seus despojos repousam no Uruguai, no Colégio de Belvedere por ela fundado em 1895, no meio de seus amados pobres, como desejava. Sua Congregação também está presente na Etiópia desde 1964. A causa para sua beatificação foi introduzida em 1965. O decreto sobre a heroicidade de suas virtudes foi promulgado no dia 1º de setembro de 1988. Em 10 de outubro de 1993 foi beatificada solenemente em Roma por João Paulo II.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Sacerdotes e mártires da Primeira Ordem (+1638). Beatificados por São Pio X no dia 1º de janeiro de 1905.
O bem-aventurado Agatângelo Noury nasceu em Vendôme, na província de Tours, na França, aos 31 de julho de 1598. Conheceu os Capuchinhos, que tinham chegado, havia pouco tempo, à sua terra natal, onde o seu pai era presidente do tribunal e, ao mesmo tempo, administrador do Convento. Ainda jovem, mostrou ter vocação religiosa e foi recebido na Ordem dos Capuchinhos. Em 1620, fez a profissão religiosa. Depois, prosseguiu os estudos de humanidades, filosofia e teologia e foi ordenado sacerdote.
Nos seus primeiros anos de sacerdote encontrou-se com o Padre José Leclerc, famoso conselheiro do Cardeal Richelieu, que tinha projetado grande plano de evangelização. Agatângelo foi escolhido como candidato para a Missão da Síria. Chegou a Aleppo em 1629. Ali encontrou muçulmanos, grego-ortodoxos, armênios e, em número muito reduzido, alguns católicos. Com obras de beneficência, encontros familiares e catequese elementar, conseguiu bom resultado no seu apostolado, combatido, bem depressa, pela inveja.
Passou depois para a missão do Cairo, na qualidade de Superior. Aqui trabalhou com muita alegria para a união dos Coptas com a Igreja Católica. Destinado pela Providência a abrir o campo missionário a outros, a 27 de setembro, a Sagrada Congregação confiou-lhe a responsabilidade do grupo missionário destinado à Etiópia, composto por mais três sacerdotes capuchinhos: o Beato Cassiano de Nantes, Bento e Agatângelo Noury de Vendôme.
Os quatros missionários dividiram-se em dois grupos. Agatângelo e Cassiano, quando chegaram à fronteira da Etiópia, foram descobertos e encarcerados em Débora, com o pretexto de serem espiões e opositores do imperador e do bispo Abissino Malaro. No processo, dominado pelo sectarismo religioso e pela perfídia do pseudônimo Pedro Leão, inimigo declarado de Agatângelo, os dois missionários foram condenados à morte.
Os dois humildes filhos de São Francisco não perderam a calma. Mostraram os documentos do Patriarca Copta de Alexandria. Poucos dias depois, foram levados para Gondar, de mãos algemadas com cadeias e amarrados à cauda de um cavalo. Em Gondar, foi dura e penosa a sua prisão.
Abuna Macário, fingindo-se amigo do beato Agatângelo e o luterano, Pedro Leão, que se fizera hipocritamente monge Copta, forçaram, com acusações e calúnias junto da corte imperial, a morte dos pobres e doentes missionários. Levados à presença do imperador, foram examinados na sua fé. O beato Agatângelo respondeu: “Estou pronto a morrer pela fé e nunca a renegarei”.
A 7 de agosto de 1638, em Gondar, exposto ao escárnio da multidão, foi suspenso em cordas e apedrejado barbaramente pelo furor da multidão. Tinha 40 anos de idade. Foi beatificado a 1º de janeiro de 1905 pelo Papa Pio X.
Beato Cassiano (1607-1638)
O beato Cassiano Lopez Neto, nasceu em Nantes, aos 15 de janeiro de 1607, no seio de família portuguesa. Tinha feitio dócil, inclinado às práticas de devoção e fervor religioso admirável.
Aos 17 anos foi recebido na Ordem dos Capuchinhos da Província de Paris. Fez a profissão religiosa em 1624. Concluiu os estudos teológicos em Rennes onde foi ordenado sacerdote. Aqui passou os primeiros anos do seu sacerdócio, socorrendo as pessoas atingidas pela peste que devastou a França em 1631. Pediu para ser enviado para as Missões.
Os Superiores destinaram-no à Missão da Etiópia. No Cairo, encontrou-se com o beato Agatângelo e com ele partilhou preocupações e sofrimentos apostólicos. Dotado de temperamento franco, aberto, muito sensível aos sofrimentos dos outros, entregou-se ao apostolado, cultivando sobretudo especial devoção a Nossa Senhora, a quem rezava todos os dias o Rosário com o ofício divino.
Desde o seu encontro com o beato Agatângelo até à sua heroica morte, os dois capuchinhos trabalharam juntos no Cairo, durante três anos, cuidando, especialmente, da conversão dos Coptas. Estenderam a sua atividade até aos longínquos mosteiros de Santo Antão Abade e de A. Macário, no Nitra.
Na Etiópia, a Igreja Católica tinha conseguido extraordinário desenvolvimento que culminou na conversão do próprio imperador através dos missionários jesuítas. A fé de Roma expandiu-se também sob o governo de Seitan Sagad I. Conseguiram grandes conversões que foram quase destruídas por Atiè Fassil, cuja palavra de ordem era: “Antes súbditos de Meca dos muçulmanos do que da Roma dos católicos”.
Os dois missionários decidiram, por isso, levar a sua ajuda a tantos irmãos na fé, perseguidos por aquele ímpio imperador. Obtiveram documentos do Patriarca Copta de Alexandria e, a 23 de dezembro de 1637, partiram para a Etiópia. A viagem durou três meses. Chegados às fronteiras da Etiópia foram metidos na prisão pelo Governador de Deboroa.
No processo, os dois missionários católicos foram condenados à morte como violadores das ordens do imperador, que proibia os católicos de entrarem na Etiópia. Beato Cassiano sofreu o martírio, como o Beato Agatângelo, a 7 de agosto de 1638, com 31 anos de idade. No dia 1º de janeiro de 1905 foi beatificado pelo Papa Pio X.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Sacerdote fundador da Ordem dos Pregadores (Dominicanos). (1170-1221). Canonizado por Gregório IX no dia 3 de julho de 1234.
Domingos (ou Dominique) nasceu no ano de 1170, em Caleruega, pequena localidade na Velha Castelha. O pai, Félix de Gusmão, pertencia a uma família de alta linhagem na Espanha; a mãe era Joana de Aza. Antes de Domingos nascer, sua mãe, em sonho misterioso, viu um cão que trazia na boca uma tocha acesa, de que irradiava luz sobre o mundo inteiro. Efetivamente, São Domingos veio a ser uma luz extraordinária de caridade e de zelo apostólico, que dissipou grande parte das trevas das heresias e restabeleceu a verdade em milhares de corações vacilantes. Domingos, foi o nome dado à criança, devido à uma devoção que a mãe do santo tinha com São Domingos de Silos, do qual um dia teve uma aparição, comunicando-lhe os planos divinos em referência ao recém-nascido. A esse aviso extraordinário, os pais corresponderam com esmerada atenção na educação do filho. Domingos, pequeno ainda, deu provas de inclinação declaradíssima às coisas de Deus.
Seis anos contava o menino quando os pais o confiaram à direção de um tio, reitor de uma igreja em Gumyel. Sete anos passou Domingos na escola daquele sacerdote, aprendendo, além das primeiras letras, como sejam, acolitar, enfeitar os altares e cantar no coro. Terminado este curso prático, transferiu-se para Valência, cidade episcopal no reino de Leon, onde existia uma universidade que mais tarde, em 1217, passou para Salamanca.
Durante o tempo dos estudos em Valência, isto é, durante seis anos, dedicou-se à arte retórica, além da filosofia e teologia. Acompanharam-lhe os trabalhos científicos às práticas da piedade, inclusive, severas penitências. Retraído por completo do mundo, visitava somente os pobres e doentes, protegia as viúvas e órfãos. Por ocasião de uma grande fome, vendeu os livros para poder socorrer os necessitados. Certa vez, ofereceu sua própria pessoa para resgatar um jovem que caíra nas mãos dos mouros.
A caridade de Domingos, não satisfeita com as obras corporais de misericórdia, estendia-se principalmente às necessidades espirituais do próximo. Para este fim, desenvolveu um zelo extraordinário, como pregador. O primeiro fruto deste labor apostólico, foi a conversão do amigo e companheiro dos estudos, Conrado, que mais tarde entrou para a ordem de Cister, elevado posteriormente à dignidade de Cardeal da Santa Igreja.
Domingos contava apenas vinte e quatro anos e era considerado um dos mais competentes mestres da vida interior. Dom Diego de Asebes, bispo de Osma, conhecendo os brilhantes dotes de Domingos, convidou-o a incorporar-se ao cabido da diocese, esperando desta aquisição uma reforma salutar do clero. O prelado não se viu iludido nas suas previsões. Domingos, em pouco tempo, foi objeto da admiração de todos, como modelo exemplaríssimo em todas as virtudes cristãs.
Como cônego de Osma, Domingos percorreu diversas províncias da Espanha, pregando por toda a parte a palavra de Deus, pela conversão dos pecadores, cristãos e maometanos. Uma das conversões mais sensacionais que Deus operou por intermédio de Domingos foi a de Reiniers, célebre heresiarca, que mais tarde tomou o hábito dos frades dominicanos.
Domingos não era ainda sacerdote. Do bispo de Osma recebeu a unção sacerdotal, continuando depois a missão apostólica de pregador. Quando, em 1224, por ordem do rei Afonso de Castelha, o bispo de Osma foi à França na qualidade de embaixador real, a fim de tratar dos negócios matrimoniais do príncipe herdeiro Fernando com a princesa de Lussignan, Domingos acompanhou-o. Na província de Languedoc, puderam de perto observar as horríveis devastações feitas pelos albingenses. Numa segunda viagem que empreenderam, cujo fim era buscar a princesa e entregá-la ao esposo, tiveram o grande desgosto de não a encontrar entre os vivos. Chegaram ainda a tempo de assistir-lhe ao enterro.
Preferiram, então, ficar na França, para dedicar-se à campanha contra os hereges. O bispo Diego, com o consentimento do Papa, ficou três anos na província de Languedoc. Passado este tempo, voltou à diocese.
São Domingos, que foi nomeado superior da Missão, associaram-se doze abades cistercienses. Pouco tempo, porém, durou o trabalho coletivo. Dom Diego voltou à Espanha, os cistercienses retiraram-se para os seus claustros e o próprio Legado pontifício abandonou o solo francês.
Domingos não desanimou, apesar da missão se tornar dificílima e perigosa. Com mais oito companheiros que lhe foram mandados, continuou os trabalhos apostólicos. A inconstância, porém, que encontrou nos coadjutores, fez nele amadurecer a ideia de fundar uma nova Ordem, cujos membros, por um voto, se dedicassem à obra da pregação. Os primeiros que se lhe associaram foram Guilherme de Clairel e Domingos, o Espanhol. Em 1215, a nova comunidade contava já dezesseis religiosos, com seis espanhóis, oito franceses, um inglês e um português.
Para assegurar-se da aprovação pontifícia, Domingos em companhia do bispo de Toulouse foi à Roma e apresentou-se ao Papa Inocêncio III. Coincidiu de ele chegar à capital da Cristandade na abertura do Concílio de Latrão. Opinaram os padres que em vez de aprovar as regras de novas ordens, devia o Concílio dirigir a atenção para as Ordens já existentes e aperfeiçoar-lhes as constituições. Inocêncio III, baseando-se nestas decisões, negou-se, por diversas vezes, em dar aprovação à regra da Ordem fundada por Domingos. Aconteceu, porém, que o Papa teve uma visão, quase idêntica à que lhe fez aprovar a Ordem de São Francisco de Assis, em 1209. Não querendo contrariar a obra do santo homem, deu consentimento à fundação da Ordem, prometendo a Domingos expedir a bula, logo que este tivesse adotado uma regra de ordem já aprovada pela Igreja. Domingos decidiu-se em favor da regra de Santo Agostinho, à qual acrescentou mais algumas constituições, como por exemplo, o silêncio, o jejum e a pobreza.
Quando Domingos, pela segunda vez chegou a Roma, já não encontrou o Papa Inocêncio III, mas o sucessor deste, Honório III. Contrariamente ao que receava, obteve a aprovação da Ordem, que veio a ser chamada Ordem dos Pregadores. Nomeado o primeiro superior, fez a profissão nas mãos do Papa.
Graças à generosidade do bispo de Toulouse e do conde Simão de Montfort, Domingos pode construir o primeiro convento em Toulouse. O número dos religiosos crescera consideravelmente, de modo que Domingos pode introduzir em a novel comunidade e regra recém-aprovada.
Pouco tempo depois, Domingos voltou à Roma e fundou diversos conventos na Itália. Em Roma, conheceu São Francisco de Assis, a quem se tornou um grande amigo. Em 1218 foi a Bolonha fundar um convento, perto da Igreja de Nossa Senhora de Mascarella. Um ano depois, teve Domingos a satisfação de fundar outro na mesma cidade, sendo que este, tempos depois, veio a ser um dos mais importantes da Ordem na Itália.
O exemplo de São Francisco de Assis e o admirável desenvolvimento da Ordem por ele fundada, influiu grandemente no espírito de são Domingos. Como o Patriarca de Assis, introduziu S. Domingos na sua ordem o voto de pobreza em todo o rigor.
São Domingos convocou três capítulos gerais e teve o prazer de ver a Ordem se estabelecer na Espanha, em Toulouse, na Provença e na França toda. Conventos surgiram na Itália, Alemanha e Inglaterra. O próprio fundador mandou emissários à Irlanda, Noruega, Ásia e Palestina.
São Domingos morreu no dia 06 de agosto de 1221, na idade de 51 anos. Numerosos milagres por seu intermédio Deus se dignou de fazer. O Papa Gregório IX inseriu-lhe o nome no catálogo dos Santo, em 23 de julho de 1234. Muito concorreu para o culto de São Domingos na Igreja Católica, a devoção do Santíssimo Rosário, de quem era grande Apóstolo.
A Ordem dos pregadores deu à Igreja, muitos Santos, entre estes o grande São Tomás de Aquino, Santo Alberto Magno, Santa Catarina de Siena, São Vicente Ferrer, o Papa Pio V.
Referências bibliográficas: 1. Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959. 2. Oração das Horas – Editora Vozes, Paulinas, Paulus e Ave-Maria, 1996.
Religioso da Primeira Ordem (1435-1504). Aprovou seu culto Pio VI no dia 19 de setembro de 1787.
Vicente nasceu em Aquila, em Abruzzo, por volta de 1435. Aos 14 anos ingressou na Ordem dos Frades Menores no convento de São Julião, fundado pelo beato Antonio de Stroncone, perto dos portões da cidade. Admitido ao noviciado e feita a profissão dos votos perpétuos passou os primeiros anos de sua vida conventual retirado em uma cabana no bosque do convento, que só o deixava para cumprir os serviços que lhe eram atribuídos, em especial, o de sapateiro, talvez, sua primeira profissão.
Era tanta a sua aplicação na oração, que Frei Marcos de Lisboa escreveu sobre ele: “Vincente permanecia abstraído e elevado no ar, parecendo que seu corpo estava sem sentidos, como uma pessoa morta”. Os superiores ao vê-lo tão exemplar, para afastá-lo da mortificação excessiva, pediram a ele para mendigar. Entre as pessoas que se inspiraram em sua santidade, devemos lembrar da jovem Matía di Luculi, que depois se tornou religiosa agostiniana em Aquila, com o nome de Irmã Cristina, e hoje é venerada no altar com o título de bem-aventurada.
Vincente foi enviado para o convento em Penne, em seguida para ficar 10 anos em Sulmona, de onde retornou para São Julião de Aquila. O príncipe de Cápua, a Rainha Joana, segunda esposa de Fernando I e irmã de Fernando o Católico, Rei da Espanha buscavam seus conselhos. Ele previu a coroa real para o Duque de Calabria, filho mais velho de Fernando I de Aragão.
Um mal que afligia há algum tempo Vincente foi se agravando até não conseguir deixar mais sua cela. Ele suportou tudo com grande resignação e serenidade dos santos. Na noite de 7 de agosto de 1504 veio a falecer na paz no Senhor, amorosamente assistido por seus confrades. A Bem-aventurada Matia Ciccarelli, de sua janela viu a luz do convento de São Julião, com grande esplendor e a alma de seu diretor espiritual voar para o céu, acompanhada por uma multidão de anjos. Ele tinha 69 anos. Ele foi sepultado na igreja de São Julião de Aquila. Seu corpo incorrupto é preservado em uma urna artística. Seu culto foi aprovado por Pio VI no dia 19 de setembro de 1787.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Sacerdote da Primeira Ordem (1259-1322). Leão XIII aprovou seu culto no dia 24 de junho de 1880.
João era originário de Fermo, nas Marcas, na Itália. É chamado sobretudo de Alverne (em italiano della Verna), porque viveu vários anos e morreu na solidão onde São Francisco recebeu os estigmas.
Nascido em 1259, teve uma infância dominada pelo mistério da Paixão. Mortificava-se quanto podia, batendo com ramos de urtigas na pele. Chegava a pôr os joelhos em sangue com rápidas genuflexões, batendo na terra dura. Entrou aos dez anos nos cônegos regulares.
Tendo encontrado uma velha couraça, subiu à torre para ninguém o ver, e à força de cortes adaptou-a à sua juvenil estatura; usou-a debaixo do vestuário até que lhe descobriram a sua armadura insólita. Aos treze anos, passou para os Menores franciscanos. Habituara-se a andar olhando para o céu, o que fazia com que tropeçasse e se ferisse nos pés.
A um companheiro, que lhe recomendava olhasse para os pés, respondeu: «Não devemos, para atender aos pés, não fazer caso do espírito». Mandado para o Monte Alverne, vivia lá em grandes austeridades, jejuando quaresmas em honra do Espírito Santo, de Nossa Senhora e dos anjos.
Durante o inverno, não tinha senão um hábito grosseiro e polainas, e ainda uma capa, obrigatória no Alverne. Algumas vezes, no inverno, chegava ao coro, branco como boneco de neve, porque o seu eremitério estava longe. Esta habitação não tinha cama; deitava-se no chão duro. Tais austeridades não o impediam de pregar ao povo.
Embora não tivesse estudado quase nada, dominava a Sagrada Escritura e sabia tirar dela o que precisava. “Quando prego, me persuado de que não sou eu quem fala e ensina as verdades divinas, senão Deus mesmo quem fala por mim”. Morreu aos 50 anos de vida franciscana, nas primeiras vésperas de São Lourenço, com seus irmãos do Monte Alverne (9 de Agosto de 1322). Tinha-os exortado a não viverem senão para Cristo – Caminho, Verdade e Vida. Conta-se que São Francisco veio ter com ele para lhe moderar as mortificações e que, por vezes, eram os anjos que lhe faziam companhia. O seu culto foi aprovado pelo papa Leão XIII, em 1880.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Fundadora da Segunda Ordem (1194-1253), ou Clarissas. Foi canonizada por Alexandre IV no dia 15 de agosto de 1265.
Uma das santas mais amadas é, sem dúvida, Santa Clara de Assis, que viveu no século XIII, contemporânea de São Francisco. Seu testemunho mostra-nos o quanto a Igreja deve a mulheres corajosas e ricas na fé como ela, capazes de dar um impulso decisivo para a renovação da Igreja.
Quem foi então Clara de Assis? Para responder a esta pergunta, temos fontes seguras, não apenas as antigas biografias, como a de Tomás de Celano, mas também os autos do processo de canonização promovido Papa já pouco depois da morte de Clara e que contêm o testemunho dos que viveram ao seu lado por muito tempo.
Nascida em 1193, Clara pertencia a uma família aristocrática e rica. Renunciou à nobreza e à riqueza para viver pobre e humilde, adotando a forma de vida que Francisco de Assis propunha. Apesar de seus pais planejarem um casamento com algum personagem de relevo, Clara, aos 18 anos, com um gesto audaz, inspirado pelo profundo desejo de seguir a Cristo e pela admiração por Francisco, deixou a casa paterna e, em companhia de uma amiga sua, Bona di Guelfuccio, uniu-se secretamente aos frades menores junto da pequena igreja da Porciúncula. Era a tarde de Domingo de Ramos de 1211. Na comoção geral, realizou-se um gesto altamente simbólico: enquanto seus companheiros tinham nas mãos tochas acesas, Francisco cortou-lhe os cabelos e Clara vestiu o hábito penitencial. A partir daquele momento, tornava-se virgem esposa de Cristo, humilde e pobre, e a Ele totalmente se consagrava. Como Clara e suas companheiras, inumeráveis mulheres no curso da história ficaram fascinadas pelo amor de Cristo que, na beleza de sua Divina Pessoa, preencheu seus corações. E a Igreja toda, através da mística vocação nupcial das virgens consagradas, demonstra aquilo que será para sempre: a Esposa bela e pura de Cristo.
Em uma das quatro cartas que Clara enviou a Santa Inês de Praga, filha do rei da Bohemia, que queria seguir seus passos, ela fala de Cristo, seu amado esposo, com expressões nupciais, que podem surpreender, mas que comovem: “Amando-o, és casta, tocando-o, serás mais pura, deixando-se possuir por ele, és virgem. Seu poder é mais forte, sua generosidade, mais elevada, seu aspecto, mais belo, o amor mais suave e toda graça. Agora tu estás acolhida em seu abraço, que ornou teu peito com pedras preciosas… e te coroou com uma coroa de ouro gravada com o selo da santidade” (Lettera prima: FF, 2862).
Sobretudo no início de sua experiência religiosa, Clara teve em Francisco de Assis não só um mestre a quem seguir os ensinamentos, mas também um amigo fraterno. A amizade entre estes dois santos constitui um aspecto muito belo e importante. Efetivamente, quando duas almas puras e inflamadas do mesmo amor por Deus se encontram, há na amizade recíproca um forte estímulo para percorrer o caminho da perfeição. A amizade é um dos sentimentos humanos mais nobres e elevados que a Graça divina purifica e transfigura. Como São Francisco e Santa Clara, outros santos vivenciaram uma profunda amizade no caminho para a perfeição cristã, como São Francisco de Sales e Santa Giovanna de Chantal. O próprio São Francisco de Sales escreve: “é belo poder amar na terra como se ama no céu, e aprender a amar-nos neste mundo como faremos eternamente no outro. Não falo aqui de simples amor de caridade, porque este devemos tê-lo todos os homens; falo do amor espiritual, no âmbito do qual, duas, três, quatro ou mais pessoas compartilham devoção, afeto espiritual e tornam-se realmente um só espírito” (Introduzione alla vita devota III, 19).
Após ter transcorrido um período de alguns meses em outras comunidades monásticas, resistindo às pressões de seus familiares que no início não aprovavam sua escolha, Clara se estabeleceu com suas primeiras companheiras na igreja de São Damião, onde os frades menores tinham preparado um pequeno convento para elas. Nesse mosteiro, viveu durante mais de quarenta anos, até sua morte, ocorrida em 1253. Chegou-nos uma descrição de primeira mão de como estas mulheres viviam naqueles anos, nos inícios do movimento franciscano. Trata-se do informe cheio de admiração de um bispo flamengo em visita à Itália, Santiago de Vitry, que afirma ter encontrado um grande número de homens e mulheres, de toda classe social, que, “deixando tudo por Cristo, escapavam ao mundo. Chamavam-se frades menores e irmãs menores e são tidos em grande consideração pelo senhor Papa e pelos cardeais… As mulheres… moram juntas em diferentes abrigos não distantes das cidades. Não recebem nada; vivem do trabalho de suas mãos. E lhes dói e preocupa profundamente que sejam honradas mais do que gostariam, por clérigos e leigos” (Carta de outubro de 1216: FF, 2205.2207).
Santiago de Vitry tinha captado com perspicácia um traço característico da espiritualidade franciscana, a que Clara foi muito sensível: a radicalidade da pobreza associada à confiança total na Providência divina. Por este motivo, ela atuou com grande determinação, obtendo do Papa Gregório IX ou, provavelmente, já do Papa Inocêncio III, o chamado Privilegium Paupertatis (cfr FF, 3279). Em base a este, Clara e suas companheiras de São Damião não podiam possuir nenhuma propriedade material. Tratava-se de uma exceção verdadeiramente extraordinária em relação ao direito canônico vigente, e as autoridades eclesiásticas daquele tempo o concederam apreciando os frutos de santidade evangélica que reconheciam na forma de viver de Clara e de suas irmãs. Isso demonstra também que nos séculos medievais, o papel das mulheres não era secundário, mas considerável. A propósito disso, é oportuno recordar que Clara foi a primeira mulher da história da Igreja que compôs uma Regra escrita, submetida à aprovação do Papa, para que o carisma de Francisco de Assis se conservasse em todas as comunidades femininas que iam se estabelecendo em grande número já em seus tempos, e que desejavam se inspirar no exemplo de Francisco e Clara.
No convento de São Damião, Clara praticou de modo heroico as virtudes que deveriam distinguir cada cristão: a humildade, o espírito de piedade e de penitência, a caridade. Ainda sendo a superiora, ela queria servir em primeira pessoa as irmãs enfermas, submetendo-se também a tarefas muito humildes: a caridade, de fato, supera toda resistência e quem ama realiza todo sacrifício com alegria. Sua fé na presença real da Eucaristia era tão grande que em duas ocasiões se comprovou um fato prodigioso. Só com a ostensão do Santíssimo Sacramento, afastou os soldados mercenários sarracenos, que estavam a ponto de agredir o convento de São Damião e de devastar a cidade de Assis.
Também esse episódio, como outros milagres, dos quais se conservava memorial, levaram o Papa Alexandre IV a canonizá-la só dois anos depois de sua morte, em 1255, traçando um elogio a ela na Bula de canonização, onde lemos: “Quão vívida é a força desta luz e quão forte é a claridade desta fonte luminosa. Na verdade, esta luz estava fechada no esconderijo da vida de clausura, e fora irradiava esplendores luminosos; recolhia-se em um pequeno monastério, e fora se expandia por todo vasto mundo. Guardava-se dentro e se difundia fora. Clara, de fato, se escondia; mas sua vida se revelava a todos. Clara calava, mas sua fama gritava” (FF, 3284). E é precisamente assim, queridos amigos: são os santos que mudam o mundo para melhor, transformam-no de forma duradoura, injetando-lhe as energias que só o amor inspirado pelo Evangelho pode suscitar. Os santos são os grandes benfeitores da humanidade!
A espiritualidade de Santa Clara, a síntese de sua proposta de santidade está recolhida na quarta carta a Santa Inês de Praga. Santa Clara utiliza uma imagem muito difundida na Idade Média, de ascendências patrísticas, o espelho. E convida sua amiga de Praga a se olhar no espelho da perfeição de toda virtude, que é o próprio Senhor. Escreve: “feliz certamente aquela a quem se lhe concede gozar desta sagrada união, para aderir com o profundo do coração [a Cristo], àquele cuja beleza admiram incessantemente todas as beatas multidões dos céus, cujo afeto apaixona, cuja contemplação restaura, cuja benignidade sacia, cuja suavidade preenche, cuja recordação resplandece suavemente, a cujo perfume os mortos voltarão à vida e cuja visão gloriosa fará bem-aventurados todos os cidadãos da Jerusalém celeste. E dado que ele é esplendor da glória, candura da luz eterna e espelho sem mancha, olhe cada dia para este espelho, ó rainha esposa de Jesus Cristo, e perscruta nele continuamente teu rosto, para que possas te adornar assim toda por dentro e por fora… neste espelho resplandecem a bem-aventurada pobreza, a santa humildade e a inefável caridade” (Quarta carta: FF, 2901-2903).
Agradecidos a Deus que nos dá os santos, que falam ao nosso coração e nos oferecem um exemplo de vida cristã a imitar, gostaria de concluir com as mesmas palavras de benção que Santa Clara compôs para suas irmãs e que ainda hoje as Clarissas, que desempenham um precioso papel na Igreja com sua oração e com sua obra, custodiam com grande devoção. São expressões das que surge toda a ternura de sua maternidade espiritual: “Bendigo-vos em minha vida e depois de minha morte, como posso e mais de quanto posso, com todas as bênçãos com as que o Pai de misericórdias abençoa e abençoará no céu e na terra seus filhos e filhas, e com as quais um pai e uma mãe espiritual abençoa e abençoará seus filhos e filhas espirituais. Amém” (FF, 2856).
Papa Bento 16
Bispo eleito, mártir no Japão da Primeira Ordem (1574-1624). Foi beatificado por Pio IX no dia 7 de julho de 1867.
Sotelo, filho de Diego e Catarina Niño, nasceu em Sevilha, Espanha, no dia 6 de setembro de 1574, e estudou na Universidade de Salamanca antes de ingressar no convento “Calvário” dos Frades Menores. Ele foi enviado, em 1600, para as Filipinas, para suprir as necessidades espirituais do povoado filipino de Dilao, até sua destruição pelas forças espanholas e portuguesas em 1608, depois de uma luta intensa.
Em 1608, o papa Paulo V autorizou ordens religiosas menores (dominicanos e franciscanos) para pregar no Japão, até então pelos jesuítas. Sotelo imediatamente foi para o Japão e assumiu um posto de liderança da sua comunidade.
Sotelo então tentou fundar uma igreja franciscana na região de Tóquio. A igreja foi destruída em 1612, seguindo-se a interdição do cristianismo nos territórios dos Tokugawa em 21 de abril de 1612 (os editos de proibição foram uma reação a um escândalo de suborno entre um colaborador próximo do xogun, Okamoto Daihachi, e o daimyo cristão Arima Harunobu).
Sotelo fugiu para a parte norte do Japão, na área controlada pelo daimyo de Sendai, Date Masamune, onde o cristianismo ainda era tolerado. Ele voltou para Tóquio no ano seguinte e construiu e inaugurou uma nova igreja em 12 de maio de 1613, na área de Asakusa Torigoe. O Bakufu reagiu prendendo os cristãos, e o próprio Sotelo foi colocado na prisão de Kodenma-chō. Sete japoneses cristãos, presos junto com Sotelo, foram executados em 1º de julho, mas Sotelo foi libertado por um pedido especial de Date Masamune.
Sotelo planejou e acompanhou uma embaixada japonesa enviada por Date Masamune para a Espanha em 1613. A embaixada foi chefiada por Hasekura Tsunenaga e cruzou o Pacífico a bordo do galeão construído no Japão San Juan Bautista. Ele conduziu os japoneses para receberem o batismo em Madrid, antes de acompanhá-los para ver o papa Paulo V em Roma.
A embaixada era um produto de ambições políticas de Sotelo e Date Masamune. Sotelo tentou estabelecer uma diocese no norte do Japão, independente da diocese de Funai (Nagasaki), controlada pelos jesuítas. Sua campanha foi obstruída pelos portugueses, apesar de que na altura estavam sob o jugo dos Filipes de Espanha, e falhou em conseguir apoio dos franciscanos por estar ligada à sua ambição pessoal pelo posto de bispo. Date Masamune queria fazer comércio com a Nova Espanha, (México), mas logo se percebeu que seria um comércio muito custoso.
Sotelo acompanhou a embaixada japonesa de volta às Filipinas em 1618, onde ele ficou por algum tempo, devido à repressão do cristianismo no Japão. Ele teve problemas com a Igreja, porque ele tinha vendido suas posses no Japão. Entretanto, o Conselho Católico das Índias o mandou para a referida Nova Espanha, em 1620, para desempenhar lá suas atividades missionárias.
Sotelo então tentou se infiltrar no Japão em 1622, a bordo de um barco chinês, mas foi descoberto e preso. Depois de dois anos na prisão, Luís Sotelo foi queimado vivo, junto com dois franciscanos, um jesuíta e um dominicano, aos 50 anos. Ele foi beatificado pelo papa Pio IX em 1867.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Religioso da Primeira Ordem (1343-1392). Aprovou seu culto Clemente XIV no dia 18 de agosto de 1770.
Santos Brancorsini, filho de João Domingo e Eleonora Ruggeri, nasceu em Montefabbri, perto de Urbino, em 1343, e foi batizado por João Santos. Ele estudou gramática e direito na Universidade de Urbino, mas não se formou porque resolveu dedicar-se à carreira militar.
Aos 20 anos, agredido por um parente e forçado a defender sua própria vida, desembainhou a espada e o feriu mortalmente. Aflito por essa morte involuntária, Santos renunciou à vida militar, e em 1362 entrou na Ordem dos Frades Menores como irmão leigo no convento de Scotaneto, próximo de Montebarocchio. A penitência e humildade foram suas virtudes particulares. Suas devoções, à Eucaristia, com a participação devota na Santa Missa e à Bem-aventurada Virgem Maria. Além das funções inerentes ao seu estado, por sua cultura e virtudes que o distinguiam, exerceu o cargo de mestre de noviços dos irmãos leigos.
Movido pelo espírito de expiação pediu a Deus para sofrer as dores que causou a seu parente no mesmo ponto que o havia ferido. Foi ouvido. Surgiu uma ferida ulcerada na perna direita, que nunca cicatrizou. Os biógrafos o atribuem muitos milagres e dons extraordinários.
Uma vez, encarregado de cortar madeira na floresta próxima, o burro do convento foi morto por um lobo. Na parte da manhã, o bem-aventurado se deu conta do que aconteceu e chamou até ele o lobo e, colocando uma corda no pescoço, ordenou da parte de Deus para reparar o mal feito submetendo-o a transportar a madeira da floresta para o convento. O lobo se tornou dócil e obediente, e por muitos anos continuou a prestar serviço aos religiosos.
Um dia, Francisco Malatesta, Duque de Urbino, encontrou-se com o bem-aventurado e pediu a ele que pedisse a intercessão do Senhor para livrar suas terras de uma verdadeira invasão de gafanhotos, ratos e outras pestes que devastavam os campos. O irmão dedicado ajoelhou, levantou os braços para o céu e rezou. E eis que estes insetos e pragas, em um curto espaço de tempo, foram mergulhar no mar vizinho.
A santidade de Santos atraiu multidões ao convento de Scotoneto, ansiosas para ver o homem de Deus, para ouvir sua palavra inspirada, para pedir graças e favores. Para todos tinha uma palavra de encorajamento e conforto. Devoto da Virgem, durante toda a sua vida espalhou seu culto. Pediu e a Virgem Maria o chamou no dia de sua gloriosa Assunção ao céu. Na verdade, a noite de 14 a 15 de agosto de 1392, depois de ter recebido a última bênção de seu superior, aos 49 anos de idade, sua santa alma voou alegremente para a glória do céu.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Raymond Kolbe, filho de Júlio Kolbe e Maria Dabrowska, nasceu aos 8 de janeiro de 1894, em Zdunska Wola, perto de Lódz, na Polônia. Sua família era pobre, de humildes operários, mas muito rica de religiosidade. Ingressou no Seminário franciscano da Ordem dos Frades Menores Conventuais aos treze anos de idade, logo demonstrando sua verdadeira vocação religiosa.
Ao ser mandado para terminar sua formação em Roma, Maximiliano, inspirado pelo seu desejo de conquistar o mundo inteiro a Cristo por meio de Maria Imaculada, fundou o movimento de apostolado mariano chamado ‘Milícia da Imaculada’. Como sacerdote foi professor, mas em busca de ensinar o caminho da salvação, empenhou-se no apostolado através da imprensa e pôde, assim, evangelizar em muitos países, isto sempre na obediência às autoridades, tanto assim que deixou o fecundo trabalho no Japão para assumir a direção de um grande convento franciscano na Polônia.
Com o início da Segunda Grande Guerra Mundial, a Polônia foi tomada por nazistas e, com isto, Frei Maximiliano foi preso duas vezes, sendo que a prisão definitiva, ocorrida em 1941, levou-o para Varsóvia, e posteriormente, para o campo de concentração em Auschwitz, onde no campo de extermínio heroicamente evangelizou com a vida e morte. Aconteceu que diante da fuga de um prisioneiro, dez pagariam com a morte, sendo que um, desesperadamente, caiu em prantos:
“Minha mulher, meus filhinhos! Não os tornarei a ver!”. Movido pelo amor que vence a morte, São Maximiliano Maria Kolbe dirigiu-se ao Oficial com a decisão própria de um mártir da caridade, ou seja, substituir o pai de família e ajudar a morrer os outros nove e, foi aceita, pois se identificou: “Sou um Padre Católico”.
Os 10 prisioneiros, despidos, foram empurrados numa pequena, úmida e totalmente escura cela dos subterrâneos, para morrer de fome. Durante 10 dias Frei Maximiliano conduziu os outros prisioneiros com cânticos e orações, e os consolou um a um na hora da morte. Após esses dias, como ainda estava vivo, recebeu uma injeção letal. Era o dia 14 de agosto de 1941.
O corpo de Maximiliano Kolbe foi cremado e suas cinzas atiradas ao vento. Numa carta, quase prevendo seu fim, escrevera: “Quero ser reduzido a pó pela Imaculada e espalhado pelo vento do mundo”.
Ao final da Guerra, começou um movimento pela beatificação do Frei Maximiliano Maria Kolbe, que ocorreu em 17 de outubro de 1971, pelo Papa Paulo VI. Em 1982, na presença de Franciszek Gajowniczek, que sobreviveu aos horrores do campo de concentração, São Maximiliano foi canonizado pelo Papa João Paulo II, como mártir da caridade. Por seu intenso apostolado, é considerado o patrono da imprensa.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Religioso da Primeira Ordem (1900-1947). Beatificado por João Paulo II no dia 18 de setembro de 1994.
Claudio Granzotto (Ricardo no batismo) nasceu em S. Lucia di Piave (Treviso) em 23 de agosto de 1900, filho de Antônio Granzotto e Joana Scotta. Até 17 anos era um pedreiro, em seguida, durante três anos, foi militar, depois, por 7 anos, estudante na Academia de Belas Artes de Veneza, onde se especializou em escultura. Desde 1939, ao se tornar um franciscano, viveu nos conventos do Veneto. Ele morreu de um tumor cerebral na manhã da Assunção de 1947, no hospital de Pádua. Seu corpo repousa em Chiampo (Vicenza), ao lado da Gruta da Imaculada construída por ele.
Quando brilhava em sua mente uma ideia elevada, nunca a deixava, agarrava-a e já a transformava em mármore. Aos 22 anos, levado por um instinto profundo, teve a coragem de se aprofundar na arte. Abandonou seus instrumentos de pedreiro e se matriculou na Academia de Belas Artes de Veneza, deixando de lado qualquer inclinação juvenil. Dedicou-se ao estudo durante sete anos até que em 1929 recebeu o diploma de escultor com qualificação máxima. Tornou-se um escultor conhecido e ganhou muitos prêmios, ajudando com seus ganhos os mais necessitados.
Da mesma forma se comprometeu no campo da fé. A Ação Católica foi o primeiro terreno fértil: o incentivou várias iniciativas, como a comunhão frequente, a leitura de bons jornais, adoração noturna, várias formas de penitência, dormindo em terra e, finalmente, o voto privado de castidade.
Assim, arte e virtude, ótimas irmãs, empreenderam juntas o caminho para realizar uma obra-prima. Aos 33 anos, em pleno vigor físico, gozando de fama, dinheiro, fortuna e amor terreno, tomou uma decisão: ingressou no convento de São Francisco do Deserto (Veneza). E ele se tornou um artista diáfano e um religioso de sua vocação.
A arte sagrada se tornou para ele um meio de ação com todo o valor religioso de um apostolado espiritual. Construiu quatro Grutas de Lourdes, altares belos, anjos em adoração, santos em êxtase.
Como um frade, de acordo com seu espírito corajoso de humildade, renunciou ao acesso proposto para o sacerdócio. Ele escolheu os ofícios humildes e escondidos, exercitou-se em fervorosas orações e penitências, dando especial atenção aos pobres e necessitados, especialmente durante a guerra. Passou para a eternidade na aurora da Festa da Assunção de 1947.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Peregrino da Terceira Ordem (1295-1327). Concedeu em sua honra ofício e missa Urbano VIII no dia 4 de julho de 1629.
Roque nasceu em 1295, em Montpellier, França. Sua família, profundamente católica, pertencia à nobreza e fazia parte do governo da cidade. O pai chamava-se João Rog (de onde vem o nome Roque) e a mãe, Líbera. Ele ficou órfão ainda jovem, e quando atingiu os 20 anos de idade, devia assumir a direção do palácio familiar e a administração de vastas terras. Lembrou-se da passagem do Evangelho sobre o moço rico, e do apelo que fizera Nosso Senhor quando lhe respondeu como deveria fazer para ser perfeito. Então, Rogue renunciou à sua nobreza e distribuiu aos pobres o seu rico patrimônio. Saiu ocultamente de sua cidade, dirigindo-se, como peregrino, a Roma, onde haveria de permanecer três anos, e à Terra Santa, em peregrinação penitencial.
Inscreveu-se na Terceira Ordem Franciscana e foi peregrino por toda a sua vida.
Seu percurso, entretanto, foi enormemente tumultuado, pois teve de interrompê-lo repetidas vezes para socorrer os acometidos pela peste negra em torno de Roma e em diversas localidades da Província da Romanha (Cesena, Rimini e Forli).
Na própria Cidade Eterna, quando ali chegou, São Roque encontrou o povo da cidade sobressaltado por causa da peste, que ali grassava.
Ao passar por Piacenza cuidando dos enfermos, também ele contraiu a peste negra. Para não molestar ninguém e poder tratar-se por si próprio, retirou-se para um bosque, habitando uma cabana situada à beira de uma nascente. Curado milagrosamente por um anjo, passou a ser alimentado por um cachorro que todos os dias lhe trazia um pedaço de pão.
Assim, durante oito anos, a Itália tomar-se-á sua pátria de adoção, como santo protetor contra as epidemias. Ele chegou à sua cidade natal em trajes de peregrino, sem revelar sua identidade, e foi tomado por vagabundo e espião, pois Montpellier vivia momentos de grande agitação política. Por ordem do próprio tio, Bartolomeu Rog, foi encarcerado, sofrendo durante cinco anos os vexames da prisão, sua solidão e incômodos. E morreu no cárcere, no dia 16 de agosto de 1327, com 32 anos de idade. Só então é que se soube quem era ele, pois deixara sob sua cabeça uma tabuinha com o seu nome escrito.
A notícia despertou entre os habitantes da cidade uma emoção profunda. Clero, nobreza e povo, também das cidades vizinhas, acorreram para venerar seus despojos expostos à visitação pública, primeiro no palácio da família, e depois na igreja de Nossa Senhora des Tables. Para reparar a injustiça, seu tio Bartolomeu mandou erigir, na cidade vizinha de Miguelone, artístico mausoléu em forma de capela. E o povo proclamou-o Santo Padroeiro contra epidemias e doenças graves.
Em 1485, a maior parte de suas veneráveis relíquias foram transferidas para Veneza, onde a Irmandade, instituída sob seu patrocínio, construir-lhe-ia a mais célebre igreja. Após a morte de Gregório XI, em 1378, um Papa e dois antipapas disputavam a Cátedra de São Pedro: o Cardeal Pedro de Luna (Bento XII), Baltasar Cossa (João XXIII) e o Papa verdadeiro, Cardeal Ângelo Corai, que tomou o nome de Gregório XII. Era o cisma instalado uma vez mais na Igreja!
Para dirimir a questão, reuniu-se um Concílio na cidade suíça de Constança, de 1414 a 1418. Cardeais, Arcebispos, Bispos, Teólogos, doutores, chefes de Estado e o próprio Imperador, entretanto, foram acometidos pela peste negra. Foi proposto que se fizesse uma procissão penitencial, invocando a proteção de São Roque. Assim foi feito, e antes de terminado aquele ato público de penitência, obtivesse a erradicação da peste pela gloriosa intercessão do Santo.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Virgem religiosa da Segunda Ordem (1424-1490). Fundadora das Monjas Concepcionistas Franciscanas, canonizada por Paulo VI no dia 3 de outubro de 1976.
Dona Beatriz da Silva nasceu na vila de Campo Maior, em Portugal, por volta de 1437. Ela foi da linhagem dos reis de Portugal, filha de Rui Gomes da Silva, alcaide-mor de Campo Maior, e de sua mulher dona Isabel de Meneses, filha natural de dom Pedro de Meneses, 1.º conde de Vila Real e 2.º conde de Viana do Alentejo. Teve pelo menos doze irmãos: Pedro Gomes da Silva (alcaide-mor de Campo Maior); Fernando da Silva de Meneses (alcaide-mor de Alter do Chão), dom Diogo da Silva de Meneses (aio do rei dom Manuel de Portugal, que o fez 1.º conde de Portalegre e senhor de Gouveia), Afonso Teles (alcaide-mor de Campo Maior), João de Meneses (chamado frei Amadeu Hispano ou Beato Amadeu, secretário e confessor do papa Sisto IV, e fundador da Congregação dos Amadeítas, da Ordem de São Francisco), Aires da Silva (cavaleiro em Ceuta, falecido com fama de santo de e mártir), dona Branca da Silva (donzela da corte régia), dona Guiomar de Meneses, dona Maria de Meneses (donzela da rainha dona Isabel, mulher do rei dom Afonso V de Portugal), dona Mécia de Meneses (donzela da infanta dona Joana, mulher do rei dom Henrique IV de Castela), dona Leonor de Meneses (donzela de Santa Joana Princesa) e dona Catarina de Meneses.
Ainda pequena, dona Beatriz da Silva partiu para a corte régia de Castela, em 1447, como donzela da rainha Isabel, segunda mulher do rei João II de Castela. A presença de dona Beatriz na corte não passou despercebida. Sua formosura cativante encantou a todos. A rainha, dominada por uma mistura de ciúme e inveja, fechou dona Beatriz em um cofre, mas uma invisível proteção da Virgem Maria a salvou. Após este triste episódio deixa Tordesilhas, onde a corte régia então estava instalada, e vai para Toledo, onde se recolheu no Mosteiro de São Domingos, o Real, de monjas dominicanas. Por devoção, decidiu manter sempre seu rosto coberto com um véu branco, de forma que, enquanto viveu, nenhum homem e nenhuma mulher viu seu rosto. Permanece neste mosteiro por cerca de 30 anos.
Em 1484, a rainha dona Isabel, a católica, doa-lhe os Palácios de Galiana onde existia uma Igreja antiga que tinha o nome de Santa Fé. Dona Beatriz, passada a esta casa, começou a adaptá-la para a forma de mosteiro. Levou consigo dona Filipa da Silva, sua sobrinha e outras onze mulheres, todas de hábito religioso e honesto embora não pertencessem a Ordem alguma. E, uma vez instalada na nova casa, querendo dar fim à sua determinação, estabeleceu a maneira de viver que queria e enviou-a a Roma, numa súplica conjunta com a rainha. Foi tudo aprovado e outorgado pelo Papa Inocêncio VIII pela bula “Inter Universa” em 1489. O Mosteiro já estava fundado e tudo já fora preparado para entregar o hábito a ela e às monjas que ela havia instruído, quando Nosso Senhor quis chamá-la. Morreu no ano de 1492. Na hora de sua morte, foram vistas duas coisas maravilhosas. Uma foi que, quando lhe levantaram o véu para administrar-lhe a unção foi tal o esplendor de seu rosto que todos ficaram admirados. A segunda, foi que em sua fronte viram uma estrela, que lá ficou até que ela expirou, e que emitia uma luz e um esplendor igual à luz quando mais brilha. Faleceu com fama de santidade.
Em 1511 o Papa Júlio II atribui à ordem nascente Regra Própria.
Dona Beatriz foi beatificada pelo Papa Pio XI em 26 de julho de 1926 e solenemente canonizada em 03 de outubro de 1976 pelo Papa Paulo VI. Sua Festa é celebrada no dia 17 de agosto.
Santa Beatriz da Silva se destacou por sua fé inquebrantável, por sua pureza, que lhe permitiu ser Lírio Alvíssimo escondida no coração de Jesus no Canteiro da Imaculada, por sua paciência alicerçada na esperança, por sua caridade, por sua simplicidade, pobreza, humildade, generosidade em oferecer um perdão sincero, enfim, adornada de todas as virtudes indica-nos o caminho mais curto, fácil e seguro para chegar a Cristo: Maria.
Nota: A expressão “Dona Beatriz da Silva” é um título usado na época, por ser ela descendente de reis e de condes. Era o costume da época. “Dona” não era qualquer mulher, como hoje nós chamamos a qualquer senhora. “Dona” eram apenas algumas de entre as mulheres nobres. As que possuiam esse título possuíam desde o batismo e jamais deixavam de o usar fazia parte do seu nome.
Virgem da Terceira Ordem Regular (1863-1921). Fundadora das Irmãs Mínimas do Sagrado Coração na Terceira Ordem Franciscana. Beatificada por João Paulo II no dia 23 de abril de 1989.
Natural de Poggio de Caiano (Itália), veio à luz do dia a 2 de Novembro de 1863. Na devida altura, seus pais matricularam-na numa escola particular, que ela frequentou com grande proveito durante três anos. A menina ia assim crescendo em idade, ciência e piedade, que se alimentava diariamente com a santa Missa e comunhão, apesar da igreja ficar longe de casa.
Esta vida de genuína piedade cristã levou-a ao amor do próximo. Visitava os doentes e preparava os agonizantes para o desenlace final. A morte e a doença também bateram à porta da sua casa. Em 1884 perdeu repentinamente o pai. Sete anos depois, morreu-lhe a mãe. Seu irmão Gustavo foi vítima de prolongada doença que ela acompanhou com fraternal desvelo e caridade sobrenatural.
Enriquecida com tão sólidas virtudes, era natural que sentisse vocação para a vida consagrada. E assim, em 1893, aos trinta anos, bateu às portas dum mosteiro de beneditinas, mas decorrido um mês regressou a casa, convencida de que não tinha vocação para a vida de clausura. O seu coração inclinava-a para o apostolado direto com as almas. Por esta razão entregou-se ao trabalho de ensinar e educar as crianças da sua terra.
Com uma companheira, a 19 de Setembro de 1894, abriu uma escola onde se ensinava o catecismo e as letras. Dois anos depois, juntaram a elas mais duas jovens dispostas a levar o mesmo teor de vida. Desta forma, a obra, que nascera na pobreza e simplicidade, começou a crescer. Em 1901, a Serva de Deus redigiu umas Regras ou Constituições, que foram aprovadas pelo Bispo de Pistoia, e inscreveu a nascente família das Irmãs Mínimas do Sagrado Coração na Terceira Ordem Franciscana.
A 15 de Dezembro de 1902 vestiu o hábito com cinco companheiras, tornando o nome de Irmã Maria Margarida do Sagrado Coração. A 17 de outubro de 1905 fez a profissão perpétua. Estavam, portanto, lançados os alicerces de uma nova família religiosa, que iria desenvolver-se prontamente. Em 1910 já se estendia por várias dioceses. Em Outubro de 1915 realizou-se o primeiro Capítulo Geral e a Irmã Maria Margarida foi eleita Superiora Geral vitalícia.
Dotada de bondade, humildade, caridade e amor materno, governou o Instituto com sabedoria e prudência. Dizia às suas Filhas: «A glória é para Deus, a utilidade para o próximo e o trabalho para nós». Recomendava-lhes com frequência que rezassem muito pela santificação do clero.
Preocupou-se mais com a solidez do Instituto do que com o seu crescimento, cuja finalidade é a educação da juventude, a assistência aos doentes nos hospitais e em casa, o cuidado dos anciãos em pensionatos e casas de repouso. As suas religiosas cooperam ainda nos trabalhos apostólicos das paróquias e nas obras sociais das missões. Em 1977, o Instituto contava 60 casas e 606 professas em Itália, Egito e Israel.
A bem-aventurada teve de passar pelo cadinho das provações, mas nunca perdeu a paz interior. A 8 de Agosto de 1921, com 58 anos incompletos, partiu para os braços do Pai.
Na homilia da beatificação, a 23 de Abril de 1989, o Santo Padre elogiou a Bem-aventurada com estas palavras:
«O poder da mensagem da caridade foi compreendido por Maria Margarida Caiani, mediante a contemplação de Cristo e do seu Coração trespassado. À luz do amor divino, que se revelou no divino Salvador, Margarida aprendeu a servir os irmãos entre a gente humilde da sua terra da Toscana, e quis ocupar-se dos mais necessitados, dos últimos: as crianças marginalizadas, os meninos do campo, os anciãos e os soldados vítimas da guerra, internados nos hospitais militares…».
No Brasil, a Congregação fundada pela bem-aventurada está presente em Teresina e Maranhão. As irmãs chegaram ao país em 1979, trazidas pelos frades Franciscanos Capuchinhos para a Região Nordeste.
Bispo da Primeira Ordem (1274-1297). Canonizado por João XXII no dia 7 de abril de 1317.
Ludovico de Anjou, embora de descendência francesa, nasceu na Itália, provavelmente na Sardenha, em 1274. Era o mais velho entre os quatorze irmãos. Sua mãe era Maria, sobrinha de santa Isabel da Hungria e irmã de três príncipes que também chegaram a ser reis e santos: Estêvão, Ladislau e Henrique. Seu pai era Carlos II de Anjou, rei de Nápoles, Sicília, Jerusalém e Hungria, e filho do papa Inocêncio II. Ludovico também era sobrinho-neto de são Luiz IX, rei da França.
Em 1284, começou a crise da Casa Real de Anjou, na Itália meridional. O pai de Ludovico tornou-se prisioneiro dos reis de Aragão da Espanha, e sua liberdade foi concedida, depois de três anos, mediante troca de reféns. O rei espanhol Afonso III exigiu que esses fossem os três sucessores diretos do rei Carlos II: Ludovico, Roberto e Raimundo.
Eles foram muito maltratados e Ludovico em especial, pois era o mais velho e tinha treze anos de idade. Tratado com aspereza e crueldade, pagando pelo rancor que o rei de Aragão nutria pela política do papa e do rei de Anjou. Motivo que o levou a quebrar todos os acordos firmados antes da troca dos reféns. O cativeiro dos príncipes durou sete anos.
Ludovico aceitou a longa prisão com abnegação e paciência. Mas já estava acostumado com a vida de penitência. Desde pequeno, ele não dormia na sua cama real, preferindo o chão duro e frio. Assim, aquele período no cárcere só cristalizou a santidade do jovem príncipe. Era tratado cruelmente e deixado junto com os leprosos, os quais cuidava com zelo e carinho. Não temia o contágio, que seria motivo de felicidade, pois poderia sofrer um pouco e imitar o sofrimento de Cristo.
Esse seu período de cativeiro foi acompanhado pelos frades da Ordem de São Francisco, principalmente pelo frei Jacques Deuze, depois eleito papa. Foi ele que presenciou e registrou as curas prodigiosas feitas por intercessão de Ludovico. Também acompanhou o jovem príncipe quando ele adoeceu gravemente, testemunhando a sua milagrosa cura e a decisão de tornar-se um simples frade franciscano.
Finalmente, a paz voltou entre as famílias reais de Aragão e Anjou. Em janeiro de 1296, os três príncipes foram libertados Assim que chegaram a Nápoles, Ludovico renunciou ao trono real em favor do seu irmão Roberto.
Ingressou na vida religiosa no Convento de Ara Coeli, dos franciscanos, em Roma. Em maio do mesmo ano, voltou para Nápoles, onde recebeu as sagradas ordens. Mas foi chamado pelo papa Celestino V, que o queria bispo da diocese de Toulouse, na França, que estava vaga. Ludovico, devendo obediência, aceitou.
Porém, sendo um frade franciscano, dispensou a luxuosa residência episcopal, preferindo a pobreza dos conventos da irmandade. Todavia, muito enfraquecido, pegou tuberculose. Apesar disso, foi a Roma assistir à canonização de Luiz IX, rei da França, seu tio-avô. A fadiga da viagem agravou a doença e ele acabou morrendo, no dia 19 de agosto de 1297, aos vinte e três anos de idade.
O bispo Ludovico de Toulouse foi proclamado santo em 1317 pelo papa João XXII, frei Jacques Douze, que presenciou sua penitência e suas curas milagrosas durante o cativeiro. As famílias da realeza de Anjou e de Aragão, unidas, presenciaram a cerimônia.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Sacerdote e mártir no Japão, da Primeira Ordem (1576-1623). Beatificado por Pio IX no dia 7 de julho de 1867.
Francisco Galvez, mártir no Japão, nasceu em Utiel, não muito longe de Valência, Espanha, filho de Tomás e Mariana Pellicer, em 1576. Após a graduação em filosofia e teologia e a ordenação diaconal, ele tomou o hábito franciscano no convento de São João Batista de Ribera.
Em 1612, depois de três anos nas Filipinas, chegou como missionário no Japão, mas foi expulso em 1614, no início da grande perseguição. Então, refugiou-se em Manilla, nas Filipinas, onde compôs e publicou as obras “Flos Sanctorum” em três volumes, contendo as vidas dos Santos, traduzidas para o japonês. “A explicação da doutrina cristã” e outros opúsculos.
Dois anos mais tarde, tingindo seu corpo para parecer um marinheiro negro, pôde novamente desembarcar no Japão e retomar com zelo a evangelização. Enquanto isso, procurava não ter residência fixa para fugir dos seus perseguidores. Mas foi traído por um renegado cristão e foi preso na cidade de Yedo.
Com ele estavam 50 confessores da fé, condenados a serem queimados vivos em uma colina perto da cidade. Em 4 de dezembro, os executores conduziram amarrados os religiosos pelas ruas da cidade até o local da execução. Ao longo do caminho, o bem-aventurado Galvez e o bem-aventurado Gerônimo dos Anjos pregaram a fé a muitos cristãos e pagãos que os rodeavam.
Um incidente memorável levou à comoção o povo na praça. No momento da execução, se apresentou na praça um senhor, seguido de numerosos servos: os juízes, crendo se tratar de um portador da mensagem imperial, pediram para o povo dar passagem a ele. Ele desceu do cavalo e, dirigindo-se ao chefe de justiça, perguntou por que aqueles homens estavam sendo cruelmente executados. A resposta foi simples: por serem cristãos. O senhor, disse, então: “Eu também sou cristão como eles, e peço para me associar ao grupo”. Os juízes consultaram o Imperador e o intrépido herói foi associado aos santos mártires. Trezentos cristãos comovidos por aquele heroico exemplo correram para ajoelhar-se perante os juízes e proclamar a sua fé, implorando a graça do martírio. Foram retirados à força. O santos mártires mostraram heroísmo no meio das chamas, enquanto seus olhos se voltaram para o céu e não cessaram de falar com a multidão e glorificar a Deus.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Papa da Terceira Ordem (1835-1914). Canonizado por Pio XII no dia 29 de maio de 1954.
Giuseppe Sarto, assim era o seu nome, nasceu em Riese (Treviso), em 1835, em uma família de camponeses. Depois de estudar no Seminário de Pádua, foi ordenado sacerdote aos 23 anos. No começo, foi vigário em Tombolo, após pároco em Salzano, depois cônego da catedral de Treviso, com o encargo de chanceler episcopal e diretor espiritual do Seminário Diocesano. Nestes anos de rica e generosa experiência pastoral, o futuro Pontífice mostrou aquele profundo amor a Cristo e à Igreja, aquela humildade e simplicidade e aquela grande caridade com relação aos mais necessitados, que foram características de toda a sua vida. Inscreveu-se na Ordem Terceira de São Francisco e do humilde e pobre Santo de Assis quis aprender mais profundamente as virtudes que sempre queria em seu coração.
Em 1884, foi nomeado Bispo de Mântua e, em 1893, Patriarca de Veneza. Em 4 de agosto de 1903, foi eleito Papa, ministério que aceitou com hesitação, porque não se considerava digno de uma tarefa assim tão alta.
O pontificado de São Pio X deixou um sinal indelével na história da Igreja e foi caracterizado por um notável esforço de reforma, sintetizado no seu lemaInstaurare omnia in Christo (Renovar todas as coisas em Cristo). Suas intervenções, de fato, envolveram os diversos ambientes eclesiais. Desde o início, dedicou-se à reorganização da Cúria Romana; após, deu início aos trabalhos para a redação do Código de Direito Canônico, promulgado pelo seu Sucessor, Bento XV. Promoveu, em seguida, a revisão dos estudos e do “iter” (processo) de formação dos futuros sacerdotes, fundando também vários Seminários regionais, equipados com boas bibliotecas e professores preparados. Outro setor importante foi aquele da formação doutrinal do Povo de Deus. Desde os anos em que era pároco, havia escrito ele próprio um catecismo e, durante o episcopado em Mântua, trabalhou a fim de se chegasse a um catecismo único, se não universal, pelo menos italiano. Como autêntico pastor, havia entendido que a situação da época, também devido ao fenômeno da emigração, tornava necessário um catecismo a que todos os fiéis pudessem recorrer independentemente do local e das circunstâncias da vida. Como Pontífice, preparou um texto de doutrina cristã para a Diocese de Roma, que se difundiu depois por toda a Itália e no mundo. Esse Catecismo é chamado “de Pio X” e foi, para muitos, um guia seguro no aprender as verdades da fé através de uma linguagem simples, clara e precisa, com eficácia positiva.
Notável atenção dedicou à reforma da Liturgia, em particular da música sacra, para conduzir os fiéis a uma mais profunda vida de oração e a uma mais plena participação nos Sacramentos. No Motu Proprio Tra le sollecitudini (1903, primeiro ano de seu pontificado), ele afirma que o verdadeiro espírito cristão tem a sua primeira e indispensável fonte na participação ativa nos sacrossantos mistérios e na oração pública e solene da Igreja (cf. ASS 36 [1903], 531). Por isso, recomendou a recorrência frequente aos sacramentos, favorecendo a frequência cotidiana à Santa Comunhão, bem preparados, e antecipando oportunamente a Primeira Comunhão das crianças para em torno de sete anos de idade, “quando a criança começa a raciocinar” (cf. Sagrada Congregação De Sacramentis, Decretum Quam singulari: AAS 2 [1910], 582).
Fiel à missão de confirmar os irmãos na fé, São Pio X, frente a algumas tendências que se manifestaram no contexto teológico no final do século XIX e início do século XX, interveio decisivamente, condenando o “Modernismo”, para defender os fiéis das concepções errôneas e promover um aprofundamento científico da Revelação em consonância com a Tradição da Igreja. Em 7 de maio de 1909, com a Carta Apostólica Vinea electa, fundou o Pontifício Instituto Bíblico. Os últimos meses de sua vida foram marcados pelos clarões da guerra. O apelo aos católicos do mundo, lançado em 2 de agosto de 1914 para expressar “a amargura” do momento presente, foi o grito sofredor do pai que vê os filhos se colocarem uns contra os outros. Morreu pouco tempo depois, em 20 de agosto, e a sua fama de santidade começou a se espalhar rapidamente entre o povo cristão.
Queridos irmãos e irmãs, São Pio X ensina a nós todos que a base da nossa ação apostólica, nos vários campos em que atuamos, sempre deve ser uma íntima união pessoal com Cristo, a se cultivar e crescer dia após dia. Esse é o núcleo de todo o seu ensinamento, de todo o seu compromisso pastoral. Somente se estamos enamorados pelo Senhor seremos capazes de levar os homens a Deus e apresentá-los a Seu amor misericordioso, e, assim, apresentar o mundo à misericórdia de Deus.
No dia 20 de agosto de 1914, aos setenta e nove anos, Pio X morreu. O povo, de imediato, passou a venerá-lo como um santo. Mas só em 1954 ele foi oficialmente canonizado.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Sacerdote da Primeira Ordem (1444-1504). Aprovou seu culto Pio IX no dia 10 de março de 1870.
Timóteo nasceu em Monticchio a poucos quilômetros de Aquila, precisamente no mesmo ano em que São Bernardino de Siena voou para o céu em Aquila. No céu de santidade seráfica foi extinta uma estrela em torno da qual surgiram muitas estrelas, incluindo também nosso bem-aventurado.
De família de camponeses, viveu inteiramente entregue à oração. Temendo os perigos do mundo se propôs a evitá-los e, junto com seu irmão, entrou para a Ordem dos Frades Menores, que naqueles dias tinha alcançado o ápice da celebridade pela santidade de muitos dos seus filhos. Ordenado sacerdote, foi enviado para Campli, província de Teramo, como mestre de noviços. Sua vida foi mais celestial do que terrena, animada com visões freqüentes da Virgem Maria e São Francisco e favorecida com o dom dos milagres. Fielmente refletem o espírito daqueles santos religiosos que renovaram a observância da Regra da Ordem Seráfica, São Bernardino de Siena, São Tiago das Marcas, São João de Capistrano, bem-aventurado Bernardino de Fossa, bem-aventurado Marcos Fantuzzi de Bolonha e muitos outros.
De Campli foi convento de Santo Angelo de Ocre, na cidade de Fossa, onde permaneceu muitos anos até sua morte. Sua vida inteira foi tecida de oração e contemplação, por exemplo sacerdotal e fidelidade heroica à Regra franciscana.
As virtudes que brilharam nele foram especialmente o desapego do mundo, a exata observância da Regra professada, o fervor no serviço divino, a meditação sobre a Paixão de Cristo e uma devoção filial à Virgem e ao Pai Seráfico. Seu amor pela solidão era tanto que suas conversas eram sempre curtas, mas sempre cheias de calor e bondade.
Tal era a sua humildade, que se dizia ser sempre o menor de todos; sua obediência era tão perfeita, que ele obedecia ao último dos seus confrades; para preservar intata a sua pureza, mortificava seus corpo com cilícios. Era caridoso com todos, paciente com os moribundos, era assíduo nas confissões e direção espiritual. Com a pregação anunciou nas cidades e aldeias vizinhas a mensagem do Evangelho.
Em 22 de agosto de 1504, come 60 anos de idade, no solitário convento de Santo Angelo de Ocre dormia serenamente no Senhor.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
(Frei Joaquim de Sant Ana) foi sacerdote e mártir da Primeira Ordem (1620-1679). Canonizado por Paulo VI no dia 25 de outubro de 1970.
João Wall nasceu de uma família boa, estável e bastante cristã. Em 1641 ingressou no colégio de Donai (Portugal), onde recebeu a ordenação sacerdotal em 1645. Após cumprir um curto período de missão pelas regiões da Inglaterra, retornou a Donai a fim de receber o hábito dos Irmãos Menores no convento de São Boaventura, onde obteve o nome religioso de Frei Joaquim de Santa Ana. Dedicou-se com muito amor à missão de difundir o catolicismo pela Inglaterra, estabelecendo-se em Harvington Hall, no condado de Worcester; ali exerceu por mais de 22 anos suas funções sacerdotais.
Em dezembro de 1678, foi capturado como conspirador papista sob a liderança de Titus Oates. João Wall se recusou decididamente a prestar juramento de supremacia, sendo por isso recolhido na prisão de Worcester. Ficou preso por 5 meses, sob grandes sofrimentos e humilhações. Foi condenado à morte em 25 de abril de 1678 pelo juiz Atkins sob acusação de alta traição ao Reino. Por fim, foi martirizado no dia 22 de agosto de 1679. Antes de subir ao patíbulo, escreveu um longo discurso, no qual tratou de seu processo e de sua condenação e o entregou a um amigo para que o fizesse imprimir; efetivamente foi publicado em Londres em 1679, gerando grande repercussão.
Foi a única vítima que sofreu o martírio pela fé em Worcester. Seu corpo foi sepultado em um cemitério anexo à igreja de São Osvaldo de Worcester. Sua cabeça, em sinal de veneração, foi transladada para o convento dos franciscanos de Donai.
Foi canonizado por Paulo VI a 25 de outubro de 1970
Fonte: “Santos franciscanos para cada dia”, edizioni Porziuncola
Religioso da Primeira Ordem (1604-1694). Beatificado por Pio VI no dia 25 de maio de 1795.
O Beato Bernardo de Ofida nasceu aos 7 de novembro de 1604, em Ofida, nas Marcas de Ancona, na diocese de Áscoli (Itália), da humilde família dos Parani. Na infância dedicou-se a guardar rebanhos. Aos 22 anos foi recebido na Ordem dos Capuchinhos, no convento de Corinaldo, onde fez a profissão religiosa em 1627. Depois, no Convento, exerceu o ofício de enfermeiro, esmoleiro, cozinheiro, encarregado do quintal e porteiro, servindo seus irmãos. Distinguiu-se sempre pela sua caridade alegre e generosa, que lhe permitiu transformar todo seu trabalho no mais eficaz dos apostolados.
Aos 65 anos foi enviado para o convento de Ofida, onde prosseguiu seu trabalho de esmoleiro com muita alegria, vendo esse encargo como penitência e atividade apostólica muito proveitosa para as pessoas. O bispo de Áscoli, tendo sabido que os superiores pensavam mudá-lo de convento, foi ter com eles pedindo que o deixassem ali, pois, com sua vida de irmão simples e com vida tão evangélica e franciscana, fazia mais do que muitos missionários.
Frei Bernardo visitava os doentes para quem tinha sempre palavras de conforto. Quando dizia a algum doente que era preciso estar disposto a fazer a vontade do Senhor, era quase certa sua morte. Quando, pelo contrário, dizia que não tivesse receio porque a situação não tinha importância, era sinal de que o doente se curaria. Tinha como modelo São Félix de Cantalício. O encargo de esmoleiro era o campo do seu apostolado.
Partia, por longos caminhos, de povoação em povoação, com o alforje aos ombros, umas vezes coberto de pó e ensopado em suor debaixo do sol escaldante, outras vezes, coberto de neve com os pés intumescidos e a sangrar. Porém, sempre feliz e a prosseguir a sua missão, dócil na obediência, que considerava o único guia seguro na sua vida religiosa. Um dia, quando esmolava, recebeu apenas um bocado de pão e um frasco de vinho.
No convento, não havia mais nada. Aquilo, porém, foi o suficiente para toda a comunidade. Por vezes, quando recebia insultos em vez do pão e do vinho, continuava sereno e dizia a si mesmo: “Mantém-te alegre, Frei Bernardo, porque o pão e as demais esmolas são para o convento e os insultos são para ti”. Quando ouvia criticar qualquer pessoa, interrompia e dizia: “A verdadeira caridade compreende todas as faltas. Não julgueis e não sereis julgados”. À medida que ia envelhecendo, redobrava suas orações e penitências. Quando tinha 84 anos, seus superiores, vendo que este irmão velhinho se ia extinguindo, dispensaram-no dos seus encargos.
Era edificante vê-lo, então, prostrado diante de Jesus sacramentado em profunda adoração. Aos 22 de Agosto de 1694 recebeu o sagrado Viático e a Unção dos enfermos. Depois, dirigindo-se ao seu guardião, disse-lhe: “Irmão guardião, dai-me vossa bênção e mandai-me partir para o Céu”. Respondeu-lhe o guardião: “Espera, frei Bernardo, quero que antes me abençoes e abençoes também os teus irmãos”. Em nome da obediência, nosso irmão levantou a mão, que apertava o crucifixo, e traçou sobre os presentes grande sinal da cruz.
Antes de morrer, recomendou aos seus irmãos a observância fiel da Regra, o amor fraterno, a paz e a caridade para com os pobres. Após ter recebido a bênção e a obediência do seu guardião, expirou docemente. Tinha 90 anos. Foi beatificado por Pio VI a 25 de maio de 1795.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Sacerdote e mártir no Japão, da Primeira Ordem (+1617). Beatificado por Pio IX no dia 7 de julho de 1867.
Pedro da Assunção, mártir no Japão, nasceu na pequena cidade de Cuerba, Arquidiocese de Toledo. Tendo entrado na Ordem dos Frades Menores, depois da ordenação foi Mestre de Noviços por um longo tempo. Encorajado pela animação missionária de João, o Pobre, decidiu partir para o Extremo Oriente, na companhia de muitos confrades. Após uma breve estadia nas Filipinas, desembarcou no Japão em 1601, desenvolvendo um intenso apostolado na região de Nagasaki, onde mais tarde dirigiu o convento franciscano.
Por sua santidade de vida era muito estimado e procurado. Em seu confessionário recorreram muitos fiéis, prendendo-o neste ministério por horas e horas todos os dias. Em 1611, a situação religiosa no Japão tornou-se crítica: por ordem das autoridades, missionários estrangeiros tiveram que deixar o território japonês. Frei Pedro preferiu permanecer com roupas comuns para ajudar e encorajar os cristãos em um momento difícil. Mas por prudência se mudou para o lugar vizinho a Nagasaki; Chichitzu, um apóstata, o traiu, por que ele foi capturado e levado às prisões de Omura e depois para Cori.
Ali teve como companheiro João Batista Machado; juntos estiveram na prisão por mais de um mês, de 20 abril a 22 maio, em penitência, oração e conversa espiritual. O anúncio da sentença de morte foi recebida com alegria: “Esta é a graça que eu pedi a Deus nestes últimos nove dias, celebrando a Santa Missa”.
Em 21 de maio, festa da Santíssima Trindade, o Senhor revelou ao bem-aventurado Pedro, enquanto celebrava a Missa, que aquela seria a última Missa a ser presidida. Os dois mártires, Pedro e João Batista cantaram o “Te Deum” para agradecer a Deus por uma graça tão grande, se confessaram um ao outro entre em lágrimas, e passaram a noite em oração. Ao entardecer, eles foram obrigados a caminhar para o local da execução. Padre Pedro estava segurando um crucifixo e a Regra de São Francisco. Durante a viagem, eles cantaram a Ladainha da Virgem; então, ao encontrarem com os cristãos, exortaram-nos à perseverança.
Ao chegar ao local da execução, o bem-aventurado Pedro pediu para ser autorizado a falar com pessoas que assistiam a sua morte. Então, os dois se abraçaram e se ajoelharam, com as mãos postas e os olhos voltados para o céu esperando o momento supremo em que o carrasco cortou a cabeça dele. Era 22 de maio de 1617.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Rei da França. Protetor da Ordem Terceira (1215-1270). Canonizado por Bonifácio VIII no dia 11 de agosto de 1297.
Luís IX, rei da França nasceu aos 25 de abril de 1215. Foi educado rigidamente por sua mãe Branca de Castela e por ela encaminhado à santidade. Começou a ser rei da França em 1226. Casado com Margarida de Provença, ele impôs-se por toda vida exercício diário de piedade e penitência em meio de uma corte elegante e pomposa. Viveu na corte como o mais rígido monastério e tomou a todo o país como campo de sua inesgotável caridade. Quando o qualificavam de demasiado liberal com os pobres, respondia: “prefiro que meus gastos excessivos estejam constituídos por luminoso amor de Deus, e não por luxos para a vã glória do mundo”.
Sensível e justo, concedia audiência a todos debaixo do célebre bosque de Vincennes. Admirava-lhes sua serena justiça, objetiva supremo de seu reinado. A seu primogênito e herdeiro lhe disse uma vez: “preferiria que um escocês viesse da Escócia e governasse o reino bem e com lealdade, e não que tu meu filho, o governasse mal”. Toda sua vida sonhou em poder liberar a Terra Santa das mãos dos turcos. Por uma primeira cruzada promovida por ele terminou em fracasso. O exército cristão foi derrotado e dizimado pela peste. O rei caiu prisioneiro, precisamente a prisão de Luís IX foi o único resultado da expedição. As virtudes do rei impressionaram profundamente os muçulmanos, que o apontaram “o sultão justo”.
Em uma segunda expedição ao oriente, ele mesmo morreu de tifo em 1270. Antes de expirar mandou dizer ao Sultão de Túnez: “Estou resoluto a passar toda minha vida de prisioneiro dos sarracenos sem voltar a ver a luz, contanto que tu e teu povo possais fazer-se cristãos”.
Os terceiros franciscanos festejam neste dia 25 de agosto a seu patrono, São Luís, rei da França, ilustre coirmão na terceira Ordem da penitência. Foi sua mãe Branca de Castela que o encaminhou à santidade. Foi um terceiro franciscano que teve de Deus o encargo de exercitar a caridade em terras da França. Na história da França se recorda como um soberano sapientíssimo e também enérgico. O vemos praticar todas as obras de misericórdia convencional, traduz sua fé em ação e buscou no solo viver, e também governar segundo os preceitos da religião. São Luís IX, rei da França, morreu em 25 de agosto com a idade de 55 anos.
Os cruzados voltaram para a França trazendo o corpo do rei Luís IX, que já tinha fama e odor de santidade. O seu túmulo tornou-se um local de intensa peregrinação, onde vários milagres foram observados. Assim, em 1297 o papa Bonifácio VIII declarou santo Luís IX, rei da França, mantendo o culto já existente no dia de sua morte.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Sacerdote e mártir no Japão, da Primeira Ordem (1578-1618). Beatificado pelo Papa Pio IX no dia 7 de julho de 1867.
João de Santa Marta nasceu perto de Tarragona, na Espanha. Aos 8 anos, era um coroinha cantor da Catedral de Saragoza: ele estudou latim e era conhecido por seu amor à música. Mais tarde, ele se tornou parte da Schola Cantorum da Catedral de Zamora. Logo ele entrou para a Ordem Franciscana.
O bem-aventurado se mostrou fiel à graça da vocação, buscou a perfeição e se tornou um modelo de virtudes religiosas. Ordenado sacerdote, Deus inspirou-o a se consagrar ao apostolado entre os povos pagãos. Ele partiu para as Filipinas com Frei Sebastian de São José e outros 30 missionários franciscanos, muitos dos quais dariam logo a vida depois de Cristo.
João passou das Filipinas para o Japão, onde abriu uma escola de música que reuniu mais de 400 alunos, aos quais ensinava órgão, canto e outros instrumentos. No Japão, exerceu durante 10 anos um intenso apostolado, evangelizando várias províncias. Ele foi coordenador da Missão de Fuscimi, onde ele se mostrou um verdadeiro apóstolo de Cristo, incansável no trabalho de evangelização. Amante da pobreza seráfica, vestindo uma túnica remendada, caminhava descalço, sem sandálias, mesmo no inverno. Sua virtude valeu-lhe a veneração dos cristãos e mesmo dos pagãos.
No momento da promulgação do decreto de perseguição, em 1614, Frei João de Santa Marta foi banido, mas logo voltou no Japão e, disfarçado de japonês, visitou as províncias de Arima e Omura, onde a perseguição foi mais violenta. O santo missionário visitava os cristãos em suas casas, fortalecia os inseguros, administrava os sacramentos, celebrava a Missa diariamente, mudando de lugares. À noite, ele se retirava a uma montanha, onde repousava.
Ele foi colocado na prisão, onde permaneceu por três anos com um sofrimento incalculável. O confessor de Cristo viu chegar o dia da última batalha. Enquanto estava sendo levado ao matadouro ainda falou do Evangelho e cantou o “Te Deum”. À chegada do local do martírio orou por seus perseguidores, levantou os olhos ao céu e ofereceu a cabeça para o machado do carrasco. Foi em 16 de agosto de 1618 e tinha 40 anos. Algumas partes de seu corpo foram recolhidas por cristãos e passaram a ser veneradas, realizando prodígios.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Sacerdote e mártir no Japão, da Primeira Ordem (1585-1622). Beatificado por Pio IX no dia 7 de julho de 1867.
Ricardo de Santa Ana nasceu em Ham-sur-Heure, na Bélgica, em 1585. A seu nome de batismo acrescentou o nome de Santa Ana, pois, por intercessão da santa, muito venerada nos países do Norte da Europa, havia sido curado de ferimentos graves quando era criança e foi atacado por um lobo. Durante vários anos, ele exerceu o ofício de alfaiate em Bruxelas. Em 1604, a morte trágica de um jovem conterrâneo determinou uma crise religiosa e levou a abandonar sua profissão para entrar na Ordem dos Frades Menores no convento de Nivellesi, onde a 22 de abril de 1605, fez sua profissão solene.
Ele foi enviado por seus superiores a Roma para realizar alguns negócios. Lá ele conheceu João dos Pobres, que tinha como uma de suas principais atividades encontrar homens generosos para enviar como missionários para o Japão. Ricardo concordou e com o consentimento de seus superiores pôde partir para as terras de missão.
O primeiro passo foi viajar para o México; de lá, em 1611 desembarcou nas Filipinas, onde os superiores o enviaram para estudar filosofia e teologia. Em 1613 foi ordenado sacerdote e, no mesmo ano, pôde viajar para o Japão. No ano seguinte, as autoridades japonesas começaram a perseguir os cristãos. Entre as medidas adotadas uma foi a expulsão de missionários estrangeiros. Ricardo foi capaz de retornar ao Japão, disfarçado de comerciante. Desenvolveu uma atividade incansável entre os cristãos oprimidos pela perseguição violenta e em meio a perigos constantes. Em 1621, um dominicano informou que as autoridades tinham evidência da sua atividade religiosa, severamente proibida pelas leis, e aconselhou-o a buscar proteção.
Como um bom pastor não quis fugir do perigo e foi descoberto quando atendia confissão na casa da viúva Lucia Freitas. Primeiro foi trancado na prisão sob escolta pesada em Nagasaki. Ele passou a noite antes do martírio preso numa gaiola sob uma forte chuva. Na manhã de 22 de setembro foi amarrado a um poste, na colina de Nagasaki e queimado vivo. Ele tinha 37 anos. Com ele morreram outros 21, queimados vivos, 30 decapitados.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Religioso e mártir no Japão, da Primeira Ordem (1597-1622). Beatificado por Pio IX no dia 7 de julho de 1867.
Vicente de São José, mártir no Japão, nasceu em Aiamonte, Espanha, por volta do ano 1597. Ele migrou para o México e entrou como irmão leigo na Ordem dos Frades Menores, distinguindo-se pela observância da Regra e pelo exercício fiel dos mais humildes ofícios. Bela aparência e comportamento nobre suscitaram admiração entre as mulheres, mas ele sempre soube defender sua castidade com prudência e mortificação. Em 1617, a ele se juntou Frei Luís Sotelo e Frei Pedro de Ávila em viagem para as Filipinas. De lá, em 1619, foi para o Japão, apesar da proibição muito rigorosa contra os missionários estrangeiros de desembarcarem nas ilhas japonesas. Colaborou com os padres e missionários e serviu de várias formas a comunidade cristã.
Em 7 de setembro de 1620 foi descoberto na casa de Domingos e Clara Yamada, juntamente com Frei Pedro de Ávila. Ele foi levado para a cadeia de Suzuta, onde não tinha higiene e a comida era escassa e ruim; lá permaneceu cerca de dois anos. A presença dos irmãos de fé e sacerdotes aliviava em grande parte os sofrimentos. O governador Gonrocu ordenou a sua transferência para Nagasaki, juntamente com outros 23 cristãos europeus e japoneses em setembro de 1622.
O que mais entristeceu Frei Vicente foi a traição de um apóstata, que conhecia o refúgio seu e de Frei Pedro de Ávila. O cristão traidor procurou um dia Frei Pedro para atendê-lo em confissão. O religioso pediu que ele se preparasse e voltasse depois. O traidor rapidamente procurou o governador para avisar da presença dos dois religiosos. Imediatamente, o governador enviou guardas para prendê-los. Amarrados pelos braços foram levados juntos para as prisões de Nagasaki e de Omura, onde já se encontravam os Pe. Apolinário Franco e dois outros franciscanos. Antes de partir para Omura, os dois confessores da fé tiveram o prazer de vestir o hábito franciscano e por todo o caminho Frei Pedro de Ávila pregou a fé em Jesus Cristo.
Frei Vicente Ramirez de São Jose foi queimado vivo em 10 de setembro de 1622. O castigo foi mais duro e agonia mais longa porque a madeira que foi queimada ficou colocada longe do poste, onde o mártir foi colocado. Vicente tinha apenas 25 anos.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Religiosos, mártires da Primeira Ordem (+ 1231). Aprovou seu culto Clemente XI no dia 31 de janeiro de 1705.
João de Perugia, sacerdote, e Pedro de Sassoferrato das Marcas, irmão leigo, entraram na história de santidade da Ordem Franciscana entre os discípulos do seráfico Pobrezinho. Recebido na Ordem dos Frades Menores, antes de 1221, não sabemos detalhes sobre sua vida antes de ser religioso. Todos heroísmo dele e a veneração dos fiéis partem do martírio vivido por ele.
Em 1221, São Francisco enviou um grupo de discípulos como missionários para a Espanha, então invadida pelos mouros. Entre esses pioneiros do Evangelho, São Francisco escolheu também os bem-aventurados João de Perugia e Pedro de Sassoferrato.
Ao chegar à terra de Espanha, os dois santos confrades foram separados do outro grupo religioso e se dirigiram para Aragão, fixando residência em Teruel. O povo desta cidade se interessou por estes virtuosos franciscanos de Assis, que trouxeram o verdadeiro espírito evangélico do Seráfico Pobrezinho. Para eles construíram um convento com duas celas (pequenos quartos), ao lado da pequena igreja do Santo Sepulcro.
Sua permanência em Teruel se prolongou por 10 anos, nos quais evangelizaram com o bom exemplo, pregando o Evangelho com simplicidade, próprio dos primeiros seguidores de São Francisco. Esta pregação simples e incisiva produziu grandes resultados para a santificação dos fiéis.
Movido pelo Espírito Santo, um dia decidiram sair de Teruel e ir para Valência pregar a fé em Cristo para os seguidores de Maomé. Em seu coração, tinham a dupla esperança de converter os muçulmanos e alcançar a palma do martírio.
Em Valência, exerceram seu ministério entre os escravos cristãos. Um dia, inflamados com santo zelo, começaram a pregar a verdade do Evangelho e a refutar os erros do Islamismo em praça pública. Ao chegar a notícia aos ouvidos do rei Azoto, ordenou que os dois franciscanos fossem presos e detidos na prisão. Com mil promessas tentaram fazê-los abandonar sua fé católica e abraçar o profeta Maomé. Mas eles se recusaram absolutamente em se mancharem com tal delito.
Eles foram decapitados em praça pública no dia 29 de agosto de 1231. Segundo se conta, o governador que assinou a execução dos mártires se converteu depois disso e doou o seu próprio palácio para ser transformado em um convento dos Frades Menores. Suas relíquias foram transportadas para a catedral de Teruel, onde são venerados como padroeiros da cidade.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Sacerdote da Primeira Ordem, apóstolo da Califórnia (1713-1784). Beatificado por João Paulo II no dia 25 de setembro de 1988.
Este bem-aventurado, conhecido como o Apóstolo da Califórnia, nasceu em Petra na ilha de Maiorca, a 24 de novembro de 1713, de Antônio Serra e Margarida Ferrer, pais exemplares pelos costumes e piedade, embora pessoas de pouca instrução. A criança foi batizada com o nome de Miguel José e foi crismado com a idade de apenas dois anos, por ocasião da visita do bispo de Maiorca, Atanasio Esterripa. Criança ainda, ajudava os pais nos trabalhos do campo e freqüentou a escola anexa ao convento franciscano de São Bernardino, dando provas de inteligência viva e aberta e desta forma pôde ser encaminhado para fazer estudos superiores.
Depois de um ano de estudos filosóficos no convento de São Francisco de Palma, com 17 anos, vestiu o hábito franciscano no convento Santa Maria de Jesus. A 15 de setembro de 1731 emitiu os votos religiosos mudando o nome de batismo para o de Junípero, devido à grande admiração que tinha para com Frei Junípero, um dos primeiros companheiros de São Francisco. Concluídos com brilhantismo os estudos teológicos, foi ordenado diácono em 1736 e, posteriormente, sacerdote. Em 1743, já tinha sido designado para o ensino de filosofia no convento de São Francisco de Palma. Nesse período manifestou dotes de fino orador. Foi chamado a ocupar a cátedra de teologia escotista na Universidade Lulliana de Palma de Maiorca. Nunca haveria de deixar o ministério da pregação.
Aos 35 anos de idade, não obstante a fecundidade de seu apostolado na ilha, Frei Junípero, obedecendo a uma vocação interior, partiu rumo às Missões da América junto com um seu discípulo, Frei Francisco Palòu. Os dois permanecerão juntos por toda a vida. Partiram no dia 13 de abril de 1749, de Málaga. Depois de dramática travessia chegaram a São João de Porto Rico no dia 18 de outubro e a 7 de dezembro alcançaram Vera Cruz, na costa sul do México. A pé prosseguiram até a cidade do México. Passou a exercer apostolado junto aos indígenas falando em sua língua. Fez um catecismo na língua do povo e ensinava rudimentos de ciência e técnicas a respeito do trabalho da terra. Graças à ajuda dos que eram missionados, Junípero e seu colega puderam construir em Santiago de Jalpán uma igreja de pedra, de estilo barroco ainda hoje tido como monumento de interesse histórico e tomado, posteriormente, como modelo para a realização de quatro outras igrejas na missão. Em seu trabalho pastoral insistia nas graças dos sacramentos da eucaristia e da reconciliação. Costumava confessar-se a seu confrade Frei Francisco diante de todos, antes da celebração da missa. Levou os indígenas a uma qualidade de vida respeitável e digna.
O colégio de São Ferdinando (Fernando), ao qual padre Serra pertencia, em 1751 contava com cinco missões das quais ele tinha sido nomeado presidente e primeiro responsável até que foi enviado por seus superiores ao Texas para restaurar a missão de São Sabas, destruída um pouco antes pelos índios Apaches, tarefa pouco depois revogada, devido ao perigo que comportava para o missionário. De 1758 até 1767 permaneceu no colégio apostólico de São Ferdinando como mestre de noviços e pregador de missões em várias dioceses mexicanas. Nunca deixou de frisar a importância das celebrações litúrgicas, mas, sobretudo, implantará modelo de vida comunitária e de organização econômica, ensinando como trabalhar o campo, criar o gado e exercitar-se na arte da cerâmica.
Em junho de 1767, depois da expulsão dos jesuítas das possessões do vice-reino de Espanha por decisão de Carlos III, as missões da Baixa Califórnia foram confiadas aos Franciscanos e Frei Junípero foi nomeado seu superior. Em 1º de abril de 1768, junto com 14 companheiros, empreendeu a corajosa e extenuante viagem rumo à península da Baixa Califórnia, cujo clima é caracterizado por longos períodos de seca e de temperaturas muito elevadas. Estabeleceu o quartel general da missão em Loreto. Fez o que pode sempre sob a vigilância do governo civil sobre as missões. Incansável foi seu trabalho também porque a população local vivia somente de caça e da pesca desconhecendo as técnicas do cultivo da terra.
Depois de dois anos, devido também às condições econômicas favoráveis, pôde fundar a primeira missão californiana de San Diego de Alcalà. Deslocou-se na direção da Alta Califórnia e fundou as Missões de São Carlos Borromeu, de Santo Antônio de Pádua, São Gabriel e de São Luis Bispo e muitas outras. Segue-se um período de incompreensão com um comandante militar da Nova Espanha, José de Galvez. Por este motivo, o bem-aventurado retirou-se a pé para o México permanecendo no Colégio de São Ferdinando até 13 de março de 1774. Volta aos antigos campo de atividade. A missão prosseguia lenta, mas perseverantemente. Foram refundadas as missões destruídas pelos índios e abertas outras novas. No final de tudo, retirou-se com seu confrade fiel para Monterey, na Califórnia, que escreveu a biografia do bem-aventurado como testemunha ocular.
Merecidamente, Junípero Serra foi definido como um colosso de evangelizador. Durante dezessete anos, precisamente de 1767 a 1784 percorreu, apenas na Califórnia, perto de 9.900km a pé, 5.400 em embarcação, não obstante a idade e as enfermidades. Fundou 9 missões, das quais derivam os nomes franciscanos de cidades californianas muito importantes, como São Francisco, São Diego, Los Angeles, etc.
Frei Junípero, fortemente debilitado em sua saúde, pela asma e gangrena numa perna, morreu a 28 de agosto de 1784 no retiro do Carmelo de Monterrey na Califórnia com 71 anos de idade, sendo que 36 deles foram dedicados à missão.
Considerado o pai dos índios, foi honrado como herói nacional. Desde 1º de março de 1931, a sua estátua representando o Estado da Califórnia, está entre as outras dos Pais fundadores dos Estados Unidos na Sala do Congresso de Washington, estátua única de um religioso no Santuário dos americanos ilustres. O ponto mais alto da cordilheira de montanhas de Santa Lucia na Califórnia tem o seu nome.
Joao Paulo II o beatificou a 25 de setembro de 1988.
(Tradução e adaptação da obra Frati Minori Santi e Beati, publicada pela Postulação Geral da Ordem dos Frades Menores, Roma 2009, p. 334-337).
Sacerdote e mártir no Japão, da Primeira Ordem (1592-1622). Beatificado por Pio IX no dia 7 de julho de 1867.
Pedro de Ávila nasceu em Palomero, perto de Ávila, Espanha. Em 1515, em Ávila, nascia Santa Teresa de Jesus, virgem e doutora da Igreja, carmelita ilustre, que fez grandes progressos no caminho da perfeição. Teve revelações místicas. Sofreu muitas dificuldades por causa da reforma de sua Ordem, mas saiu vitoriosa. Escreveu livros de doutrina profunda, fruto de suas experiências místicas. Ela morreu em 4 de outubro de 1582. Dez anos depois, em 1592, perto de Ávila nascia Pedro, que seguiu o ideal franciscano a exemplo de São Pedro de Alcântara, conselheiro espiritual de Santa Teresa.
Eram evidentes na criança e no adolescente Pedro os dons especiais de inteligência e bondade de espírito, que, ainda muito jovem, decidiu seguir o chamado do Senhor, que o queria frade menor na Província de São José. Na vida de oração rígida e ascética, de acordo com as diretrizes do São Pedro de Alcântara, viveu seu franciscanismo. Ordenado sacerdote, dedicou-se ao apostolado da pregação, à direção espiritual, às atividades caritativas e à formação espiritual dos fiéis.
Muitas vezes meditava sobre o mandamento do Senhor aos apóstolos: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado”. E nas palavras de São Francisco a seus irmãos: “Agora irmãos, ide a todos os lugares pregar o evangelho da paz e do bem.”
Frei Luís Sotelo, um dos mártires mais eminentes do Japão, eleito bispo, convenceu a Frei Pedro a segui-lo em uma grande expedição missionária. Em 1617, 30 franciscanos partiram da Espanha em direção às Filipinas. Eram muito comuns essas expedições dos pioneiros do Evangelho, plenos de ardor seráfico e de valor apostólico.
Dois anos durou a permanência nas Filipinas. Pedro se dedicou a todos os ministérios entre os cristãos filipinos. Em 1619, junto com outros confrades, Pedro foi para o Japão, decidido a consagrar toda sua atividade à evangelização, apesar das duras dificuldades impostas pela perseguição religiosa.
Seu catequista e precioso colaborador foi Frei Vicente Ramirez de São José, irmão leigo franciscano. Ele demonstrou grande zelo em converter e incentivar os vacilantes fiéis. Com prudência e astúcia soube fugir das perguntas dos guardas. No dia 17 de setembro de 1620, os dois missionários foram descobertos na casa do Domingo e Clara Yamanda, que generosamente lhes haviam dado hospitalidade. Eles passaram quase dois anos na prisão de Suzuta, insalubre, estreita, e expostos ao frio inclemente. Seu consolo foi a presença de outros irmãos, com quem viveram em oração e conversas piedosas. Na espera do martírio, com 23 confrades, foram transferidos para as prisões em Nagasaki. A 10 de setembro de 1622, na colina dos mártires, o bem-aventurado Pedro, cantando o salmo “Louvai ao Senhor, todas as nações”, imolou sua vida em meio a uma fogueira ardente. Ele tinha 30 anos.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.